Principais responsáveis pela criação e manutenção do padrão de vida que levamos atualmente, as indústrias passaram por diversas transformações ao longo dos anos até chegarem ao que chamamos hoje de Indústria 4.0.
A busca por melhorias nos processos aliada ao conceito da sustentabilidade fez com que surgisse uma preocupação maior com o meio ambiente e com a utilização racional dos recursos. Diante disso é que nasceu a ideia da eficiência energética.
Neste post, vamos explicar melhor o assunto, abordando questões como energias renováveis, as vantagens para a indústria, os desafios para alcançar a eficiência e as fontes de energia alternativa. Quer saber mais sobre tudo isso? Então confira!
Como definir eficiência energética sob o aspecto das energias renováveis?
De maneira resumida, podemos dizer que eficiência energética nada mais é que a utilização racional e eficiente da energia para a obtenção de algum resultado.
Quanto às fontes renováveis, João Marcos Vieira, engenheiro mecânico e mestre em energia, diz que aí “estamos falando de níveis de eficiência mais baixos, mas com grande potencial de desenvolvimento das tecnologias nos próximos anos“.
De que forma as energias alternativas contribuem para a eficiência energética?
Como afirma João Marcos, “sistemas alternativos de geração de energia contribuem mais na diminuição da conta de luz para pessoas físicas e jurídicas que na eficiência da geração. A contribuição desses sistemas na eficiência energética está na aplicação a longo prazo pelas distribuidoras de energia e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), casando fontes de geração convencionais com fontes alternativas“.
É possível aplicar as duas (tanto a tradicional quanto a alternativa) em conjunto. No entanto, mesmo quando são utilizadas separadamente, as distribuidoras de energia podem adotar um planejamento para que as fontes convencionais gerem o mínimo de gasto possível, trabalhando apenas para compensar o excedente da energia renovável.
Como o Brasil está atualmente em termos de energia limpa?
Nesse cenário, o Brasil ocupa posição de destaque, sendo o terceiro maior gerador de energias renováveis no contexto mundial quando se trata de baixo impacto ambiental. Conseguiu-se com isso alcançar uma redução na emissão de gases estufa na atmosfera.
Além disso, o país também se consolida como o oitavo, no mundo inteiro, na produção de energia eólica (proveniente dos ventos) e conta com cerca de 500 usinas em funcionamento.
Não podemos deixar de dar destaque, também, para a produção de biocombustível — influenciada, principalmente, pelo etanol —, na qual o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking internacional.
Quais as fontes de energia alternativas usadas na indústria brasileira?
As energias alternativas são opções em relação ao uso de fontes convencionais, como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral. De modo geral, elas são renováveis, pouco ou nada poluentes e ainda oferecem a grande vantagem de gerarem baixo impacto negativo no meio ambiente.
Entre as principais fontes podemos citar:
- energia eólica, gerada por meio do vento;
- energia fotovoltaica, gerada por meio dos raios solares;
- energia geotérmica, gerada por meio do calor existente nas camadas mais profundas da Terra;
- energia nuclear, gerada por meio do processo de fissão do núcleo do urânio enriquecido;
- energia maremotriz, gerada por meio da energia contida nas marés;
- biomassa, gerada por meio de matéria orgânica, como a cana-de-açúcar;
- biogás, gerado por meio dos gases resultantes da decomposição de resíduos orgânicos.
O que é a indústria sucroalcooleira e qual sua relação com a eficiência energética?
A indústria sucroalcooleira faz parte do agronegócio e é a responsável pela produção de açúcar, álcool, entre outros derivados da cana-de-açúcar. Atualmente, o Brasil é um dos maiores responsáveis pela produção e exportação de biocombustíveis e açúcar.
Vieira também explica sobre o uso das fontes alternativas no setor. De acordo com ele, “o potencial do bagaço (gerado com a moagem da cana) como fonte energética ainda é pouco conhecido por muitas pessoas. Estima-se que se todo o bagaço gerado no Brasil for aproveitado, teremos uma produção maior que a de Itaipu apenas proveniente dele“.
Ainda sobre o tema, continua: “essa é a segunda fonte energética mais abundante do país, atrás apenas do petróleo. Entre outras vantagens, o bagaço apresenta competitividade em termos de custos, complementaridade sazonal com relação ao regime de chuvas, maturidade da indústria sucroenergética e proximidade ao centro de carga“.
Ele ainda afirma que “mais da metade das 440 usinas de produção de etanol ou açúcar no Brasil é autossuficiente — ou seja, consome-se aquilo que se produz, que vem da queima do bagaço. Em contrapartida, gera-se muito mais bagaço do que o que é usado para gerar energia. Portanto, pode-se dizer que o potencial para gerar energia é ainda maior“.
O que falta para explorar melhor esse potencial?
Se mais da metade é autossuficiente, isso quer dizer que a outra fatia tem a necessidade de se modernizar. Geralmente, as usinas contam com tecnologias mais antigas e sistemas de vida útil muito longo. Basicamente, o maquinário usado no século passado ainda é usado nas operações de hoje.
Ainda assim, as que são autossuficientes precisam aprimorar os processos e conseguir vender mais energia para a rede. Atualmente, apenas 20% dessas usinas realizam essa venda para as distribuidoras, além de gerarem energia com o bagaço, como afirma João Marcos.
Tudo isso contemplando apenas o bagaço, sem mencionar as outras fontes de energia da própria usina, como os resíduos gerados com a produção do etanol — chamados de vinhaças, que são descartados na natureza quando não usados para adubagem.
Quais são as maiores vantagens dessa eficiência para as indústrias?
A primeira (e talvez principal) vantagem está na redução dos valores pagos nas contas e na facilidade de controlar o uso de energia das distribuidoras — como Cemig, Cesp, Copel e assim por diante.
Segundo João Marcos, “a indústria sucroalcooleira, por exemplo, tem vantagens específicas, pois 20% das indústrias existentes já contam com sistemas de geração para a rede, vendendo energia para as distribuidoras. Dessas, a maior parte usa os sistemas de geração apenas na safra, com os sistemas ficando parados na entressafra. Assim, qualquer fonte de energia capaz de gerar vapor pode ser grandemente aproveitada por usinas sucroalcooleiras“.
Quais são os desafios quanto à sua implementação?
O incremento na produção e geração de energia adicionando uma fonte renovável demanda um tempo de retorno que não interessa para as usinas, uma vez que ainda é muito longo. Entre as fontes disponíveis temos:
- as usinas termossolares, para aproveitar o calor do sol;
- as usinas fotovoltaicas, que formam os parques solares.
Em geral, usinas fotovoltaicas são atrativas para todas as indústrias. Por isso, já estão sendo usadas. O mesmo não acontece com usinas termossolares, que utilizam o calor do sol para gerar vapor. Essas ainda não conseguem ser adaptadas para usinas sucroalcooleiras.
Por isso, o maior desafio ainda é a viabilidade econômica da adoção de tais sistemas. Atrelados a esse desafio, podemos citar os seguintes entraves:
- alto investimento inicial;
- falta de conhecimento sobre a implementação, por serem tecnologias ainda não usadas no país
- falta de incentivo fiscal para os projetos;
- falta de regras e leis que definam um mercado nacional de carbono.
A eficiência energética é uma excelente estratégia para diminuir o custo pago com as contas de energia elétrica, ao mesmo tempo em que gera menos impacto para o meio ambiente, aproveitando recursos disponíveis que seriam descartados caso não reaproveitados.
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