Os custos de produção na indústria já são muitos. Aumentá-los por conta de vazamentos nas indústrias é inaceitável em um cenário onde a otimização dos recursos disponíveis é regra número um. Entretanto, com tantos equipamentos, processos e componentes diferentes presentes nas instalações, problemas como esse são corriqueiros. O que não quer dizer que devam ser encarados como triviais.
O desgaste, operação inadequada e negligência nos planos de manutenções preventivas e preditivas são os maiores responsáveis pelos vazamentos industriais. E as consequências são graves: desperdício, paradas não programadas para manutenções corretivas, risco de acidentes de trabalho e prejuízos ambientais. Isso sem falar no impacto direto nos cofres da empresa.
Mesmo sendo um problema com forte impacto para a produção, os vazamentos industriais são, em sua maioria, evitáveis. E, quando não, a tecnologia já consegue auxiliar na rápida detecção de escapes. Manter a constante observância sobre os pontos prováveis de apresentar essa situação é função de todos os envolvidos na operação, especialmente, dos responsáveis pela manutenção dos ativos.
No artigo de hoje, vamos falar melhor sobre os vazamentos industriais mais comuns, como detectá-los rapidamente e, claro, como prevenir que este problema afete a sua linha de produção. Acompanhe.
Os tipos de vazamento industriais mais comuns e como detectá-los
Os vazamentos industriais mais comuns são os de líquidos (óleos, líquidos inflamáveis, água de resfriamento) e de gás (refrigerante, liquefeito de petróleo e outros de uso específico). Independente de qual seja o escape, agir rapidamente estanca o desperdício e mostra que novas ações de manutenção devem ser adotadas.
Dentre os vazamentos mais comuns em diversos segmentos da indústria, podemos destacar:
Ar comprimido
Para se obter uma unidade de energia pneumática, são necessárias oito unidades de energia elétrica. E, sendo esta última bastante cara, otimizar o uso ar comprimido na indústria faz muita diferença nos custos de operação. O uso racional deste suprimento deve ser preocupação de todos os envolvidos no processo e ganhar destaque nos planos de manutenção. Um pequeno furo, mesmo com apenas 1mm de diâmetro, já é suficiente para aumentar significativamente os custos com energia elétrica. Abaixo, uma tabela que mostra o desperdício de ar comprimido e energia elétrica, de acordo com o tamanho do vazamento:
Para se ter uma ideia, vamos considerar um furo de 3mm em um equipamento que opera por 720h/mês, com preço médio de kWh de R$0,55.
- 3,1KW x 720h: 2.232KW mês
- 2.232KW x R$0,55: R$1.227,60 é o que o vazamento de ar consome de energia em um mês.
Além dos gastos, os escapes de ar comprimido sobrecarregam os compressores, que passam a trabalhar mais para compensar a perda. Consequentemente, a vida útil do equipamento também é comprometida.
Como detectar: para encontrar vazamentos de ar comprimido, muitos ainda apelam para a audição. Escutar chiados associados a esses escapes é uma prática ineficiente, uma vez que o ambiente industrial não possibilita a correta percepção de ruídos. Há quem também aplique água e sabão sobre as tubulações suspeitas, mas, essa é outra técnica que deve ser deixada no passado.
Uma solução adequada, e já bastante difundida, é o detector acústico ultrassônico. Ele capta sons associados a vazamentos a uma distância de, em média, 20 metros e os transforma em frequências audíveis. Por ser curto alcance, pode esconder escapes presentes em locais de difícil acesso. Sistemas de detecção por imagem também já são utilizados em muitas indústrias e permitem conhecer o local exato do problema, mesmo em ambientes ruidosos e sem necessitar a parada do equipamento.
Óleo
Os sistemas hidráulicos são outros grandes geradores de energia para a indústria. Portanto, desperdiçar o potencial dos equipamentos com vazamentos de óleo é jogar fora a chance de produzir mais. Um pequeno escape já é capaz de comprometer o desempenho dos ativos, diminuir sua vida útil e, claro, gerar muitos custos para empresa. Para se ter uma ideia, um único furo, que pinga uma gota por segundo, resulta em 420 galões de óleo desperdiçados por ano.
Os lubrificantes contaminados têm grande participação nos casos de vazamento hidráulico. Ao aplicar um produto impuro no sistema, a formação de detritos metálicos é facilitada. Com a ação do tempo, esses sedimentos contribuem para a corrosão das superfícies, dando origem ao escape.
Além dos principais riscos que o escapamento de óleo traz para a indústria, um ponto merece destaque: o escape de fluido não afeta apenas o equipamento onde se encontra o furo. Ele pode contaminar outros sistemas e provocar uma reação em cadeia, que pode ocasionar a falha de diferentes ativos.
Como detectar: acompanhar de perto os níveis de óleo e o real consumo das máquinas é uma das melhores formas de perceber furos no sistema. Acumular dados ao longo dos meses ajuda o profissional e perceber alterações no consumo. Assim, consegue-se evitar uma medida paliativa que custa caro: a reposição do óleo no lugar da detecção do vazamento.
Outra forma de encontrar pontos de escape em sistemas hidráulicos, é a partir da aplicação de um fluido fluorescente no sistema. Produzidos seguindo orientações das OEMs, eles circulam e apontam os locais de escape quando realizada a inspeção com luz negra. A utilização de softwares que monitoram os equipamentos e apontam os locais de falha também tem ganhado espaço em tempos de Indústria 4.0.
Gás
O Brasil importa mais de 14 milhões de toneladas de gás refrigerante por ano. Destes, 8 milhões são destinados à reposição, o que corresponde a 58% do total importado. Além do desperdício de material, um vazamento de gás pode oferecer muitos riscos para os envolvidos com sistemas que o utilizam. Controlar o uso do gás também contribui para que a indústria atenda às leis ambientais.
Os gases têm aplicações diversas na indústria, fazendo com que o cuidado com os sistemas seja individualizado, de acordo com as características do gás envolvido no processo.
Como detectar: os aparelhos de ultrassom são grandes aliados na detecção rápida no vazamento de gás. Ele atua inspecionando o ar em busca de vibrações criadas pelos escapes de gases e, quando as encontra, as transforma em um chiado audível.
Uma série de detectores está disponível no mercado e o modelo varia de acordo com o tipo de substância que pretende ser identificada. Esses dispositivos medem o ambiente, ininterruptamente, em busca de possíveis escapes.
Como prevenir os vazamentos na sua indústria
As respostas são duas: observância constante e manutenção. Um dos problemas que mais contribuem para o surgimento de vazamentos são as falhas estruturais nas tubulações. Elas se dão de três formas:
- físicas: em função da variação de temperatura, os tubos podem contrair e dilatar, causando danos estruturais;
- químicas: a contaminação dos lubrificantes pode se enquadrar neste tipo de dano, assim como a perda de proteção galvânica de superfícies expostas à soldas, emendas, etc;
- mecânicas: resultantes de baques, atritos e fricção com outros componentes.
O primeiro passo para evitar vazamentos é mapear os pontos de atenção e conferir se há contexto para o aparecimento de uma dessas três falhas. Mesmo que sejam descartados princípios que levam aos colapsos citados acima, as medidas de manutenção se fazem necessárias.
A verificação periódica dos ativos mais propensos e a inclusão deles nos planos de manutenção são ações capazes de identificar rapidamente maior consumo, apontando possíveis vazamentos. Na manutenção também pode-se verificar a necessidade de substituição de tubulações, reformas e outras melhorias de modo a prevenir o surgimento de escapes. Ficar de olho nos vazamentos industriais é só uma forma de utilizar a manutenção em prol da otimização de recursos. Se você quer identificar outros problemas que podem estar atrapalhando o dia a dia da sua indústria e se tornando um centro de custos, baixe gratuitamente o material Gestão da Manutenção Industrial: aprendendo a identificar gargalos e gerar oportunidades.