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Boas práticas de gerenciamento de riscos de processos na indústria química

O gerenciamento de riscos na indústria química é absolutamente essencial para a prevenção de acidentes de trabalho e de tantos outros imprevistos que podem impactar negativamente a produtividade e a performance da empresa.

É fato: qualquer tipo de processo industrial envolve riscos, ameaças e incertezas que podem afetar o resultado final. Para explicar melhor o tema, conversamos com Denis Marcelo Cohen Carvalho, Eastern Americas HSEQ Coordinator PETRONAS, que revela boas práticas de gerenciamento de riscos de processos na indústria química.

Para o engenheiro, “o risco é o cruzamento da consequência versus a probabilidade”. Com uma boa gestão de riscos, é possível mitigar tanto as probabilidades como as consequências de tais imprevistos. Para isso, são utilizadas ferramentas que darão suporte a essa responsabilidade. Acompanhe para entender!

Como funciona o gerenciamento de riscos?

Riscos envolvem imprevistos e incertezas que podem afetar o resultado de um projeto ou processo industrial. Mas isso não significa que eles não podem ser evitados ou mitigados, caso sejam aplicadas boas práticas de gestão na indústria.

O gerenciamento de riscos consiste na identificação das ameaças envolvidas em uma determinada atividade ou processo, bem como na devida análise dessas ameaças. Feito isso, o próximo passo é partir para a implementação de ações preventivas que possam reduzir a probabilidade ou o impacto desses riscos.

Explicando melhor: uma matriz de risco é constituída por 2 variáveis: impacto e probabilidade. Viagens de avião, por exemplo, possuem um alto impacto caso deem errado, resultando em uma queda. Entretanto, a probabilidade de acidentes de avião é baixa, fazendo com que seu risco também seja reduzido.

Por outro lado, quem pilota motocicletas no Brasil encara um ambiente viário com alta probabilidade de acidentes e uma consequência tão grave como a da queda de um avião. Logo, o risco dessa atividade é proporcionalmente alto quando comparado com o risco de voar.

Especificamente na indústria, são diversos os riscos com probabilidades e consequências variáveis que podem ameaçar uma atividade de forma contundente. Continue acompanhando para entender!

Como identificar e avaliar riscos na indústria?

A análise de riscos industriais envolve uma variedade de ferramentas tanto qualitativas quanto quantitativas. Segundo explica Denis Marcelo, as ferramentas para análise de riscos estão inseridas dentro de uma metodologia chamada de Process Hazard Analysis (PHA). Entenda os pontos principais dessa ferramenta!

HAZID

Chamado de análise de riscos ou Hazard Identification, no inglês, o HAZID envolve o levantamento qualitativo de perigos. “Trata-se de um brainstorming, onde são analisados os potenciais riscos de um projeto. Quem eu posso atingir? Existem questões que podem afetar a comunidade, o trabalhador, os funcionários, ou seja, todas as partes interessadas. É necessário ainda levar em consideração condições naturais, tais como chuva, inundação, terremotos etc.”, detalha o engenheiro da PETRONAS.

Na prática, se esses riscos não forem corretamente avaliados na concepção do projeto, as consequências podem ser muito graves. Em alguns casos, uma questão de segurança pode inviabilizar um empreendimento. Em outros, os gastos com a mitigação de riscos podem ser tão altos que a iniciativa se torna economicamente inviável.

Um exemplo é a usina de Belo Monte. O projeto começou a ser desenvolvido sem uma compreensão do impacto ambiental e social que provocaria. Esses detalhes foram considerados no estudo de viabilidade?”, questiona Denis.

QRA

Uma vez considerado viável, o projeto precisa passar por uma análise quantitativa de risco ou Quantitative Risk Analysis (QRA). “A QRA é uma análise adicional dos riscos de maior prioridade e seu caráter é quantitativo. É elaborada uma classificação numérica de possíveis eventos, a fim de se desenvolver uma avaliação probabilística do projeto”, descreve Denis.

Dessa forma, é possível entender com mais precisão as incertezas envolvendo o projeto, permitindo uma tomada de decisões mais segura e embasada em números concretos. Com essa análise quantitativa também fica mais fácil definir metas de custo, cronogramas ou escopos realistas e realizáveis.

Esse tipo de análise depende de dados de alta qualidade e confiabilidade, além de uma lista priorizada de riscos do projeto, que pode ser feita com a técnica do HAZID.

HAZOP

Após avaliar os riscos da viabilidade e do desenvolvimento do projeto, é hora de realizar uma análise dos riscos da operação. Para isso, usa-se o Hazard and Operation Study (HAZOP), uma análise de risco de operabilidade.

Nessa avaliação, é preciso entender todos os procedimentos de um processo operacional, incluindo seus riscos. Cada etapa de um processo envolve uma análise de riscos associados. O HAZOP é orientado por perguntas chamadas de palavras-guia, que estão relacionadas com o processo proposto.

Tomemos como exemplo a avaliação das palavras-guia mais volume ou menos volume. “Digamos que eu tenha mais volume em uma barragem. O que isso vai causar? Rompimento. Quais são as consequências? Quais são as medidas de controle? Quando falo em consequências, as medidas de controle precisam estar muito bem estabelecidas”, considera Denis.

Como lidar com os riscos durante a operação?

É importante frisar que o gerenciamento de riscos não acaba na fase de planejamento do projeto. Na verdade, essa é uma responsabilidade contínua que deve ser considerada durante todas as etapas de uma atividade industrial.

Logo antes da entrada em operação, é realizado o Pre-Activity Safety Review (PASR), uma revisão de segurança. O coordenador de segurança da PETRONAS explica a ferramenta: “imagine que a minha planta química está construída e eu vou fazer meu primeiro blending, meu primeiro processo. Será que ele vai funcionar? Será que tudo o que eu previ está correto? Será que todas as tubulações que eu interliguei estão funcionando? É preciso fazer uma análise de risco disso durante a etapa de comissionamento”.

Por fim, é possível usar na operação 2 ferramentas que já foram citadas para o gerenciamento constante dos riscos: o HAZID e o HAZOP. É preciso fazer revisões regulares no HAZOP, a fim de garantir a segurança dos processos operacionais na indústria.

É importante destacar que, em cada análise dessas, a gestão avalia medidas a serem tomadas em relação ao risco detectado. Em alguns casos, é possível evitar ou transferir um risco. Na maior parte das vezes, no entanto, as ações de resposta envolvem a mitigação dos riscos, seja pela redução de sua probabilidade ou pela minimização de seus impactos. Nesse cenário, quando o maquinário é envolvido, a gestão adequada da manutenção desempenha um papel decisivo.

Uma matriz de riscos bem estabelecida, com base no histórico de ocorrências da operação e em outras premissas confiáveis, é essencial para o sucesso do gerenciamento de riscos. E pode apostar: com as ferramentas descritas aqui, é mais que possível realizar isso.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre as boas práticas de gerenciamento de riscos na indústria, que tal assinar nossa newsletter para ficar por dentro de mais conteúdos sobre atividade industrial, gestão e lubrificantes?

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2 Comentários

  1. Gostei eu sou tst mas sempre atuei na construcao civil e tenho curriozidade em saber sobre seguranca nas outras areas. E se vcs tiverem alguma vaga aberta eu estou disponivel a encarar o desafio.

    1. Olá José, tudo bem?

      Como você viu, o Blog Inovação Industrial é patrocinado pela PETRONAS e pelo seu interesse, você gostaria de trabalhar com vocês, certo? Sendo assim, segue uma mensagem do RH da empresa para você:

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