Embora seja uma sigla que esteja ditando muitas mudanças no mundo industrial, segundo uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), 79% dos empresários estavam pouco familiarizados com o ESG. Isso se reflete em outro dado da mesma pesquisa: até outubro de 2021 (época de lançamento dos resultados), apenas 21% das organizações tinham uma área específica para tratar da sustentabilidade. Porém muita coisa mudou em pouco tempo. Já em junho de 2022, o levantamento ESG na Indústria, do mesmo instituto, mostrou que 77% dos entrevistados tinham, ao menos, ouvido falar no termo.
E, ao que parece, a evolução continuará acontecendo rapidamente. A PwC, empresa multinacional de consultoria e auditoria, afirma que, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão aplicados em fundos que considerem os critérios ESG. Então, aqui está a primeira resposta para a pergunta que abre este artigo. As indústrias precisam colocá-lo em prática porque essa é uma questão fundamental para garantir o seu espaço no mercado.
Mas existem muitos outros motivos para implementar ações de ESG. Neste artigo, mostraremos os principais e também algumas medidas que podem ser postas em prática na sua indústria. Acompanhe!
O que é ESG e por que ele se tornou tão importante para a indústria?
Como você pode imaginar, ESG é uma sigla. Ela deriva do inglês Environmental, Social and Governance que, em português, é traduzida como Ambiental, Social e Governança. Ela se refere a um conjunto de práticas que visam a potencializar esses três temas. Assim, as empresas precisam seguir um conjunto de critérios que mostrem seu comprometimento com a sustentabilidade e a sociedade, além de adotarem políticas corporativas transparentes.
O ESG, na verdade, já é utilizado há algum tempo no mercado financeiro. E assim como uma série de conceitos “emprestados” de outros setores, chegou à indústria como forma de adequá-la às novas exigências do mercado. Isso porque a grande demanda por ações ambiental e socialmente responsáveis chega por meio dos consumidores finais. Boicotes a marcas ligadas ao trabalho escravo ou à exploração irregular de recursos são bons exemplos de como a sociedade vem pressionando as corporações por ações mais íntegras.
Acontece que os motivos que levam o ESG a ser tão importante para a indústria vão além. No mapeamento realizado pela CNI, também foram pesquisados os benefícios que as empresas já haviam alcançado após adotarem estratégias com base nos critérios ESG. Confira os pontos citados pelos entrevistados:
- 51% mitigação de riscos;
- 42,9% valorização da marca;
- 40,8% uso sustentável de recursos naturais;
- 38,8% incremento da competitividade da empresa;
- 32,7% melhoria da imagem.
Como os dados mostram, as vantagens de implementar ações ESG na indústria se refletem em diferentes vertentes do negócio. Sendo que cada uma delas pode, ainda, ter impacto direto na lucratividade. A irrigação de precisão, utilizada no agronegócio, é um caso onde o uso sustentável e inteligente da água é importante e que atende a um dos principais critérios das políticas ESG. Porém adotá-la otimiza esse recurso, resultando em uma economia de até 25% de água e uma valorização da safra estimada em cerca de U$ 87 dólares/hectare.
Quais critérios ESG podem ser adotados pela indústria?
Esta é uma pergunta cuja resposta varia de empresa para empresa. Afinal, cada uma tem a sua realidade e, certamente, critérios importantes para o agronegócio podem ser considerados secundários na mineração. Entretanto, existem alguns fatores-chave que devem ser aplicados a todos os segmentos. Veja abaixo.
Ambiental
- Biodiversidade e serviços ecossistêmicos;
- gestão de água e efluentes;
- emissões atmosféricas;
- eficiência energética;
- gestão de resíduos,
- mudança do clima;
- gestão ambiental.
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Social
- Relacionamento com consumidores;
- relacionamento com comunidades;
- inclusão e diversidade;
- relações trabalhistas;
- saúde e segurança;
- investimento social;
- direitos humanos.
Governança
- Política de integridade e práticas anticorrupção;
- privacidade e proteção de dados;
- auditoria de terceira parte;
- código de ética e conduta;
- relações com governos;
- relatos integrados;
- gestão de riscos.
Quais os impactos do ESG em toda a cadeia produtiva?
O compromisso firmado com os critérios ESG não devem ficar apenas dentro da indústria. Ele deve se estender a todos os envolvidos, sejam eles terceirizados ou fornecedores. Isso porque de nada adianta uma indústria ter uma série de ações socioambientais e negociar com vendedores envolvidos em escândalos fiscais ou trabalhistas. O consumidor final e investidores têm ficado atentos a toda a cadeia.
Existe até um nome dado à prática de ludibriar o mercado com ações falsamente positivas: greenwashing. A expressão significa “maquiagem verde” e se aplica àqueles que, por trás de uma fachada responsável, não praticam as ações que pregam.
Por isso, o ESG deve ser amplamente divulgado entre todos os stakeholders e, inclusive, estar formalizado na estratégia corporativa. Porém acontece que encontrar parceiros que cumpram esses critérios tem sido um dos principais desafios, tanto para quem já implementou quanto para quem busca aderir ao ESG.
Isso mostra como que implementá-lo extrapola a criação de uma área voltada ao tema ou a contratação de consultorias especializadas. Para que o ESG tenha sucesso, ele precisa ser encarado como parte da cultura corporativa, ser bem disseminado e encarado como um princípio para todo e qualquer planejamento.
Como você pôde ver, o ESG já não é mais encarado como uma tendência. Agora, é um imperativo para aqueles que querem se adequar às novas exigências para manter a competitividade.
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