Lubrificação

Excesso de graxa em rolamentos: quais problemas podem surgir?

Quando falamos em lubrificação, aqui no Inovação Industrial, é comum citarmos os problemas ocasionados pela aplicação insuficiente dos fluidos. Atrito, desgaste, micropitting e diminuição da vida útil dos componentes do maquinário são apenas alguns exemplos. Entretanto, a situação oposta também resulta em grandes transtornos. O excesso de graxas é responsável por vazamentos, superaquecimento e, até mesmo, sobrecarregar vedações importantes.

No segmento do papel e celulose, esse é um cenário comum por conta do grande volume de graxas aplicadas nos equipamentos. Esse produto é aplicado nos rolamentos do triturador de madeira, mancais de exaustores e ventiladores, correias transportadoras, motores elétricos, enfim, está tanto na etapa florestal, quanto industrial. Para entender melhor quais os problemas ocasionados pelo excesso de graxas, especialmente, em rolamentos, conversamos com João Luis Sant’anna e Eliézer Vasconcelos, especialistas técnicos da PETRONAS.

Neste artigo, você conhecerá as principais indicações para não errar na quantidade de graxas aplicadas em rolamentos. E, claro, saberá o que fazer assim que o problema for detectado. Acompanhe!

As consequências do excesso de graxas para os equipamentos

O principal problema será, sem dúvidas, o superaquecimento. O óleo lubrificante tem a função de, também, trocar o calor do equipamento com o ambiente, mas essa característica não está presente nas graxas”, explica Eliezer, engenheiro e executivo de serviços técnicos da PETRONAS. Ao aplicar uma quantidade maior que a necessária, é gerado o calor pelo atrito do fluido. 

E, por a graxa não realizar a gestão dessa temperatura, ela se degrada, ocorrendo a separação entre o óleo e o espessante presentes na fórmula. Quando isso acontece, o último endurece e pode obstruir a entrada de graxa na pista do rolamento. Ou seja: mesmo o excesso de graxa pode levar à lubrificação insuficiente.

Outro problema oriundo do excesso de graxa nos rolamentos é a perda da estabilidade mecânica. Mesmo que a redução do atrito entre as faces de metal seja o principal objetivo da lubrificação, quando excedente, compromete a precisão dos mecanismos. Além disso, pode fazer com que os elementos rolantes “empurrem” o material para fora da pista, levando à perda de eficiência dos componentes e aumento da temperatura operacional.

Quanto às vedações, elas podem se romper e permitir a entrada de contaminantes ― como água e poeira  ― nos sistemas. Para se ter uma ideia, quando lubrificada em excesso, a pistola de graxa chega a produzir até 15.000 ips, sendo que as vedações, geralmente, falham quando o valor alcança 500 ips.

Cuidados necessários para evitar o excesso de graxa

Todos os problemas que você leu acima podem ser facilmente evitados. Mas, para isso, é preciso entender melhor quais parâmetros considerar na hora de realizar a aplicação do material nos rolamentos. A seguir, você verá as recomendações dos especialistas técnicos da PETRONAS para acertar na hora da lubrificação.

Saber o tempo certo de relubrificação 

Engraxar os rolamentos com muita frequência aumenta significativamente o risco de exceder a quantidade necessária para a operação. Caso o equipamento tenha pontos adequados de purga, esse problema é reduzido. 

Entretanto, essa prática nunca é recomendada, uma vez que, aplicando com frequência, corre-se o risco de estar purgando graxa ainda em boas condições. Ou seja, o melhor mesmo é saber ao certo de quanto em quanto tempo a relubrificação deve acontecer.

Para isso, alguns fatores devem ser considerados:

  • quanto maior for a temperatura operacional, mais rápido ocorrerá a degradação da graxa;
  • ambientes úmidos, equipamentos com muita vibração e expostos a fatores contaminantes, também, influenciam na frequência da relubrificação;
  • o tipo de rolamento deve ser considerado, sendo que os de esfera agitam mais a graxa;
  • a posição vertical exige que a relubrificação seja mais assídua. 

Para determinar com exatidão em quais momentos é, de fato, conveniente engraxar os rolamentos, use a fórmula: 

Formula

Aonde: 

  • T = Tempo até a próxima relubrificação (horas) 
  • K = Produto de todos os fatores de correção (veja tabela abaixo) 
  • n = Velocidade (rpm) 
  • d = diâmetro do furo (mm) 


Nota: 

  • ips = polegadas / segundo 
  • 0,2 ips = 5 mm/seg

Embasar a quantidade em cálculos

Na hora da relubrificação, de acordo com os especialistas da PETRONAS, o melhor a se fazer é consultar o manual do fabricante e conferir as indicações de quantidade da OEM. Entretanto, quando essa informação não estiver disponível, pode-se utilizar a seguinte fórmula para determinar o volume de aplicação correto:

Q(g) = D x B x 0,005

Onde:

Q = Quantidade de graxa em gramas

D = Diâmetro externo do rolamento em mm

B = Largura da pista do rolamento em mm

Instrução dos profissionais

O excesso de graxa é um problema de origem 100% humana. Ou seja, não importa qual o tipo de produto utilizado, nenhuma característica dele pode ocasionar esse empecilho. É por esse motivo que a correta instrução dos colaboradores e ter rotinas estruturadas a respeito das intervenções nos equipamentos é tão importante.

Atualmente, não se pode mais contar com “achismos” e todas as ações não embasadas em dados podem ser extremamente danosas. Portanto, é imprescindível que os responsáveis pela manutenção tenham consciência do uso das fórmulas adequadas para determinar as quantidades corretas de graxa.

O que fazer ao detectar o excesso de graxa nos rolamentos

Assim que for identificado o excesso de graxa nos rolamentos, o problema deve ser imediatamente corrigido. Como a graxa não é um fator contaminante para o equipamento, o processo de limpeza é muito mais simples. O que não significa que não deva seguir alguns passos para garantir a correção.

A recomendação do consultor técnico João Luís é clara: “deve-se retirar toda a graxa. É bastante comum vermos profissionais fazendo esse trabalho ‘no olho’, ou seja, removendo o tanto que ele acredita estar sobrando. Na PETRONAS, sempre instruímos a tirar todo o produto, descobrir a quantidade certa por meio do manual do fabricante ou da fórmula e, então, aplicar novamente nos rolamentos”. 

Como você pôde perceber, o excesso de graxas nos rolamentos é um problema evitável e, de certo modo, simples de resolver, quando detectado a tempo. Porém, as consequências podem ser graves para quem negligencia as recomendações de aplicação. 

Agora que você já sabe quais os problemas ocasionados pelo excesso de graxas e como determinar quantidade exata, confira o portifólio de graxas industriais PETRONAS e solicite um orçamento.

Checklist: 10 fases da lubrificação by PETRONAS

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2 Comentários

  1. Gostaria de receber dicas de lubrificação industrial!

    1. Olá Jairo, tudo bem?

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