Mesmo que a pandemia provocada pelo novo corona vírus ainda seja uma realidade, o setor industrial, certamente, já atravessou o seu pior momento. A indústria nacional foi duramente atingida, com rupturas nas cadeias de abastecimento e restrições no funcionamento das empresas. Porém, em meados de abril, houve as primeiras flexibilizações e, a partir disso, a esperança da retomada.
Embora a parte mais difícil já tenha sido superada, líderes e gestores de todos os segmentos tiraram lições importantes para o pós-crise. Afinal, o ano passado mostrou que nenhuma estabilidade está imune a situações externas e que, de uma hora para outra, tudo pode precisar ser revisto. Agora, é hora de colocar em prática o que foi percebido diante de todas essas adversidades enfrentadas pelo mercado nacional.
Neste artigo, elencamos as principais lições que líderes de todos os setores da indústria puderam aprender na pandemia e, agora, devem instituir no pós-crise. Acompanhe.
Manutenção é a chave para a competitividade
Mesmo antes de 2020, a Indústria 4.0 já colocava a manutenção no centro das atenções dos gestores. A inserção de tecnologias nos processos preventivos e preditivos, porém, careciam de investimentos e as novas ferramentas ainda se mostravam de forma bastante tímida no cenário brasileiro. Esse assunto, inclusive, já era bastante abordado aqui, no Inovação Industrial, há algum tempo.
Porém, a pandemia iniciada no ano passado evidenciou os problemas enfrentados por aqueles que ainda negligenciam essas rotinas. Em entrevista ao portal, o diretor da Viação São José dos Pinhais, Dante Filho, exemplificou a importância da manutenção no setor de transportes:
“Algumas grandes empresas conseguem renovar a frota a cada 2 ou 3 anos. Mas, no Brasil, isso é exceção. Normalmente, a vida útil dos ônibus fica entre 8 e 12 anos. Ou seja, você tem que ter uma manutenção muito boa, que minimize os custos do veículo no longo prazo. E esse período de uso vai aumentar depois da pandemia. Então, quem não cuidou dos carros antes, terá problemas de gestão e de manutenção muito sérios para conseguir colocar a frota em dia. Já aqueles que se atentavam às rotinas, terão ganhos frente à concorrência.”
Suprimentos pós-crise: como garantir o abastecimento da indústria
Em 2018, um documento criado pelo Instituto de Estados para o Desenvolvimento Industrial alertava para os riscos que a cadeia de suprimentos brasileira corria ao se manter dependente do mercado externo. Em 2020, as piores previsões se concretizaram e muitos que esperavam por insumos importados viram a produção interrompida por conta da falta de materiais.
Junto à crise, veio a corrida pela digitalização, que muitos especialistas esperavam acontecer dentro de alguns anos. Isso porque a fragilidade da cadeia frente à crise escancarou os benefícios que a tecnologia leva para o setor. Com ela, é possível encontrar novas opções de abastecimento ao menor sinal de instabilidade, uma vez que as informações são integradas e compartilhadas entre as empresas. Essa interligação também torna a gestão do estoque uma tarefa mais previsível.
Além disso, houve a corrida por opções de fornecedores nacionais. José Vengrus, diretor de mecanização da Bom Futuro, comentou a respeito da importância desses parceiros para o agronegócio em entrevista ao Portal Inovação Industrial. De acordo com ele, o mercado brasileiro traz opções de insumos, inclusive, sob medida.
“Na questão das máquinas agrícolas, no Brasil, estávamos parados no tempo há 10 anos e, de repente, passamos a receber equipamentos fabricados no mundo inteiro. Entretanto, eles tinham exigências quanto ao lubrificante diferente do que tínhamos, mineral. Aqueles com base sintética eram importados e, claro, muito mais caros. Então, procuramos um parceiro nacional que pudesse nos oferecer uma solução tailor-made e encontramos alguém para nos proporcionar essa inovação.”
Investir na formação do profissional 4.0 é tão essencial quanto em tecnologia
A inovação tecnológica implica em uma série de aprimoramentos. Especialmente, do quadro de funcionários. Afinal, pouco adianta investir em sensores, softwares e robôs quando aqueles que interagem com essas ferramentas não sabem como melhor aproveitá-las. Inserir os colaboradores nessa realidade é, inclusive, um dos papéis mais importantes da indústria nesse cenário pós-crise.
De acordo com o levantamento Panorama do Treinamento no Brasil, a indústria oferece 16 horas anuais de treinamento aos colaboradores. Mesmo com número superior a áreas como administração pública (11h/ano) e comércio (8h/ano), ainda fica atrás do setor de serviços, que dedica 18 horas ao ano para a qualificação dos profissionais.
Muitos segmentos da indústria têm contado com a parceria de fornecedores de insumos na atualização dos profissionais. A PETRONAS Lubricants Internacional, por exemplo, ministra diversos cursos com os envolvidos nas rotinas de lubrificação, não apenas direta, mas indiretamente também. Para Carlos Scatena Filho, gerente de manutenção automotiva da Biosev, esse foi um dos diferenciais que levaram a empresa a optar por trabalhar com os lubrificantes da marca. “O agronegócio é uma indústria sazonal, por isso, demandamos bastante treinamento, muita orientação e procedimentos para reciclar os conhecimentos dos colaboradores na entressafra. Encontrar um parceiro que pudesse oferecer isso ao time, certamente, fez toda a diferença”, comenta.
É claro que muitas incertezas ainda rondam o cenário industrial de 2021. Entretanto, as lições aprendidas no ano que passou ajudarão os líderes e gestores a ultrapassarem os desafios que possam aparecer. Alguns deles, inclusive, já podem ser previstos. Investir na digitalização dos processos, tanto internos quanto externos, na atualização do quadro de funcionários e, também, em manutenção são algumas das chaves para enfrentar o mercado pós-crise. Agora que você já conheceu as principais lições que a indústria brasileira levará para o momento pós-crise, continue recebendo novidades do setor em primeira mão! Cadastre-se aqui para receber notícias e artigos diretamente no Telegram.