Em qualquer atividade, a gestão de pessoas é fundamental. No agronegócio não é diferente. Embora ainda um pouco negligenciada, essa atividade vem se mostrando cada vez mais necessária no campo. Muitos consideram que a tecnologia já substituiu a mão de obra na lavoura, mas, é justamente o contrário. Mesmo os negócios mais automatizados necessitam de pessoas atuando para produzir.
De fato, a mecanização do campo levou ao êxodo rural, milhares de pessoas abandonaram o campo rumo aos grandes centros urbanos. Segundo dados do IBGE, na década de 60, a população rural correspondia a 54% do total nacional. Em 2018, apenas 15% ainda residiam no campo. A escassez de trabalhadores se tornou um problema para os produtores.
Entretanto, muitos jovens têm retornado ao campo, levando incentivo às tecnologias e à agricultura de precisão. A 7ª Edição da Pesquisa Hábitos do Produtor Rural mostra que, atualmente, 21% dos produtores têm ensino superior, sendo a maior parte em áreas como agronomia, administração de empresas e veterinária. Essa profissionalização do campo faz com que a gestão de pessoas no agronegócio seja fundamental para sobreviver a um mercado cada vez mais competitivo.
Entretanto, o segmento ainda enfrenta problemas como a alta rotatividade de colaboradores, relutância na inserção de tecnologias e falta de capacitação de parte do quadro. É por esse motivo que a gestão de pessoas no agronegócio tem ganhado espaço. Entenda por que e conheça os principais desafios que o agro enfrenta nesse sentido.
Por que investir na gestão de pessoas no agronegócio?
O segmento é responsável por 43,2% das exportações do país e correspondeu a 21,4% do Produto Interno Bruto brasileiro, em 2019. Dada a relevância e a necessidade cada vez maior de produzir em quantidade e qualidade ― estima-se que até 2050, fazendo com que a produção global de alimentos deva crescer em 70% para atender essa demanda ― a profissionalização do campo é inevitável.
Instituir ações de valorização, capacitação e gerenciamento do capital humano ajuda, até mesmo, a reduzir os custos da produção. Com pessoas instruídas sobre os processos, onde cada um sabe o que deve fazer e sentindo-se parte da empresa, a satisfação aumenta, os erros diminuem e reduz-se também aos gastos com turnover.
Com a chegada da tecnologia no campo, muitos processos dispensam a intervenção humana, como o plantio e a colheita. Por outro lado, são necessárias pessoas qualificadas para operar essas novas máquinas, analisar os dados gerados pelos sensores e drones e, sobretudo, tomar decisões.
Encontrar e reter essa mão de obra é um dos grandes desafios do agronegócio. Leia mais sobre isso logo abaixo.
Quais os principais desafios que o agro encontra na gestão de pessoas?
Mesmo que a média de idade do produtor rural hoje seja menor, 46,5 anos, a realidade é que os cargos de liderança, na sua maioria, são ocupados por gestores ainda acostumados a um modelo já defasado, com uma estrutura hierárquica rígida. Mudar essa mentalidade é um dos primeiros e maiores desafios da gestão de pessoas no agronegócio.
Contudo, muitos já entenderam a necessidade de processos mais organizados e voltados ao gerenciamento dos trabalhadores. Para que esse trabalho dê os resultados esperados, é preciso ainda que as lideranças superem alguns outros desafios. Confira abaixo os principais.
Atrair e reter a mão de obra
Este problema abrange as buscas tanto pelos profissionais mais qualificados quanto para os cargos mais operacionais. A “fuga” dos agricultores para a cidade grande ainda é uma realidade em muitas regiões e isso dificulta a retenção do quadro de colaboradores. É necessário, então, que os gestores criem atrativos para que essas pessoas permaneçam no campo, como boas condições de trabalho, treinamentos e planos de desenvolvimento.
Manter os trabalhadores engajados com o trabalho é uma forma de aumentar os resultados. Para isso, é preciso compreender que, mesmo em propriedades menores, o público interno do produtor não é homogêneo. Aprender a lidar com gerações diferentes, profissionais com diferentes níveis de conhecimento técnico e necessidades distintas deve ser prioridade de quem deseja implementar a gestão de pessoas no agronegócio.
Adequação às novas tecnologias
Mesmo aqueles que cuidam de aspectos operacionais do campo devem saber lidar com a tecnologia disponível. Seja ela em tratores, sensores ou GPS, o investimento nesses aparatos de nada servem, caso quem lide com eles não extraia o possível dessas inovações.
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É de responsabilidade do setor de gestão de pessoas manter o quadro de colaboradores atualizado sobre os artefatos disponíveis. É preciso que os treinamentos sejam constantes e adequados aos colaboradores, com linguagem acessível e comunicação clara.
Aprimorar os processos de gestão
Implementar a gestão de pessoas no agronegócio é um trabalho que deve estar sempre se renovando. Grande parte dos desafios que os produtores encontram nessa área decorre do fato do processo ter sido adotado e nunca mais reformulado, nem adaptado à realidade da lavoura.
Buscar o apoio da tecnologia para o gerenciamento do corpo de colaboradores agiliza essa tarefa e dá, ao gestor, a possibilidade de encontrar pontos de melhoria no processo. A agricultura 4.0 não se refere apenas aos equipamentos com tecnologia de ponta, mas também ao uso de recursos que otimizem os investimentos e potencializem os ganhos em todos os setores que envolvem a produção.
Este tópico também abrange as estratégias de retenção. É necessário que sejam desenvolvidas formas de aprimorar o relacionamento com o colaborador, criando vínculos de confiança. Assim como o processo de gestão de pessoas, essas ações não devem ser apenas reproduzidas, mas aprimoradas, de acordo com o que a análise de pessoal mostra sobre as necessidades dos profissionais.
Ao se transpor esses desafios, a lavoura passa a contar com um quadro mais estável e capacitado, o que impacta diretamente no potencial produtivo do campo.
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