Apesar de ambos serem utilizados para a lubrificação de equipamentos, graxas e óleos são categorias diferentes de produtos e possuem aplicações distintas na indústria.
Cada máquina demanda um lubrificante diferente, de acordo com suas especificações, carga, velocidade da operação, tipo de atrito e normas industriais. Saber como utilizar cada categoria com inteligência é essencial para a produtividade na indústria.
Para entendermos melhor essas diferenças e aprendermos sobre a forma correta de utilização de graxas e óleos com máxima produtividade na indústria, conversamos com Bruno Hauber, Technical Advisor na PETRONAS e especialista no assunto. Acompanhe os próximos tópicos para ficar por dentro!
Qual a principal diferença entre graxas e óleos lubrificantes?
A verdade é que as graxas e os lubrificantes são produzidos por processos e ingredientes distintos.
- Enquanto o óleo lubrificante é feito com o óleo básico e alguns aditivos,
- a graxa é uma combinação do óleo básico com um espessante, informalmente chamado de sabão.
“O espessante (ou sabão) é adicionado à mistura do óleo durante a tancagem. Ele é adicionado ao lubrificante até que se alcance a consistência correta da graxa”, explica Bruno.
O espessante pode ser formado por diversos componentes, como lítio ou cálcio. Tudo depende da aplicação da graxa. Para você ter uma ideia, a produção da graxa leva em torno de 8 horas, mas ainda há um processo de resfriamento do produto que leva de 2 a 4 horas.
Como os diferentes tipos de graxa são aplicados na indústria?
Uma vez pronta, a graxa será aplicada em equipamentos com a função primária de lubrificação. O tipo de óleo básico da fórmula faz total diferença no que diz respeito à aplicação do produto.
“O óleo menos viscoso vai ser aplicado onde há maior velocidade e menos carga”, detalha Bruno. Ainda acrescenta que “o óleo básico com menor viscosidade proporciona uma melhor bombeabilidade da graxa, fazendo com que ela seja ideal para sistemas centralizados de bombeamento”.
Graxas menos viscosas também são recomendadas para sistemas onde há lubrificação por perda, quando a graxa cai com a ação da gravidade, lubrificando o sistema e escoando por baixo do maquinário.
Já as graxas formadas com óleos de maior viscosidade proporcionam mais adesividade, propriedade de aderência da graxa ao sistema. “Essas graxas são ideais para engrenagens mais abertas”, destaca Bruno. As graxas com óleos mais viscosos também são usadas em sistemas de extrema pressão, com mais carga.
Elas têm uma consistência mais dura e apresentam um tempo de escoamento maior.
Por fim, graxas que são fabricadas com óleos sintéticos têm um tempo de vida maior, graças à velocidade mais lenta de oxidação em relação aos óleos minerais. O mais indicado é utilizá-las quando se quer estender os períodos de troca. Além disso, graxas sintéticas são recomendadas para ambientes em que há uma chance maior de contaminação, especialmente por oxigênio.
Para aprimorar a performance das graxas, alguns aditivos são aplicados ao produto, em especial o antioxidante, que aumenta sua vida útil. “50% das graxas contêm ainda os aditivos de extrema pressão, que vão suportar cargas maiores nas engrenagens e rolamentos sem separar a graxa”, completa Bruno.
Quais as desvantagens e vantagens da graxa em relação aos óleos lubrificantes?
É importante entender que tanto os óleos como as graxas têm suas aplicações ideais distintas, cada um deles sendo mais recomendado para determinado maquinário e tipo de atividade.
Como a graxa tem um tempo de troca mais curto e não conserva suas propriedades em altas temperaturas, não é recomendada em situações que envolvam aquecimento. Além disso, a graxa também não é indicada quando o objetivo é o resfriamento de máquinas, por ter uma troca de calor menor que a do óleo.
Por outro lado, a graxa pode ser aplicada em muitas situações em que o óleo simplesmente escorreria, não podendo ser corretamente aplicado. Podemos citar como exemplos os mancais de rolamento e deslizamento, além de guias de deslizamento e cabos de aço.
Quando exatamente optar pelos óleos lubrificantes na indústria?
Os óleos lubrificantes são recomendados para diversos tipos de máquinas usadas na indústria. Tem como objetivo primário a redução do atrito entre peças móveis, bem como a garantia do bom funcionamento dos equipamentos.
Mais baratos e abundantes, os óleos minerais são usados na maioria dos equipamentos industriais, cumprindo bem as exigências de muitos deles. Por outro lado, máquinas mais atuais já pedem o óleo sintético. Compressores, redutores mais novos e até mesmo algumas bombas demandam esse tipo de óleo.
“Além disso, há uma exigência muito grande de período de troca. O cliente não quer ficar parando muito, trocando toda hora. Com os lubrificantes sintéticos, você consegue otimizar esse período de troca, garantindo até mesmo uma vida útil melhor do equipamento”, observa Bruno.
Para potencializar seus resultados, os óleos industriais recebem uma infinidade de aditivos. Um dos mais comuns é o antidesgaste, com base no zinco, que cria uma camada protetora e evita o desgaste da superfície das peças.
Já o aditivo antiespuma é um produto que não serve exatamente para evitar a formação de espumas, mas sim para romper a tensão superficial das bolhas e evitar a presença de ar dentro do fluido, o que pode comprometer a eficiência e a durabilidade de alguns equipamentos.
Outro aditivo muito utilizado é o demulsificador, que separa a água do óleo. Geralmente, equipamentos que usam lubrificantes com esse aditivo contam com um filtro, que consegue esgotar a água do óleo. Em contrapartida, o aditivo emulsificador é capaz de misturar a água ao óleo, sem interferir na eficiência do lubrificante.
É recomendado para equipamentos que não contam com esse filtro separador da água, comum em máquinas em que o lubrificante demulsificador é utilizado.
Também vale a pena citar o aditivo ashless, que serve para impedir a formação de cinzas, o melhorador de IV, que mantém a viscosidade do lubrificante quando aquecido, e o abaixador do ponto de fluidez, que impede que ele fique mais espesso quando resfriado.
Por fim, para potencializar a durabilidade do lubrificante, é acrescentado o aditivo antioxidante, que desacelera o processo de oxidação. Para contribuir com a durabilidade do equipamento lubrificado, é possível adicionar inibidores de ferrugem e corrosão. O primeiro é aplicado em metais ferrosos, enquanto o segundo é próprio para metais não ferrosos.
E agora que você já conhece melhor algumas das aplicações de óleos e graxas na indústria, que tal entrar em contato com os especialistas do Inovação Industrial para saber qual o melhor para seus equipamentos?
muito interessante aprimorar conhecimento