Prefere ouvir o áudio deste artigo? Utilize o player abaixo.
Produzir mais, melhor e com menos agressividade ao meio ambiente têm sido alguns dos desafios que o agronegócio vem enfrentando há alguns anos. Entretanto, a necessidade de uma agricultura sustentável tem se mostrado cada vez mais urgente, uma vez que parceiros internacionais vêm ficando mais rígidos quanto às formas de produção do agro brasileiro.
Muitos exemplos já se mostram no cenário nacional. Fazendas que utilizam os dejetos dos animais na produção de biogás e, consequentemente, energia elétrica; técnicas que buscam reduzir o uso de fertilizantes e defensivos químicos e a rotação de culturas já são realidade. Mas, se é possível encontrar novas formas de produzir com menos danos ecológicos, por que a agricultura sustentável ainda tem tão poucos representantes no país?
As respostas podem ser muitas, desde a falta de investimentos até à mentalidade do produtor. O fato é que a agricultura sustentável ainda encontra muitas barreiras para se desenvolver plenamente no Brasil. Neste artigo, vamos explorar melhor esses desafios e mostrar que aliar o cuidado ecológico à rentabilidade da lavoura é, sim, possível. Acompanhe.
Agricultura sustentável e agricultura de precisão: qual a relação entre os conceitos?
Os conceitos de agricultura sustentável e agricultura de precisão têm se tornado cada vez mais presentes nas fazendas brasileiras. Juntos, eles proporcionam uma nova forma de ver o agronegócio e pensar a produção. Enquanto o primeiro prega uma lavoura em consonância com a sustentabilidade ambiental, o segundo traz a tecnologia para o dia a dia dos agricultores.
A agricultura de precisão, sem dúvidas, é revolucionária para o produtor agrícola e mostra como a Indústria 4.0 pode ser aplicada na lavoura. O que antes era considerado um trabalho braçal, agora divide espaço com a inteligência artificial, big data, sensores, drones e softwares. Entretanto, toda essa tecnologia pode, além de oferecer melhores resultados por safra, ajudar a estabelecer uma relação melhor entre o campo e o ambiente no qual está inserido.
O uso de drones na disseminação de defensivos é um bom exemplo de como esses dois conceitos podem ser grandes aliados. No lugar de aviões agrícolas que, além de emitir poluentes, pulverizam uma grande quantidade de produtos químicos, os drones agem localmente. Assim, apenas o talhão afetado pelas pragas receberá a aplicação. Os sensores que medem a umidade do solo e coordenam a irrigação do campo também são outro caso onde a tecnologia é propulsora de uma lavoura mais sustentável, que visa a economia dos recursos.
A questão ambiental deve ser encarada com seriedade e considerada na hora de traçar planos para o agronegócio. Agrônomos e pesquisadores já têm o consenso de que o futuro do campo brasileiro está intimamente ligado à preservação do meio ambiente.
O desmatamento tem impacto direto na lavoura, uma vez que é responsável pelo aumento da temperatura. Assim, são afetadas a qualidade e umidade do solo, a distribuição de chuvas e o controle de pragas. As pressões de órgãos internacionais e dos próprios consumidores sobre o compromisso ambiental dão o tom que o setor precisa para se preparar para o futuro.
Os desafios da agricultura sustentável no Brasil
É claro que, como você pôde ler há pouco, a tecnologia auxilia muito na busca por uma agricultura sustentável. Entretanto, não são apenas os investimentos financeiros que dificultam a adoção de práticas mais respeitosas com o meio ambiente. Uma série de outros fatores também impedem essa mudança. Confira abaixo os principais.
A resistência dos produtores
Mesmo que a idade dos produtores rurais esteja diminuindo e muitos já possuam curso superior em área como veterinária ou agronomia, os níveis gerenciais em muitas fazendas ainda seguem modelos tradicionais, que levam o solo à exaustão. A resistência à adoção de práticas mais sustentáveis se deve ao temor da queda na lucratividade. Entretanto, isso já foi desmistificado pelos resultados excepcionais de produtores que já investiram em práticas menos agressivas ― há casos de lavouras, como a da alcachofra, que alcançaram produtividade até 100% maior do que a média do Cinturão Verde de São Paulo.
Dentre as dificuldades apresentadas neste artigo, talvez, essa seja a principal a ser superada. Isso porque a demanda por uma forma de manejo do solo menos agressiva e ações que promovam a segurança alimentar tem sido um diferencial importante, frente a importadores e consumidores finais.
Produções em larga escala
Um relatório da Divisão de População do Departamento da ONU de Assuntos Econômicos e Sociais estima que até o ano de 2050, a população mundial aumentará em 2 bilhões, totalizando 9,7 bilhões de pessoas. Desta forma, a produção global de alimentos deve crescer em 70% para atender essa demanda. Entretanto, a necessidade de produzir mais não deve ser confundida com aval para produzir a qualquer custo.
De todo modo, em grandes propriedades, dá-se preferência por técnicas menos sustentáveis, mas que asseguram a produção. O que é um erro, visto que, atualmente, já é possível replicar técnicas da agricultura sustentável em lavouras de grande porte. Acontece também de a demora em aderir ao novo cenário prejudicar, a cada safra, ainda mais o solo.
Tempo de transição
Mudar para agricultura sustentável é um processo que precisa ser seguido com cuidado. Segundo agrônomos especialistas, o tempo de recuperação total do solo pode levar até 4 anos. Para os produtores que não dispõem de artefatos tecnológicos, essa transição pode se apresentar como um enorme desafio. Isso porque é preciso o acompanhamento constante da regeneração do solo, de modo que deve haver constante interação com o meio.
É comum que a expressão agricultura sustentável remeta às pequenas produções familiares ou a técnicas de cultivo ultrapassadas. Mas, é preciso ressaltar que essa imagem nada tem a ver com o trabalho desenvolvido por cientistas e agrônomos nesse sentido. Considerar o meio ambiente, a cultura e a saúde do solo, na verdade, exige um alto grau de conhecimento técnico que, em momento algum, descartam a ciência agronômica moderna. Gostou de saber mais sobre a agricultura sustentável? Confira os demais artigos voltados ao setor neste link. Boa leitura!
Temos que aprofundar muito mais essa discussão, pois muitos outros fatores estão envolvidos na sustentabilidade de nossa produção agrícola, pecuária e florestal, inclusive as questões agrárias! Pode não fazer muito sentido desmatar a Amazônia para fins agropecuários, mas para fins agrários, da posse da terra, faz muito sentido e se gananciosos sem escrúpulos não forem contidos, mantidos os atuais ritmos de desmatamento, não sobrará pedra sobre pedra!
Olá Ary,
com certeza, e sempre que pudermos, vamos trazer mais informações sobre o assunto.
Obrigado pelo interesse!