Em busca da adequação às novidades trazidas pela inovação industrial, os gestores se deparam com problemas nunca antes enfrentados. Um dos principais é como organizar o ecossistema cibernético. Afinal, garantir a sinergia entre os dispositivos é o que, realmente, fará a diferença nos resultados. Assim como é feito com o layout do parque fabril, o ambiente digital também precisa ser estruturado. E é aí que o RAMI 4.0 entra em cena.
É ele quem será o responsável por guiar a indústria na implementação das tecnologias de maneira completamente harmônica e conectada. Para explicar melhor como isso funciona, criamos este artigo. Nele, você saberá mais sobre os preceitos do RAMI 4.0 e entenderá como ele pode auxiliar no total aproveitamento das ferramentas envolvidas na manufatura 4.0. Acompanhe!
RAMI 4.0: entenda melhor esse modelo de referência
O RAMI 4.0 (em inglês, Reference Architectural Model for Industrie 4.0) significa Modelo de Referência para Arquitetura da Indústria 4.0. Ele é um dos modelos disponíveis para a padronização das informações da Indústria 4.0 e tem três dimensões de aplicação:
- hierarquia;
- arquitetura;
- ciclo de vida.
Essa configuração tem como objetivo oferecer uma visão estruturada dos dispositivos e processos referentes à inovação industrial. Todavia, para que isso funcione, a implementação deve considerar alguns aspectos. A padronização, tanto da comunicação (protocolos) quanto da linguagem utilizada, é uma delas. Dessa forma, garante-se que todos “falem a mesma língua”, eliminando os ruídos.
Mas isso também deve ocorrer com os dispositivos usados. Para ficar mais fácil, pense que cada device, como sensores, tem sua própria configuração e dados gerados. Já um conjunto de devices formam uma unidade, com sua configuração e dados próprios. Estes, por sua vez, são trocados entre o conjunto e todo o ecossistema que compõem o ambiente digital da indústria.
Conheça as três dimensões do RAMI 4.0
No tópico acima, mencionamos os três eixos que constituem o RAMI 4.0. Agora que você já entendeu melhor a proposta desse modelo, é hora de conhecer em detalhes o que cada uma dessas dimensões significa e como juntas se traduzem em eficiência para a inovação industrial. Confira na sequência.
Hierarquia
Toda a estrutura do RAMI 4.0 é regida por normas técnicas. A primeira etapa da implementação segue as determinadas na IEC 62264: Integração de Sistemas de Produção na Empresa (MES/MOM). A meta é padronizar as terminologias e criar um eixo horizontal, que englobe o ambiente de TI corporativo e considere os padrões internacionais para sistemas de controle.
Todos os níveis hierárquicos estão interligados, o que possibilita a comunicação entre quaisquer envolvidos. Essa é a uma diferença significativa do modelo 4.0 para o seu antecessor: neste momento, as funções são distribuídas por toda a rede, não centralizadas em hardware. Isso leva a sistemas e máquinas mais flexíveis e interoperáveis.
Arquitetura
Enquanto o primeiro passo visa criar uma hierarquia horizontal, este busca estabelecer um fluxo verticalizado, que evidencie os dados do processo, formas de uso e interfaces. Para isso, veja a seguir as seis camadas que precisam ser mapeadas:
- integração ― transição dos dados físicos para o digital ou lógico;
- ativos ― objetos físicos no mundo real;
- negócios ― organização e processos;
- comunicação ― acesso à informação;
- informação ― dados necessários;
- funcional ― funções dos ativos.
Ciclo de vida
Nesta dimensão, também chamada de “fluxo de valor”, o foco está no produto final. Norteado pela IEC 62890, engloba toda a cadeia de produção, da concepção à assistência técnica. Ou seja, o ciclo de vida deve considerar os projetos envolvidos, as tecnologias que serão utilizadas, testes, fabricação, elaboração de manuais e, inclusive, a definição de lote e tempo de garantia.
Ainda, vale mencionar que outras duas normas se aplicam ao RAMI 4.0. São elas:
- IEC 63088: Produção Inteligente ― Modelo e Arquitetura de Referência para Indústria 4.0;
- IEC 61512: Controle de Batelada ― Processos Produtivos em Lote.
Saiba quais as principais vantagens do RAMI 4.0 para a indústria
Aumento da eficiência
Todas as inovações industriais partem dessa premissa: elevar a produtividade. Isso acontece além da automação e entra na esfera dos dados, que embasaram as decisões dos gestores. Porém, pouco adianta ter uma tecnologia atuando isolada. O grande ganho de eficiência acontece mesmo quando há sinergia entre os devices, de modo que eles possam trocar informações em tempo real.
Visão estruturada dos processos
Esta é, sem dúvidas, uma das principais vantagens que o RAMI 4.0 leva para as indústrias. Poder observar os dispositivos de maneira descomplicada e entender o fluxo das informações é essencial no intuito de acompanhar o desempenho da fábrica. Ainda, a padronização da linguagem e dos termos utilizados ajuda os profissionais a manterem a comunicação alinhada.
Segurança nos processos
Como o RAMI 4.0 é guiado por normas, elas garantem que a implementação siga as boas práticas de segurança recomendadas. Além disso, a partir do momento que o modelo entra em cena, os profissionais se tornam mais analíticos e cientes dos riscos que existem no ambiente virtual. Assim, a proteção dos dados ganha destaque e o engajamento dos envolvidos.
Mais competitividade
Todos os tópicos mencionados acima convergem para um mesmo ponto: o ganho em competitividade no mercado. Com máquinas interconectadas e coleta de dados estruturada, a visão que se tem da indústria é holística. Dessa forma, é possível não só ver como um processo influencia no outro, mas também encontrar os gargalos que, anteriormente, passariam despercebidos.
Agora que você já sabe melhor sobre como o RAMI 4.0 impacta a inovação industrial, conheça outro tema que vem sendo tendência na indústria. No artigo “Manufatura reversa: qual sua relação com a sustentabilidade na indústria?”, você encontrará mais informações.
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