Saber onde investir seus esforços e recursos na manutenção dos ativos é uma maneira de reduzir custos e manter a disponibilidade dos equipamentos. Diversas ferramentas de análise vêm sendo implementadas para ajudar os gestores a definir suas prioridades. Uma delas é a RBI, ou Inspeção Baseada no Risco, tema do nosso artigo de hoje.
Essa é uma metodologia que se ancora em dados qualitativos e quantitativos para determinar quais os ativos que merecem mais atenção. Continue a leitura e confira os detalhes e benefícios de aplicá-la na sua indústria.
Por que investir na Inspeção Baseada no Risco (RBI)?
A primeira resposta para essa pergunta é, sem dúvidas, o fato de poder direcionar a atenção para os ativos críticos. Ao analisar a planta fabril de maneira individualizada, considerando todos os equipamentos, pode-se também determinar cronogramas personalizados, que respeitem as demandas e características de cada um. Isso leva a uma série de benefícios, que você confere abaixo.
1. Reduz custos com manutenção
Seguir o cronograma de manutenções, respeitando as orientações das OEMs, é uma forma reconhecida de otimizar os custos aplicados a essa área. Entretanto, a Inspeção Baseada no Risco leva isso a outro nível. A RBI permite identificar quais equipamentos ou componentes representam maior risco para a segurança, meio ambiente e operações caso falhem. Com isso, as inspeções e manutenções são concentradas nesses pontos críticos, evitando o uso desnecessário de recursos em equipamentos de menor risco.
A possibilidade de prever, analisar e entender a causa raiz da falha, seja ela qual for, torna o trabalho de direcionamento de custos mais eficiente, além de espaçar as intervenções. Isso porque, ao adotar uma abordagem baseada no risco, a RBI evita que sejam realizadas inspeções em intervalos fixos ou frequentes em todos os equipamentos. Em vez disso, elas são realizadas de acordo com a probabilidade e as consequências da falha, o que pode reduzir significativamente o número de paradas para manutenção e, claro, os custos.
2. Apoia a tomada de decisão
Um dos grandes ganhos que os gestores têm ao implementar a RBI é em relação aos dados angariados com essa metodologia. Como ela propõe um “raio-x” dos equipamentos, há o fornecimento de informações que apoiam as decisões sobre onde e quando investir na manutenção. Isso ajuda a justificar a alocação de recursos com base em uma análise de risco sólida, o que pode levar a uma melhor gestão do orçamento de manutenção.
A depender dos insights, outras metodologias podem ser necessárias. Uma delas é a CPMV ou ERV, também chamado de “Custo de Manutenção sobre Valor de Reposição”. Ela serve para determinar se os recursos aplicados na manutenção dos ativos são coerentes ou se é melhor fazer a troca do equipamento ou veículo.
3. Aumenta a segurança e a confiabilidade dos equipamentos
A importância dada à manutenção está diretamente ligada à segurança daqueles que interagem com os equipamentos. Ao identificar os equipamentos com maior probabilidade de falha e direcionar as inspeções e manutenções para essas áreas críticas, a adoção da RBI reduz a chance de paradas inesperadas, que poderiam levar a acidentes ou danos ao meio ambiente.
Já a confiabilidade é um termo utilizado como uma medida de desempenho. Define a probabilidade de um item, componente, equipamento, máquina ou sistema realizar sua função, conforme as condições especificadas para sua operação em um determinado período.
Como implementar a Inspeção Baseada no Risco (RBI)?
Implementar a Inspeção Baseada no Risco não é uma tarefa complexa, embora possa ser trabalhosa em um primeiro momento. Isso porque a planta deverá ser mapeada e os ativos críticos identificados. Aqui, vale destacar que a RBI é baseada em uma avaliação criteriosa de três parâmetros-chave: probabilidade e consequência da falha, bem como a vulnerabilidade do ativo. Portanto, devem ser considerados sensíveis aqueles que têm impacto significativo na confiabilidade, meio ambiente e segurança das operações.
Concluído o mapeamento do parque fabril, o próximo passo é classificar os ativos com base no seu nível de criticidade. Essa é a etapa mais importante, uma vez que é essa lista que definirá as prioridades de manutenção.
A partir disso, é desenvolvido o plano de ação específico para cada um. Nisso, deve constar as atividades que precisam ser feitas, a periodicidade das inspeções, descrição dos métodos que serão utilizados.
Semelhante a outras metodologias aplicadas na indústria, a RBI tem como objetivo a melhoria contínua. Por isso, determina que os planos de inspeção sejam constantemente revisados para que sigam eficazes. Assim, podem ser atualizados pontos, tais quais a frequência de intervenções e, igualmente, a adoção de novas estratégias de mitigação de riscos.
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Quais outras metodologias apoiam o desenvolvimento da RBI?
A busca pela eficiência nas linhas de produção passa, necessariamente, por uma manutenção rigorosa e bem gerida. Desse modo, cada vez mais, os gestores têm se utilizado de metodologias que, mesmo vindas de outras áreas do conhecimento, apoiam esse setor na busca pela melhoria contínua dos processos. Abaixo, selecionamos algumas das mais adotadas na indústria e vem ao encontro da proposta da Inspeção Baseada no Risco: manutenção assertiva e redução de custos.
- Lean manufacturing: baseada na redução de desperdícios, a manufatura enxuta, como também é chamada, tem sido amplamente difundida na gestão da manutenção. Tem como finalidade o aumento da produtividade, a diminuição do custo da ociosidade e a otimização de recursos;
- Metodologia 8D: embora o nome nos faça pensar que temos apenas oito etapas, na verdade, elas são nove passos que propõem uma estrutura em que os problemas de manutenção sejam identificados e sanados em pouco tempo;
- FMEA: trata-se de uma análise que visa identificar falhas e suas consequências, o que a torna uma excelente ferramenta para garantir a confiabilidade e o desempenho dos equipamentos críticos.
Já que o assunto é manutenção industrial, que tal ler nosso outro conteúdo que mostra 6 mitos sobre manutenção industrial que você precisa conhecer? Com certeza, ajudará a manter essa parte do negócio mais eficaz e lucrativa. Aproveite e inscreva-se no canal do Portal Inovação Industrial no Telegram para receber nossas novidades em primeira mão!