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O impacto da colheita de cana mecanizada no setor sucroalcooleiro

Aumentar a produção e a produtividade nas indústrias é um desafio enfrentado por inúmeros gestores, concorda? Nesse sentido, a colheita de cana mecanizada causou diversos impactos no setor sucroalcooleiro. 

Como isso aconteceu? De quais formas essas consequências se apresentaram? Será que elas interferiram nos resultados de maneira direta? Quais são os principais detalhes desse processo? 

Para que você entenda mais a respeito do tema, trouxemos trechos transcritos de uma palestra realizada pelo especialista Roberto Beazoto, que trabalha na área de marketing e produto da Case IH. Aproveite o conteúdo!

O que é colheita de cana mecanizada e como ela surgiu?

De acordo com Roberto, a colheita mecanizada de cana completou 75 anos em 2019. “Seu surgimento, em 1944, foi motivado pela falta de mão de obra em função da Segunda Guerra Mundial — os irmãos Toft desenvolveram a primeira colhedora de cana mecanizada na Austrália”, relata. 

Em 1968, foi criada a colhedora de cana picada e, 9 anos depois, a hidráulica começou a fazer parte dessa máquina. Essa sucessão de eventos ajuda a entender como a inovação sempre esteve relacionada ao equipamento, porque seus criadores fizeram analogias proveitosas com outros segmentos e negócios. Isso permitiu pensar em outras possibilidades e, por consequência, inovar. 

Sobre a criação do equipamento que possibilitou a colheita mecanizada, Roberto traz uma interessante curiosidade: a inspiração de um dos irmãos ocorreu em um passeio na Disney — ele notou que a maioria dos brinquedos era tocada hidraulicamente.

“Entre 1985 e 1989, houve a vinda da Austoft para o Brasil. Tanto a Dedine quanto a São Martinho foram detentoras dessa tecnologia, até que a Case adquiriu a Austoft. Em 1997, foi feita a primeira colhedora na cor vermelha, com a identidade visual da nova marca”, conta o especialista. 

Em suma, a colheita de cana mecanizada implica o cumprimento de algumas regras e normas de procedimentos a fim de executar o trabalho de modo ideal e, como sugere o próprio nome, mecanizado. O principal objetivo é obter benefícios proporcionados pelo sistema de colheita, otimizando todos os processos e aumentando a produtividade. 

Como está o cenário da colheita de cana mecanizada no Brasil?

“No Brasil, a colheita mecanizada se intensificou muito a partir de 2008 — em 2015, a região centro-sul já contava com 97% de colheita operando nesses moldes. Atualmente, o mercado local é focado na reposição de colhedoras, porque ele deixou de crescer. Esperamos que, com a onda de crescimento do setor, haverá uma expansão também na área de colheita”, explica Roberto. É válido destacar outros mercados que vêm crescendo bastante na última década: 

  • Tailândia;
  • Índia;
  • China;
  • Indonésia;
  • Colômbia;
  • Guatemala;
  • entre outros.

A média atual da produção nacional varia entre 400 e 700 toneladas por equipamento/dia de colheita. Ainda assim, há aquelas que superam a marca de mil toneladas — isso porque, aos poucos, os usuários estão aprendendo a utilizar da forma correta, aumentando tal número. Algumas medidas relativas à manutenção dos equipamentos podem ajudar.

Para continuar avançando, a produtividade agrícola desponta como um tema-chave, que tende a trazer mudanças bastante positivas para o contexto brasileiro. Hoje, ela gira em torno de 80 toneladas/hectare. “Para o setor prosperar, temos que aumentar esse índice e é possível chegar a 100 toneladas por hectare”, comenta Roberto. 

Por que implementar a colheita de cana mecanizada?

A colheita mecanizada está associada a diversas tecnologias que ajudam não só a reduzir os custos, mas também são essenciais para otimizar a cadeia produtiva da colheita. 

O controle de tráfego, por exemplo, passou a ser uma regra, pois a maioria das colhedoras sai de fábrica com o piloto automático. Roberto diz que “há estudos mostrando um ganho de quase 20 toneladas por ano, pelo fato de não pisar na cultura e usar o piloto automático”. Ou seja, essa é uma tecnologia que contribui com a redução da perda de produtividade. A compactação do solo e os espaços das raízes ficam mais adequados quando a colheita ocorre dessa forma — seja de uma linha, seja de duas —, visto que a tecnologia foi intensificada com a mecanização.

A sistematização de áreas também está ligada ao advento da colheita mecanizada e é uma excelente razão para implementá-la. Em espaços com muitas linhas, o tempo perdido com manobra foi reduzido. A produção de transbordos de alta capacidade é outra tendência que agrega na eficiência e na redução dos equipamentos de apoio.

2 desafios para os próximos anos

Veja, a seguir, quais são os principais desafios do setor para os próximos anos.

1. Oferecer treinamento de qualidade 

Esses é um ponto essencial. Nos tratores, por exemplo, o consumo de combustível tende a ser alto no começo e diminui conforme o operador recebe treinamentos e se habitua à função, estabilizando o gasto. A própria Case desenvolveu uma ferramenta direcionada à formação e à reciclagem de operadores, porque a colheita mecanizada trouxe a necessidade de capacitar a mão de obra cada vez mais.

2. Aumentar a eficiência de colheita

Existem equipamentos que fazem de 25 ton/hora e alguns que produzem 200 ton/hora. Tudo depende das condições nas quais a colheita é desenvolvida, mas algo entre 150 e 180 toneladas por hora é a capacidade de processamento média de uma colhedora comercialmente disponível. 

“Fizemos uma curva que considera a capacidade de 200 toneladas por hora. Nesse cenário, se consideramos uma propriedade com 85 toneladas por hectare, seria preciso colher a 9 quilômetros por hora, para aproveitá-la ao máximo, o que nem sempre é possível. Se colher mais rápido, o aumento de perdas por toco começa a crescer muito. Deve-se ter cuidado”, recomenda Roberto. Como as colhedoras têm condição de processar entre 150 e 180 toneladas por hora e há margens para a melhora, é preciso aumentar a capacidade de produzir e reunir as condições básicas para aproveitá-la.

O tempo de uso de máquina por dia também pode melhorar. No Brasil, a relação entre tempo de colheita e tempo de motor é de 60%. Na Austrália, o número está próximo de 80%. Outros desafios para o setor sucroalcooleiro nacional que merecem destaque são:

  • aumentar a disponibilidade e a confiabilidade mecânica;
  • melhorar o planejamento de manutenção;
  • reduzir o tempo que os equipamentos ficam parados (downtime);
  • aprimorar a qualidade de colheita como um todo;
  • reduzir impacto da mecanização na produtividade agrícola;
  • reduzir o custo operacional.

É inegável que a colheita de cana mecanizada trouxe uma série de ganhos para o setor sucroalcooleiro. Mesmo assim, ela precisa ser otimizada para gerar resultados ainda melhores.

Se você gostou do conteúdo e quer aprimorar sua produção, conheça estes 5 cuidados para a manutenção de máquinas agrícolas!

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