Movida por novas tecnologias disruptivas, a gestão industrial passa por uma grande transformação. A inovação está presente em todos os setores e as empresas geralmente não têm opção: ou se adequam às novas regras, ou deixam de existir — como já aconteceu com negócios outrora grandiosos e que perderam valor e mercado rapidamente após a entrada de concorrentes disruptivos.
Para percorrer a metamorfose da indústria 4.0, é preciso não só estar antenado às mudanças e novas tecnologias como também ter flexibilidade para ser capaz de se adaptar ao novo no tempo certo.
Pensando nisso, neste artigo vamos falar sobre como a gestão industrial deve se preparar para a disrupção e como esse conceito pode ser aplicado nos processos produtivos. Boa leitura!
O que é a disrupção na gestão industrial?
A disrupção pode ser definida como novidades que provocam mudanças estruturais repentinas, alterando a forma com que os negócios são pensados e executados. É um processo ao mesmo tempo destrutivo e construtivo: devasta conceitos e métodos que já existem para a entrada de algo novo, que de alguma forma é mais eficaz.
Na prática, disrupção é diferente de inovação. Todo tipo de disrupção é inovadora, mas nem sempre a inovação pode ser considerada disruptiva, já que é possível inovar e ainda assim manter a base estrutural de um negócio. Já a disrupção só pode ser feita com mudanças radicais.
O setor industrial em si nasceu com base em uma inovação tecnológica disruptiva: leve em consideração os primeiros mecanismos movidos a vapor que potencializaram a produtividade dos processos de manufatura por volta de 1760 e levaram o mundo à Primeira Revolução Industrial.
Ao longo dos séculos, as novas tecnologias e o aprimoramento de técnicas foram fatores que transformaram significativamente a indústria. Via de regra, as empresas que falharam em se adaptar às novidades foram engolidas por concorrentes que se aproveitaram dessas oportunidades.
E no momento atual, a velocidade e o impacto das novidades são fatores tão intensos que estamos vivendo uma quarta revolução industrial — é imprescindível ser preparar para um futuro bem próximo em que as indústrias serão mais automatizadas, conectadas, sustentáveis e eficientes.
Quando saber se uma indústria está pronta para a disrupção?
São muitas as novidades que estão transformando a indústria, mas é seguro dizer que a maior parte delas está relacionada a novas tecnologias, que permitem a criação de produtos e entrada em mercados com um investimento bem menor e escalável que no passado.
A Uber e a Airbnb são exemplos de startups do setor de serviços que se tornaram gigantes nos seus mercados com plataformas relativamente baratas.
Sem construir um único quarto de hotel, a Airbnb disponibiliza mais leitos que qualquer rede hoteleira do mundo; e sem contar com um único carro, a Uber é a maior empresa de transporte urbano de passageiros do planeta.
A disrupção é uma oportunidade e ao mesmo tempo uma ameaça para negócios já consolidados. E para não perder uma posição consolidada no mercado, é preciso continuar sempre em movimento.
Por isso, muitas empresas se preparam para a disrupção com uma área de inteligência de mercado. Essa área, que também é chamada de inteligência de negócios, avalia os concorrentes atuais e potenciais futuros concorrentes, além das tendências de mercado.
Com isso, a empresa consegue, com base em informações confiáveis, entender qual é o momento certo para trocar ou não de tecnologia, alterar sua estrutura e avançar rumo à transformação.
Algumas vezes, o que parece ser uma tecnologia inovadora não passa de um modismo. E ao mesmo tempo, muitas disrupções passaram despercebidas por empresas que lideravam o mercado.
Um exemplo disso é a Blockbuster, que já foi a maior rede de videolocadoras do mundo e foi superada por plataformas de streaming de vídeos, como a Netflix, praticamente deixando de existir.
Portanto, o desafio da gestão industrial não é saber se a empresa está preparada ou não para a disrupção, mas, sim, acompanhar o mercado ativamente e se preparar para enfrentar e se adequar a essas mudanças.
Como incorporar a disrupção aos processos produtivos?
Já existem diversas tecnologias inovadoras na indústria que podem ser consideradas disruptivas. Uma delas é a utilização de drones para inspecionar equipamentos e reduzir o risco de acidentes de trabalho nesse tipo de operação. Além disso, a automatização desse processo significa um ganho de tempo e um custo reduzido para a fábrica.
Outra novidade que já é utilizada em muitas indústrias é a conectividade entre objetos e equipamentos, a chamada Internet das Coisas (IoT). Com sistemas conectados e capazes de se comunicar entre si, diversos processos de trabalho passam a ser possíveis sem intervenção humana.
Também vale a pena destacar como exemplo de disrupção a digitalização completa de processos dentro da indústria, o que pode ser feito por meio de dispositivos móveis utilizados pelas equipes envolvidas na linha produtiva.
Com um smartphone, por exemplo, um time operacional pode preencher um formulário, descrevendo uma alteração na trepidação de uma máquina, o que automaticamente vai gerar uma ordem de serviço para a equipe de manutenção.
Sem a necessidade de preencher formulários de papel e posteriormente digitalizá-los em um sistema central, esse tipo de tecnologia agiliza processos e modifica de forma qualitativa o fluxo de trabalho na fábrica.
Esse tipo de mobilidade na indústria já deixou de ser um luxo para se tornar ferramenta essencial para a competitividade de uma empresa.
Uma linha de produção parada por uma máquina quebrada é um prejuízo imenso e o erro pode ser prevenido com uma manutenção preditiva com base em tecnologias modernas.
Por fim, vale a pena ressaltar que nem sempre a tecnologia em si é o gatilho que leva à disrupção. Uma nova tecnologia ainda não causa todo o impacto que tem como potencial por outros fatores, como uma legislação restritiva ou até mesmo questões culturais do público.
Um exemplo disso é o blockchain, que é a tecnologia inovadora por trás das bitcoins, que ainda pode ser verdadeiramente disruptiva para a indústria quando as leis e as pessoas absorverem essa mudança. Portanto, para não ser superado pelos concorrentes, é preciso acompanhar não só as tecnologias como também as reações do público e do mercado a elas.
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