Muito se fala sobre a aplicação do lean manufacturing na indústria e dos benefícios que ele pode trazer para as organizações. O que ainda não é tão divulgado é o fato de a metodologia também poder ser aplicada a outras áreas, além de adotada sob um viés mais estratégico.
No post de hoje, vamos mostrar como o lean manufacturing pode ser implementado no setor de compras e qual é o papel desse profissional no framework. Continue com a leitura para saber mais sobre o assunto!
Afinal, o que é o lean manufacturing?
O termo lean manufacturing pode ser traduzido como manufatura enxuta. Trata-se de um sistema desenvolvido pela Toyota depois da Segunda Guerra Mundial que se propõe a usar o mínimo possível de recursos, aumentando a eficiência dos processos e entregando mais valor aos clientes.
Como o próprio nome já sugere, é uma produção que vai contra exageros e desperdícios. Corta-se, portanto, tudo o que é supérfluo nos processos, agilizando a conclusão das atividades. Como se pode imaginar, a administração de materiais tem um papel importante para o alcance desses objetivos.
Como a metodologia funciona na prática?
A metodologia lean é voltada para a eliminação de todos os desperdícios que não agregam valor ao produto ou serviço oferecido ao cliente. Isso envolve:
- materiais;
- mão de obra;
- transporte;
- produção excessiva;
- espera.
Para tanto, adota-se uma rotina de análise dos processos e melhorias contínuas, sempre com o intuito de garantir um processo mais eficiente, produtivo e menos sujeito a erros e retrabalhos.
Como aplicar na área de compras?
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a metodologia não deve se restringir ao chão de fábrica, já que pode trazer benefícios também para a gestão e a cadeia de suprimentos. Em essência, a implementação do lean manufacturing no setor de compras não se difere da implementação nos demais. Isso quer dizer que é necessário levar em consideração 5 princípios básicos, que você vai conhecer agora.
1. Valor
O gestor de compras precisa identificar o que o cliente (interno ou externo) entende como valor nos produtos e serviços oferecidos.
2. Fluxo de valor
Trata-se da identificação de quais processos são realmente necessários para agregar esse valor. Os que não são relevantes devem ser eliminados.
3. Fluxo contínuo
É a adequação dos processos de trabalho para que sejam bem sequenciados e se tornem naturais para os colaboradores envolvidos.
4. Produção puxada
O trabalho só é feito a partir da demanda dos clientes, sejam internos ou externos. Se não existe previsão de produção ou nenhum setor fez uma requisição, não se deve executar os processos de forma espontânea, acionando o fornecedor sem necessidade e correndo o risco de acumular estoques, por exemplo.
5. Perfeição
Nem sempre os processos serão perfeitos, mas o objetivo é corrigir falhas e buscar melhorias constantemente, aperfeiçoando os fluxos de trabalho e buscando alcançar a excelência.
Como trabalhar a eliminação de desperdícios?
Como dissemos, o sistema lean trabalha com base na eliminação de desperdícios. A metodologia reconhece 8 esforços improdutivos, que você vai conhecer a partir de agora.
1. Processamento impróprio
Trata-se de realizar um trabalho que vai além daquilo que o cliente demanda. Basicamente, isso acontece por falta de padronização, sequência lógica e controle eficaz dos processos, questões que não agregam valor ao resultado.
Para eliminar esse contratempo, é preciso procurar entender do que o cliente realmente necessita, eliminar tarefas desnecessárias, padronizar os processos, evitar retrabalhos e acompanhar tanto o fluxo das tarefas como o desempenho final da equipe.
2. Produção excessiva
Esse desperdício está ligado a produzir mais do que realmente é necessário. No contexto do setor de compras, isso resulta em excesso de estoques, maiores gastos com transporte, necessidade de grandes espaços para armazenamento, mais movimentação, entre outras consequências.
Para combater essa falha, é de suma importância adotar processos mais flexíveis, focados em qualidade, e adquirir somente o necessário para determinado período — mesmo que isso signifique fechar um acordo com o fornecedor para realizar compras com menos quantidades, mas com uma frequência um pouco maior.
3. Estoque lotado
Trata-se do armazenamento de produtos (matérias-primas, insumos, itens semiacabados e acabados) em excesso. Isso pode gerar perdas, avarias e acúmulo de materiais na planta, resultando em problemas de espaço.
Além disso, é sempre válido lembrar que estoque representa dinheiro parado e menos liquidez para o negócio. É preciso, portanto, planejar as compras a fim de garantir somente o necessário para determinado período.
4. Transporte oneroso
Se é feita a aquisição de mais produtos do que o necessário, consequentemente será preciso contratar mais fretes para que o fornecedor envie os materiais para a planta, gerando um aumento de custos. Solucionando o desperdício de estoque, o de transporte também fica mais fácil de ser resolvido.
5. Movimentos desnecessários
Dentro do contexto do setor de compras, podemos classificar como movimentos desnecessários a execução de processos que não agregam valor ao resultado e ainda comprometem a produtividade. Por meio da organização do trabalho e da eliminação de etapas desnecessárias, a equipe se torna mais eficiente.
6. Erros e retrabalhos
Esse é um dos maiores problemas quando se trata do lean manufacturing. Sempre que há uma falha em determinado processo, logo surgem desperdícios de tempo, materiais e recursos por se ter realizado uma tarefa improdutiva e pelo retrabalho que será preciso para corrigi-la.
Para solucioná-lo, o gestor de compras deve estabelecer fluxos de trabalho padronizados, com procedimentos bem definidos. Além disso, é importante investigar as causas das falhas e buscar formas de solucioná-las.
7. Espera exagerada
No setor de compras, a espera pode ser causada principalmente pela necessidade de autorizações para se executar determinada atividade, o que deixa os pedidos parados e pode gerar atraso na entrega para os clientes internos.
Nesse caso, a desburocratização dos processos e o sequenciamento de tarefas são iniciativas essenciais para solucionar ou pelo menos minimizar esse tipo de problema, bem como todas as consequências que ele gera.
8. Conhecimento subaproveitado
Estamos falando aqui do desperdício do conhecimento e das habilidades de colaboradores que não são bem aproveitados no setor. Cabe ao gestor de compras identificar a capacidade técnica de cada membro da equipe e usar essa informação para delegar as tarefas adequadamente.
Além de solucionar o desperdício, o incentivo ao desenvolvimento profissional dos colaboradores é um fator de motivação, que pode tornar as pessoas mais produtivas e colaborativas. É uma estratégia que tem efeitos extremamente positivos sobre os resultados alcançados.
Como você viu, o sistema lean manufacturing traz diversos benefícios desde o chão de fábrica aos resultados da empresa. E o melhor é que ele não precisa se limitar às rotinas mais operacionais, podendo ser uma excelente metodologia para aprimorar o trabalho dentro do setor de compras. Pronto para fazer o teste?
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