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Crise na Ucrânia: até quando vão durar os impactos na indústria brasileira?

Um mercado globalizado e cada vez mais conectado também apresenta fragilidades. Uma das principais é o impacto que eventos como a crise na Ucrânia têm sobre a indústria brasileira. Esta, que em muitos segmentos ainda não retomou o cenário de antes da pandemia de covid-19, agora precisa lidar com as incertezas trazidas pela guerra no leste europeu.

Tanto Rússia quanto Ucrânia têm participação direta na produção nacional. A primeira nação é uma reconhecida exportadora de fertilizantes, essenciais para o agronegócio, mas também de minérios, gás e petróleo. Já a segunda, tem como pontos fortes a produção de grãos e aço. Assim como na indústria brasileira, os preços no varejo também têm sofrido alterações por conta da guerra.

As consequências do conflito são perceptíveis e começaram já em 24 de fevereiro, data da invasão russa. Mas até quando a indústria brasileira será afetada por ele? Dificilmente alguém ousará determinar um prazo, uma vez que são muitos os fatores que influenciam na resolução desse impasse.

Neste artigo, reunimos alguns deles para tentar dar uma perspectiva do atual cenário e, também, o que alguns estudiosos afirmam sobre a duração da crise. Acompanhe.

Até quando a crise na Ucrânia influenciará a indústria brasileira?

Assim como todo grande conflito, as consequências para os parceiros comerciais podem se estender até após a resolução. Afinal, durante a crise, muitas medidas são colocadas em prática e há muito o que ser feito e reestruturado para retomar o antigo ritmo. A maior consequência, como sempre, está nos elos da cadeia de suprimentos. Mas vale lembrar que esse é um problema que antecede as tensões entre Rússia e Ucrânia.

Já em 2018, o Instituto de Estados para o Desenvolvimento Industrial alertava, em um documento chamado Indústria e o Futuro do Brasil”, os problemas que a dependência externa traria para o cenário nacional. E nem sempre é necessário que uma grande crise mundial bata à porta para haver a interrupção do fornecimento. Em março de 2021, o incidente no Canal de Suez envolvendo o cargueiro Ever Given durou apenas 6 dias, mas foi suficiente para desestabilizar muitos cronogramas de entregas e causar prejuízos milionários.

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Agora, além dos problemas causados pela invasão russa na Ucrânia, houve outro fator que contribuiu para um impacto ainda maior. Estamos falando do novo lockdown na China para conter um novo surto de coronavírus.

Ou seja, em menos de dois anos, a indústria brasileira enfrentou uma série de transtornos e a crise na Ucrânia, sem dúvidas, é uma das mais expressivas. Isso porque decorrente dela, pode-se esperar o aumento no custo do transporte de cargas, da inflação e queda nos investimentos. As sanções impostas à Rússia estão sendo responsáveis por diminuir a movimentação marítima, uma vez que diversos portos deixaram de receber seus navios vindos do país.

Com tudo isso em vista, não é de estranhar que mesmo grandes especialistas em geopolítica estejam cautelosos em bater o martelo acerca da duração da crise. Até porque, como você pôde ver, os eventos globais não se restringem ao leste europeu e há diferentes players envolvidos na resolução do impasse.

Como minimizar os impactos ocasionados pela crise na Ucrânia?

A indústria brasileira sabe bem que a pandemia não foi a primeira adversidade enfrentada e que a crise na Ucrânia não será a última. Porém, mesmo cientes da fragilidade da cadeia de abastecimento, muitos gestores ainda deixam o setor de suprimentos em segundo plano, resolvendo os problemas na medida em que aparecem.

Mas, agora, instituir uma gestão de riscos eficiente e realista, além de buscar novas opções de fornecimento, é uma ação que não pode mais esperar. Afinal, mesmo que tenhamos uma resolução relativamente rápida no leste europeu, o dinamismo do mundo globalizado deixa a porta aberta para que outros eventos impactem a nossa indústria.

Para ajudá-lo, explicaremos melhor como esses fatores podem contribuir para reduzir os efeitos negativos das crises sobre a indústria brasileira.

Gestão de riscos

Provavelmente, você já ouviu falar em Mundo VUCA. Se não, vamos contextualizar de maneira breve. Esse é um conceito que vem da Escola de Guerra do Exército dos Estados Unidos e nasceu para retratar o contexto militar do final dos anos 90. A sigla se refere às palavras volatility (volatilidade), uncertainty (incerteza), complexity (complexidade) e ambiguity (ambiguidade). Todas elas estão bastante presentes no mercado industrial, portanto é preciso considerá-las.

O primeiro passo para isso é mapear os processos envolvidos. Dessa forma, é possível encontrar as fragilidades que podem colocar a sua produção em xeque. No caso dos fornecedores de insumos, por exemplo, a cadeia logística precisa ser observada. Depender de fornecimento internacional deixa a indústria à mercê de variações externas. Então, estar informado acerca de acontecimentos recentes com potencial para interromper seu planejamento de compras é essencial.

Regionalização da cadeia de suprimentos

Aqui, a ideia não é abrir mão totalmente do fornecimento externo. Afinal, existem insumos conseguidos apenas via importação. Porém, é importante ressaltar que o mercado nacional também tem condições de suprir boa parte dos insumos para a indústria e não apresenta tantos riscos quanto os externos. Além disso, contar com parceiros mais próximos do local de operação pode trazer algumas vantagens. Entre as principais estão a agilidade nos processos, a redução de custos e as menores chances de interrupção no abastecimento.

Ainda, deve-se considerar a importância da logística de suprimentos na escolha de fornecedores de insumos. Com um parceiro local, as possibilidades de negociação ― não apenas de preço, mas de prazos, volumes e condições ― são muito mais dinâmicas. Essa facilidade é extremamente importante, especialmente quando os compradores se veem em meio a uma crise mundial.

Mesmo que ninguém possa responder com certeza até quando durará a crise na Ucrânia, o fato é que a indústria brasileira precisa estar sempre preparada para essas questões. Enquanto a dependência dos insumos estrangeiros persistir, o mercado interno seguirá sendo afetado pela geopolítica global.

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