Uma boa gestão de compras é fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Na indústria, esse planejamento deve levar em conta a inevitável variação no valor de certos insumos, como é o caso das commodities energéticas — óleo, gás e fornecimento de energia.
É preciso lembrar que os resultados financeiros de uma empresa são diretamente impactados por uma gestão de custos e preços ineficaz. Em um mercado global e competitivo, as cadeias de suprimento estão cada vez mais longas e complicadas.
Muitas vezes, é preciso ir bem longe geograficamente para buscar itens que trarão uma margem satisfatória para o negócio.
Neste post, vamos explicar melhor sobre a volatilidade das commodities energéticas e como é possível lidar com essas inevitáveis incertezas com eficiência e precisão. Para isso, conversamos com Marcos Rego, Gerente de Compras da PETRONAS. Confira!
A questão inescapável das commodities energéticas
Uma commodity energética é um insumo com valores extremamente voláteis, que podem ser alterados de forma repentina em um período de tempo relativamente breve. Para a indústria, esse é um custo bem significativo levando em conta os resultados do negócio.
Por mais que lidar com esse tipo de incerteza seja inevitável para o setor, isso não quer dizer que é aceitável ser surpreendido por alterações em preços que podem até mesmo comprometer a viabilidade do negócio.
Com um bom planejamento e uma gestão de custos e preços eficaz, é possível se preparar para essa volatilidade e ter um mínimo de controle da cadeia de suprimentos do negócio.
“Se você não fizer uma boa gestão dessas commodities, os resultados das empresas serão diretamente impactados”, alerta Marcos Rego. E o primeiro passo para isso é compreender quais são os fatores determinantes para a flutuação no preço das commodities energéticas.
Dinâmica de oferta e demanda
A famosa lei da oferta e procura é um fator que pode ser determinante para a flutuação das commodities. Apesar de não ser o único elemento que compõe o preço, seu peso no cálculo final pode chegar a 90%.
Para antecipar tendências de preço, é muito importante ter um olhar atento aos fatores externos que podem afetar essa dinâmica. Nesse sentido, variações sazonais, crescimento ou retração de mercados e até mesmo eventos meteorológicos são significativos.
“Tivemos problemas em Houston, com os furacões. Com isso, os preços subiram muito. Depois, tivemos um inverno muito rigoroso no hemisfério norte, que fez com que o consumo do óleo fosse muito alto”, recorda Marcos. “No primeiro caso, tivemos a redução da oferta e, no segundo, uma procura maior. Então temos 2 impactos que fizeram com que os preços aumentassem”, completa.
Flutuação cambial
Muitas vezes, pela necessidade de materiais específicos ou de valores mais atrativos, as empresas buscam por fornecedores fora do país. Como o câmbio é flutuante e pode ser extremamente volátil no Brasil, esse é um fator que pode impactar seriamente os preços de insumos, incluindo as commodities energéticas.
“Manter uma relação global vai submeter a indústria às flutuações cambiais, porque elas estão sujeitas aos câmbios de outros países e à volatilidade da moeda, que impactará o preço dos serviços”, considera Marcos.
Existem diversas formas de lidar com essa variável, como as operações de hedge cambial, feitas com base em um valor futuro da moeda estrangeira, estimada por ferramentas e análises estratégicas. Normalmente, esses riscos são gerenciados pelos departamentos de tesouraria das empresas, que se valem de múltiplas estratégias para amenizar o impacto de tais flutuações.
Custo de frete
Uma cadeia de suprimentos mais longa exige uma operação logística maior e mais complexa. Isso aumenta a importância de mais uma variável no custo de commodities energéticas: o frete.
“Não é à toa que as empresas têm investido cada vez mais na área de logística e em recursos tecnológicos para apoiar esses profissionais”, ressalta Marcos. Dependendo do modal, o custo logístico pode chegar a 40% do valor total. Qualquer tipo de alteração nessas quantias impacta significativamente o custo total da operação da empresa.
Fatores políticos
Os fatores políticos englobam um universo imenso de acontecimentos, leis, políticas e disputas que podem impactar o preço das commodities energéticas. Algumas vezes, essas questões podem surpreender a gestão da empresa.
“Às vezes, você lida com países que são grandes produtores de petróleo. São países que vão incrementar políticas que favoreçam a eles: podem aumentar a produção ou restringi-la para seus interesses. São variáveis que têm um quesito extremamente político dentro dos países que lidam com essas commodities”, descreve Marcos.
Os planos de ação para lidar com a flutuação de preço
O mais importante para a gestão de custo e preço é um bom planejamento e um bom entendimento do mercado e do segmento.
“Você precisa entender bem do seu mercado. Cada vez mais, as empresas precisam ter uma visão ampla de suas atividades. E quando eu falo amplo é amplo mesmo, é global. Uma empresa hoje, por menor que seja, precisa ter uma visão do todo, porque daqui a pouco ela vai ter um concorrente com essa visão ao lado dela”, exemplifica Marcos.
Gerenciar custos fixos é algo relativamente simples. Já os custos variáveis são mais difíceis de lidar, pois podem envolver ainda mais incertezas e se alterar de acordo com a operação. Para esse gerenciamento, é importante mapear a cadeia de suprimentos da empresa, considerando cada fornecedor, bem como o papel e a importância do insumo.
Além disso, é necessário elaborar uma matriz de riscos. Com esse tipo de ferramenta, é possível antecipar incertezas, avaliando sua probabilidade e seu impacto para elaborar reações planejadas caso algum desses riscos se concretize.
“Uma boa gestão é fundamental. Você conhece seu ambiente, sua cadeia de abastecimento e mensura seus riscos. Com isso, consegue essa ‘gordurinha’, que é uma mitigação do risco, uma preparação para eventuais custos adicionais” aconselha Marcos.
Como você viu, é impossível prever com exatidão a flutuação de preços de uma commodity energética, mas é possível realizar um planejamento cuidadoso para minimizar as consequências dessa variação.
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