Há algum tempo, cerca de um século, o óleo era considerado a mercadoria mais valiosa do mundo. Entretanto, o título passou para algo bem menos tangível e comercializável: os dados que, segundo a publicação inglesa The Economist, são “o petróleo da era digital”. Outros fatores também foram responsáveis pela necessidade de reinvenção do setor que conseguiu isso com mestria, podendo hoje ser nomeada de indústria do óleo e gás 4.0.
O “4.0” citado acima diz respeito à 4ª Revolução Industrial, a qual vivenciamos já em diversos segmentos. Diferente das outras três, que só foram compreendidas após as mudanças que provocaram, a Revolução Digital foi anunciada e o mundo tem acompanhado de perto as transformações impostas. O uso da tecnologia, claro, é o pilar máximo do conceito de indústria 4.0.
A transformação digital já chegou ao setor de óleo e gás trazendo muito mais produtividade para o segmento. Por meio de sensores, robôs e machine learning (quando as máquinas conseguem aprender “sozinhas”, aprimorando de forma autônoma seus próprios algoritmos) é possível explorar com mais assertividade, reduzindo a exposição dos trabalhadores aos riscos inerentes à atividade.
Os avanços tecnológicos atuam em diversas frentes da produção de óleo e gás, desde a prospecção ao acompanhamento do transporte. Saiba mais detalhes abaixo.
Indústria de óleo e gás 4.0: conheça as principais mudanças
A volatilidade do preço do petróleo e um cenário que preza, cada vez mais, pela competitividade são os grandes responsáveis pela reinvenção da indústria de óleo de gás. Hoje, os investimentos em manutenção, na detecção de vazamentos e em processos automatizados, capazes de fornecer dados antes jamais coletados, ditam o ritmo da produção e a tomada de decisões.
Para que você compreenda melhor o que vem sendo feito na indústria de óleo e gás 4.0, elencamos abaixo algumas das aplicações da tecnologia no setor. Acompanhe.
Simuladores
Uma das grandes preocupações do segmento de óleo e gás é com a segurança dos trabalhadores. Acidentes de trabalho em plataformas, mesmo que não se tenha levantamentos a respeito do número exato, são comuns devido à natureza da atividade. Entretanto, os riscos podem ser mitigados com o uso da tecnologia. Os simuladores são um ótimo exemplo.
Já estão disponíveis plataformas de simulação que emulam o ambiente operacional. Desta forma, os trabalhadores são treinados antes da exploração, o que reduz, significativamente, os incidentes in loco e tornam o trabalho mais ágil.
Robôs
Eles não substituem a mão de obra humana, mas são essenciais para propiciar um trabalho mais seguro àqueles que atuam na exploração offshore de óleo e gás. Com robôs submersíveis, a geografia oceânica é mapeada, facilitando a exploração e trazendo mais confiabilidade às análises.
Essas máquinas também são úteis na busca por canais de infiltração. Além da inspeção visual, os robôs da indústria de óleo e gás 4.0 coletam dados, calibram padrões e são capazes de medir a concentração e a temperatura do gás.
Supervisão remota
O ambiente onde a indústria do óleo e gás atua é bastante peculiar, em áreas remotas e que expõem os trabalhadores a grandes riscos. O uso de sensores e da Internet das Coisas (IoT) ajudam a detectar problemas e trabalhar nas correções de maneira remota, reduzindo a necessidade de intervenção humana.
Também são capazes de fazer análises e manutenções preditivas em lugares de difícil acesso. Esse acompanhamento remoto não se limita apenas ao local de extração, sendo possível supervisionar em tempo real toda a cadeia produtiva, da mineração ao transporte. Desta forma, em caso de problemas, os gestores têm as informações necessárias em mãos, possibilitando a tomada de decisões de maneira imediata.
Big Data
Como qualquer setor da indústria, o de óleo e gás gera uma grande quantidade de dados diariamente. Muitos nem mesmo chegavam ao conhecimento dos gestores pela impossibilidade de coleta. Com o uso de sensores para essa captação, é necessário que haja preparo para a análise das informações. O uso de softwares específicos pode auxiliar nesse ponto.
Embora muitas questões possam ser resolvidas pelas próprias máquinas, nenhum algoritmo substitui a análise técnica humana. Ao utilizar o big data na indústria, a tomada de decisões se dá com o apoio de dados, eliminando os “achismos” dos planejamentos estratégicos.
Indústria 4.0 versus empregos: como a tecnologia impacta os postos de trabalho
É impossível falar em adoção de novas tecnologias sem citar o impacto no mercado de trabalho. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, não está prevista a extinção do fator humano em nenhum setor. Na verdade, de acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial, estima-se que a integração das máquinas e a utilização de algoritmos irá criar 133 milhões de novos postos de trabalho, até 2022.
O que acontece é que novas habilidades são exigidas daqueles que hoje atuam neste contexto. Encontrar colaboradores adequados ao novo cenário tecnológico é uma dificuldade que muitas empresas já vêm enfrentando na hora de compor o quadro. Desta forma, conclui-se que os postos de trabalho não serão extintos, mas, sim, reformulados. Agora, exige-se que os profissionais atuem de maneira mais estratégica e assertiva, uma vez que atividades manuais e de alto risco são delegadas às máquinas.
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Em contrapartida, as indústrias também têm papel fundamental na adequação do quadro de colaboradores à nova realidade. É preciso investir no treinamento e no desenvolvimento de aptidões necessárias para a empresa, criando uma cultura interna de constante aprendizado. Desta forma, consegue-se diminuir o turnover e manter os postos de trabalho, que passam a contar com profissionais mais capacitados.
Na indústria de óleo e gás 4.0, assim como em qualquer outro segmento, a tecnologia tem imposto novos hábitos e processos inéditos, com transformações que envolvem não apenas aqueles que lidam diretamente com as inovações. Desde o recrutamento de novos talentos, passando pela correta gestão dos insumos até o uso de dados para alicerçar decisões, a 4ª Revolução Industrial exige que os setores trabalhem de forma integrada, com o objetivo de trazer mais eficiência aos negócios.
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