Você sabe o que é o PCP? Mesmo que a nomenclatura seja novidade, sua aplicação já é utilizada há muitos séculos na produção industrial: mais especificamente, desde 1785, quando houve a inserção de máquinas de tear na fabricação de tecidos. Com os trabalhadores desenvolvendo suas atividades em uma fábrica, e não mais nas suas casas, via-se necessário planejar e controlar a produção.
Mesmo sendo um conceito já utilizado há bastante tempo, o PCP (Planejamento e Controle da Produção) nunca foi tão atual. Em um cenário de constantes mudanças e imprevisibilidade econômica, todos os setores da indústria devem trabalhar com foco na redução dos custos de produção. Assim, é possível otimizar a distribuição de recursos de forma a aumentar a eficiência produtiva e o aparato tecnológico da empresa.
O que é o sistema PCP
Como já citado, é a sigla para Planejamento e Controle de Produção. Esse sistema é capaz de gerenciar todos os recursos operacionais de uma empresa. O sistema PCP é sustentado por três pilares:
- Planejamento: todos os processos que envolvem a produção devem ser planejados de acordo com metas. Concentra-se em determinar o que produzir, quando produzir e quanto produzir de forma a manter os recursos necessários disponíveis;
- Programação: permite utilizar os recursos disponíveis ao programar as atividades da produção. Deve ser amparado por uma agenda bem estruturada de ações;
- Controle: é onde o gestor irá acompanhar o que foi planejado e se as programações determinadas foram cumpridas. Assim, é possível identificar erros e falhas no processo.
Para que o PCP tenha sucesso, ele precisa estar em alinhamento com todos os setores da empresa e amparado por outras ferramentas de gestão.
O RH, por exemplo, precisa fornecer mão de obra capacitada para as atividades, portanto, deve ter acesso ao planejamento de aumento do quadro de funcionários. O setor de suprimentos, por sua vez, precisa entender quais insumos serão necessários para programar as contas de forma equilibrada. Como não poderia deixar de ser, a manutenção dos ativos também deve ser planejada, programada e controlada.
As etapas do PCP na indústria
Por ser um grande sistema que culmina no controle total de todos os setores de uma empresa, o PCP é organizado em etapas. Elas incluem os planejamentos de longo, médio e curto prazo e também a pós-produção.
Entender como essas etapas se relacionam evidencia a importância do alinhamento entre setores, uma vez que as atribuições de cada um devem estar em consonância com os objetivos estipulados. Sem essa conformidade, todo o processo produtivo, a integridade financeira e a competitividade da indústria podem sofrer fortes impactos.
Saiba mais sobre as definições que ocorrem em cada uma das etapas do sistema PCP.
Planejamento estratégico
Com foco a longo prazo, o planejamento da produção deve considerar as estimativas de vendas e as disponibilidades financeiras e produtivas da empresa. Ainda bastante generalista, esta etapa trabalha com projeções para famílias de produtos. Ou seja, neste momento é determinado o que será vendido, em que quantidade e em que determinado espaço de tempo.
Planejamento mestre
Um pouco mais detalhado que a anterior, esta etapa visa projeções de venda a médio prazo. Aqui, já se determinam quais os produtos dentro das famílias serão o foco da produção. O Plano Mestre da Produção (PMP) informa quantos produtos acabados são necessários e quando devem estar disponíveis. Para isso, deve considerar o roteiro de produção e a duração de cada etapa da cadeia produtiva.
Programação da produção
Agora, chegamos às ações de curto prazo. Com base nos dados de registros de estoque e nas informações fornecidas pelo PMP, esta etapa delimita as quantidades e a periodicidade de aquisição do material necessário para que a cadeia produtiva se mantenha e os objetivos sejam alcançados.
Controle
Um dos grandes pilares do PCP é o controle, realizado após o planejamento da produção. Esta etapa é essencial para garantir que a produção está ocorrendo da forma determinada. É preciso que o gestor esteja atento a esse controle, uma vez que a identificação precoce de problemas e falhas permite a rápida tomada de decisão, causando menor impacto sobre os processos.
A relação entre PCP e manutenção
O PCP e a gestão da manutenção têm uma relação bastante estreita. Como o objetivo de planejar, programar e controlar a produção é manter a cadeia produtiva em sua máxima eficiência, é de se imaginar que a ociosidade das máquinas afete essa previsão.
Em todos os setores da indústria, máquina parada é sinônimo de queda na produtividade e ociosidade de mão de obra. Desta forma, o planejamento das manutenções preditivas, preventivas e corretivas deve ser considerado na hora de realizar o PCP.
O colapso de um equipamento tem impacto direto sobre o PCP, afinal, ele havia previsto que a máquina estaria operando e produzindo uma determinada quantidade. Com a quebra, além de não ser possível manter a estimativa dentro do programado, há o impacto financeiro do conserto. Além disso, pode implicar em contratação de terceirizados para conclusão do trabalho e perda na qualidade da produção, que gera não conformidades no produto.
Caso a manutenção dos ativos esteja prevista e agendada, ao elaborar o PCP é possível programar a distribuição de demanda entre outros equipamentos, com base no tempo em que a máquina em questão permanecerá ociosa. Também permite ao gestor flexibilizar os horários, uma vez que as manutenções preventivas podem ser feitas fora do horário de trabalho ou nos finais de semana.
O alinhamento entre manutenção e PCP também é responsável por garantir que outros setores possam se preparar para os momentos de parada. Ao se ter em mente que determinado ativo entrará em manutenção em um dia previamente definido, já se geram dados para que o setor de suprimentos providencie os materiais e a mão de obra necessários para o reparo.
Como você pôde ver, o PCP é uma ferramenta essencial para garantir a saúde financeira da indústria e o seu pleno funcionamento. Deste modo, o sistema engloba todos os setores da empresa que têm relação com a produção, desde engenharia, suprimentos, almoxarifado e, claro, manutenção.
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