O modal rodoviário ainda é, de longe, o mais utilizado na movimentação de cargas. Atualmente, o Brasil conta com uma malha rodoviária com extensão total de 75,8 mil quilômetros. Segundo dados da empresa NTC & Logística, nela circulam mais de 2 milhões de caminhões, que são usados para levar cerca de 60% da produção pelas estradas. Por outro lado, a malha hidroviária é extensa, embora menos comum. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o país não utiliza mais de 19 mil km, dos 63 mil km navegáveis e apenas 5% das cargas são transportadas pelos rios. E, diante deste cenário, a cabotagem tem conquistado espaço.
Nesse modelo, a navegação é feita entre pontos ou portos nacionais. Para isso, podem ser usadas tanto a via marítima quanto hidrovias interiores, como rios e lagos. Esse modal é bastante comum na Amazônia, responsável pelo transporte de 9,8 milhões de passageiros. Em relação às cargas, 3,4 milhões de toneladas foram distribuídas. Porém, as vantagens que o modelo aquaviário oferece têm chamado atenção de quem precisa contar com outra alternativa para movimentar os produtos. A cabotagem a diesel, embora reduza os custos logísticos, também exige cuidados para que essa economia não seja anulada por conta de reparos corretivos nas embarcações.
Para entender melhor como garantir que a cabotagem a diesel seja um modal ainda mais atrativo ao se reduzir os custos com manutenção, conversamos com os especialistas técnicos da PETRONAS, Eliézer Vasconcelos e Daniel Cruz. Nesta entrevista, eles citam os principais desafios. Acompanhe!
Cabotagem a diesel: como garantir a redução de custos?
Ao utilizar embarcações, mesmo que de médio porte, é possível movimentar uma quantidade muito maior de cargas. De acordo com Eliézer Vasconcelos, a principal vantagem da cabotagem é que “ela retira muitos veículos da estrada. Para se ter uma ideia, uma barcaça de 1.5 toneladas consegue suprir a demanda de até 60 caminhões ― o que representa uma redução significativa nos custos envolvidos na gestão de frota. Não se pode deixar de citar também a diminuição na emissão de poluentes que é consequência do menor número de veículo trafegando”.
Entretanto, é inegável que o transporte marítimo também apresenta algumas restrições quanto à manutenção. A logística, inclusive, é bastante complexa e inclui a montagem de estandes dos fornecedores diretamente nos portos. Com a chegada da embarcação, navios menores levam os insumos até o local. Ou seja, a manutenção deve ser seguida à risca, tanto no que diz respeito ao calendário quanto às recomendações dos fabricantes.
O colapso de uma embarcação durante o trajeto pode acarretar danos incalculáveis, considerando-se a logística para reparo, os custos com substituições de peças e, claro, a carga imobilizada e os atrasos nas entregas. Aqui, vale lembrar que a maioria dos produtos transportados por cabotagem no Brasil são petróleo, combustíveis e commodities, o que acarretaria graves prejuízos em caso de descumprimento de prazos. A seguir, você confere os principais pontos que devem ser considerados na manutenção das embarcações que realizam a cabotagem a diesel.
Como reduzir os custos em manutenção da cabotagem a diesel
O conselho dado pelos especialistas técnicos da PETRONAS é que o manual do fabricante precisa ser seguido à risca. “Identificar o tipo de motor e de combustível é o primeiro passo para instituir ações de manutenção, sendo que essa informação é determinante também para a escolha dos produtos que serão adotados”, comenta Daniel Cruz. “Esses motores são, normalmente, sujeitos à formação de depósitos, então, o intervalo de troca do lubrificante deve ser respeitado”, completa.
Outro ponto que deve estar no radar de manutenção é a formação de fuligem, ocasionada pela queima incompleta do combustível e a geração de ácidos no motor. Isso acontece quando o combustível é de baixa qualidade, o que é bastante comum quando falamos nas embarcações de grande porte que realizam a cabotagem por via marítima que utilizam o chamado Marine Fuel Oil como combustível. Nestes casos, o diesel é aplicado em sistemas de geração de energia ou emergência e, também, em sistemas auxiliares. Já nos navios de pequeno e médio porte, é usado em motores principais.
“Por isso é tão importante saber qual o tipo de motor e de combustível que será utilizado. Dependendo dessa informação, a variação do TBN (Total Base Number), que é o que combate, no motor, a acidez gerada pelo enxofre, pode ser bem grande. Para se ter uma ideia, em um óleo de motor mineral, voltado para uma aplicação normal, o TBN será de 12 ou 10. Nas embarcações da cabotagem a diesel, caso seja usado um combustível de baixa qualidade, será necessário um TBN entre 30 e 70 para acabar com essa acidez”, explica Eliézer.
Essa informação reforça a orientação dos especialistas de se desenvolver um estudo específico a respeito desses dois pontos, o tipo de motor e o combustível que será utilizado. Somente a partir disso é que será possível determinar qual produto é capaz de suportar as condições de operação da embarcação. Entretanto, Daniel alerta: “quanto menor a qualidade do combustível, maiores os índices de enxofre. Consequentemente, maior a acidez e a formação de fuligem no motor”.
Esses pontos, de acordo com os especialistas, serão os responsáveis por dar sequência às ações de redução de custos. Identificadas as particularidades da embarcação, o setor de manutenção tem base para buscar opções de fornecimento e de produtos que atendam às especificações.
Agora que você já sabe o que analisar para buscar a redução de custos na cabotagem a diesel, confira no artigo 4 cuidados antes de contratar transporte de carga marítimo. Aproveite e inscreva-se no canal exclusivo do Inovação Industrial no Telegram. Lá, compartilhamos, em primeira mão, nossas dicas e novidades da indústria brasileira.