Contratar transporte de carga é parte essencial das rotinas de profissionais que lidam com a cadeia de suprimentos. Essa é uma atribuição das mais sensíveis entre os especialistas que lidam com compras de combustíveis e óleos em geral.
Isso porque, nesse setor específico, é comum trabalhar com encomendas que vêm do exterior, portanto, via transporte embarcado. O que pode ser feito, nesse caso, para otimizar as operações e ter os melhores resultados, enquanto se reduzem os custos?
Para responder a esta e outras questões ligadas ao tema, convidamos Rodrigo Rocha, gerente comercial da unidade de negócio Logística da Wilson Sons. Acompanhe nos próximos tópicos o que o especialista tem a dizer.
Os cuidados que você deve tomar antes de contratar transporte de carga
Quando o assunto é transporte de cargas, muitos fatores devem ser considerados, desde o tipo de carga até a necessidade de operações intermodais. Confira abaixo os 4 principais cuidados na hora da contratação, segundo o especialista.
1. Entender a importância de ter um seguro de carga
O transporte de carga, no contexto marítimo, deve ser pensado como o primeiro elo de uma sequência de operações intermodais. Sendo assim, ele começa em navios que, ao aportarem, dão início a uma nova etapa, na qual se ligam meios terrestres ou aéreos.
Esse contexto multimodal, por sua vez, pode vir a representar custos maiores ou não para o operador logístico. Nesse aspecto, além do modal, é preciso considerar o tipo de carga transportada, suas quantidades, os tipos de navios e eventuais condições especiais de armazenamento.
Sobre isso, Rodrigo Rocha exemplifica: “eventualmente, existem cargas que precisam até mudar o modal de transporte. É o caso dos produtos da área farmacêutica, na qual a exigência é que o transporte seja feito de helicóptero – em casos excepcionais – para alguns medicamentos.”
Assim sendo, quanto maior o valor agregado da mercadoria a ser transportada, maiores os custos e a demanda por segurança. É nesse ponto que é fundamental contar com o que os profissionais de logística chamam de Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR). De acordo com Rocha, “o PGR determina a infraestrutura para transportar uma carga, servindo, portanto, como uma referência para o seguro.”
Esse é um cenário comum em operações envolvendo o transporte de óleos e combustíveis. Como são produtos inflamáveis, cujo transporte comporta riscos de acidentes, devem ser obrigatoriamente protegidos por seguro.
A apólice, por sua vez, deve ser contratada para cobrir todas as fases do processo de compra, a começar pelo embarque do produto no porto de origem, caso a encomenda seja feita no exterior. Dessa forma, a agência marítima contratada desempenha um papel de extrema importância.
2. Conhecer o papel da agência marítima
Sobre isso, o especialista adverte que “é preciso observar as condições da negociação antes do transporte marítimo. Algumas delas são o tipo de seguro, serviços acessórios e o free time do demurrage da unidade de transporte, já que há uma taxa cobrada para o caso de exceder esse prazo. Em certos casos, o frete — freight — pode ser barato, mas com período curto para remoção do contêiner, desová-lo e entregá-lo de volta para o armador do navio — ship owner.”
Outro ponto significativo e que torna o agenciamento marítimo — shipping agency — ainda mais importante ao contratar transporte de carga, é o tipo de navio a ser escolhido. “O contratante deve avaliar se o transporte atende aos requisitos de volume e peso. No transporte marítimo, existem contêineres especiais só com base, enquanto outros apresentam abertura superior. É importante entender a capacidade e o perfil da sua carga para adequação à unidade”, completa Rodrigo.
O especialista reforça o papel da agência marítima, considerando que as rotas percorridas pelos oceanos podem levar dias para serem cobertas: “É importante seguir o que está no plano de operação do cliente. Cada carga tem sua especificidade, por isso, temos um protocolo padrão, em conformidade às leis e pautado pelos aspectos operacionais.”
Contudo, o cuidado vai além de seguir as normas e de garantir a adequação das operações. A respeito disso, o gerente comercial da Wilson Sons acrescenta: “Há, por exemplo, a questão da temperatura e da compatibilidade com outras cargas. É o que acontece no setor químico, onde não se transporta um inflamável junto a produtos corrosivos. Por isso, a agência de transporte marítimo deve cuidar de acondicionar a carga em áreas que facilitem e tornem seguras a remoção e posterior locomoção.”
3. Saber quais são os desafios e problemas do setor
Tendo em vista a quantidade de variáveis em jogo, é esperado que surjam uma série de desafios a serem enfrentados por compradores e operadores da supply chain. Entre esses desafios, segundo Rodrigo Rocha, está o de manter o sigilo e a segurança das informações.
“Apenas as pessoas envolvidas no processo de transporte devem ter acesso à informação da carga ou do projeto em questão. Em alguns casos, antes das operações logísticas serem iniciadas, há assinatura de acordos de sigilo para proteção e blindagem adicional”.
Para reduzir a exposição ao risco de vazamento de informação sigilosa, Rodrigo conta que a tecnologia tem um papel decisivo, principalmente na questão da vigilância. A infraestrutura, nesse aspecto, pode envolver até mesmo centrais inteiras de CATV, nas quais equipes treinadas monitoram o percurso da carga desde o seu carregamento nos portos.
Nesse aspecto, cabe ressaltar a escalada do roubo de cargas no Brasil que, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal, cresceu entre 2012 e 2017. Embora nessa etapa o transporte não tenha relação com o transporte marítimo, deve ser sempre considerada em virtude da natural conexão entre modais.
4. Ter cuidado ao contratar transporte de carga marítimo
Além do seguro e de garantir as condições de transporte e armazenamento adequadas, há outros cuidados a priorizar no transporte de carga. Um deles, segundo Rodrigo Rocha, é o lead time, ou seja, o tempo de transporte de um ponto a outro.
Por isso, segundo o especialista “é importante conhecer a rota e o transportador contratado e certificar-se de que ele pode cumprir o prazo necessário para assegurar o tempo certo nas operações logísticas.”
O transporte pelo mar, por sua vez, também está sujeito a paradas e interrupções por diversos motivos. “Podem haver pontos de parada ou de transbordo, que podem fazer com que a entrega sofra atrasos”, alerta, novamente, o gerente comercial da Wilson Sons.
Por fim, Rodrigo Rocha destaca a necessidade de uma parceria sólida e de troca de informação constante entre cliente e agência marítima. “Mantemos um controle constante para verificar se há discrepância na quantidade de volumes ou de peso. Esses indicadores são construídos junto ao cliente, embora a Wilson Sons sugira indicadores padrão. De qualquer forma, o cliente tem liberdade para propor soluções, o que nos ajuda a montar um painel de referência para deliberar sobre a melhor solução em transporte. Sempre, claro, privilegiando a decisão de quem contrata nossos serviços”.
Rodrigo finaliza: “contratar transporte de carga pede, ainda, medidas extras de prevenção como verificação dos contratos, estado da mercadoria — se está ou não fracionada — e segurança extra para cargas de alto valor. Vale, ainda, exigir a documentação do que foi entregue e nunca transportar carga sem garantir as condições ideais de temperatura e abrigo de luz”.Gostou do material? Aproveite e baixe a planilha para cálculo de frete Break Bulk da Wilson Sons!