Ao acompanhar nossos artigos sobre lubrificação, é possível que muitos se deparem com termos não muito comuns. E isso pode acontecer mesmo entre os profissionais da área! Como os óleos lubrificantes são complexos e têm aplicações distintas, existem uma série de particularidades.
Justamente por conta da diversidade de formulações e dos detalhes implícitos a elas, é tão importante conhecer os principais termos e siglas ligados à lubrificação industrial. Conhecê-los ajuda a entender melhor onde e como aplicar o produto, saber o que se pode esperar dele e quais adversidades podem ocorrer.
Neste artigo, preparamos um glossário com os principais termos da lubrificação industrial. Nele, você vai encontrar respostas para muitas dúvidas que podem surgir já na leitura do rótulo do lubrificante, além de complementar os seus conhecimentos sobre o assunto. Acompanhe!
Os principais termos da lubrificação industrial
A
Aditivo
Qualquer material adicionado a um óleo básico para alterar suas propriedades, características ou desempenho.
Aditivo antiestático
Aditivo que aumenta a condutividade dos combustíveis de hidrocarboneto para acelerar a dissipação de cargas eletrostáticas durante distribuições de alta velocidade. Dessa forma, reduz o risco de incêndio/explosão.
Agente antidesgaste
Um aditivo ou seus produtos reagentes que formam películas finas e viscosas em peças altamente carregadas para impedir o contato entre materiais.
Agente EP (aditivo de extrema pressão)
Aditivo lubrificante que impede o emperramento das superfícies metálicas deslizantes sob condições de pressão extrema.
Agente antiespumante
Aditivo usado para suprimir a tendência espumante dos produtos de petróleo em operação. Pode ser óleo de silicone para romper bolhas superficiais ou um polímero para reduzir a quantidade de pequenas bolhas formadas.
B
Borra
Resíduo espesso e escuro que se acumula nas superfícies de motores estáticos. Normalmente removível com uma esfregadela (a não ser quando endurecida até incorporar uma consistência carbônica). Sua formação está associada a produtos insolúveis que se acumulam no lubrificante.
C
Capacidade de bombeamento
Refere-se às características de viscosidade em baixas temperaturas e baixas taxas de cisalhamento-tensão de determinado óleo que viabilizam um escoamento satisfatório para a bomba de óleo do motor e a posterior lubrificação dos componentes móveis.
Centipoise
Unidade de medida da viscosidade absoluta (ou dinâmica) em um fluido. Um centipoise (cP) é igual a 0,01 Poise e equivalente a 1 milipascal segundo (mPa-s) em unidades SI. Confira também a definição de Poise neste glossário.
Centistoke
Unidade de medida da viscosidade cinemática de um fluido. Um centistoke é igual a 0,01 stoke e equivalente a 1mm²/s em unidades SI. Confira também a definição de Stoke neste glossário.
Corrosão
Desgaste resultante do movimento de pequena amplitude entre duas superfícies. Pode produzir material de desgaste na forma de óxido vermelho ou preto.
Corrosividade ao cobre
Medida qualitativa da tendência de determinado produto de petróleo sofrer corrosão ao cobre puro.
D
Demulsibilidade
Medida da capacidade de um fluido separar-se da água.
Depósito do motor
Acúmulo sólido ou persistente de resíduo de borra, verniz e carbonáceos resultantes do vazamento de combustível queimado (total ou parcialmente) ou da decomposição parcial do lubrificante do cárter. Também contribuem para isso a água oriunda da condensação de produtos de combustão, o carbono, os resíduos de combustível ou de aditivos lubrificantes, a poeira e as partículas metálicas.
Desgaste corrosivo
Desgaste provocado por reação química.
Detergente
Substância adicionada a combustíveis ou lubrificantes para manter limpas as peças do motor. Nas fórmulas de óleos motores, os detergentes comumente usados são sabões metálicos com basicidade de reserva destinados a neutralizar ácidos formados durante a combustão.
Dispersante
Aditivo que ajuda a manter a suspensão coloidal de contaminantes sólidos presentes no óleo do cárter, impedindo a formação de depósitos de borra e verniz nas peças do motor. Normalmente, é não metálico (sem resíduo de combustão) e usado em conjunto com detergentes.
E
Emulsificador
Aditivo que promove a formação de uma mistura estável, ou emulsão, do óleo e da água.
Estabilidade da oxidação
Resistência de determinado produto de petróleo à oxidação e, portanto, uma medida da sua possível vida útil ou do tempo de validade.
Estabilidade hidrolítica
Capacidade dos aditivos e certos lubrificantes sintéticos resistirem à decomposição química (hidrólise) na presença de água.
Extração do solvente
Processo de refinamento usado para separar componentes reativos (hidrocarbonetos não saturados) dos destilados lubrificantes. Tem como finalidade melhorar a reação a aditivos, o índice de viscosidade e a estabilidade de oxidação do óleo.
F
Fluxo newtoniano
Característica reológica de um fluido em que a taxa de cisalhamento é diretamente proporcional à força de cisalhamento, como nos óleos de graduação fixa que não contêm modificador de viscosidade polimérica. Quando a taxa de cisalhamento é indiretamente proporcional à força de cisalhamento, o fluxo não é newtoniano, assim como nos óleos que contêm modificadores de viscosidade ou óleo de motor usado carregado de fuligem.
Fricção
Resistência ao movimento de um objeto sobre outro. A fricção depende da suavidade das superfícies de contato, bem como da força com que são pressionadas.
Fricção de fluidos
Ocorre entre as moléculas de um gás ou líquido em movimento, sendo expressa na forma de tensão de cisalhamento. Diferente da fricção de sólidos, a fricção de fluidos varia conforme a velocidade e a área.
I
Índice de estabilidade de cisalhamento (SSI)
Medida para a perda irreversível da viscosidade do óleo atribuível ao modificador de viscosidade quando o óleo é submetido a condições especiais de teste ou de operação do motor. Também chamado de Índice de Estabilidade Permanente de Cisalhamento (PSSI), o SSI é definido pela seguinte equação:
Índice de estabilidade de cisalhamento temporário (TSSI)
Medida que avalia o quanto o modificador de viscosidade contribui para a perda percentual de viscosidade do óleo sob condições de alto cisalhamento. A perda temporária de cisalhamento é resultante da redução reversível da viscosidade em áreas de alto cisalhamento do motor, um efeito que pode influenciar positivamente na economia de combustível e na velocidade de arranque a frio.
Índice de iodo (valor)
A porcentagem de iodo a ser absorvida por uma substância quimicamente não saturada (óleo básico, óleo vegetal, borracha, etc) durante certo tempo sob condições arbitrárias. Medida de não saturação.
Índice de neutralização
Medida de acidez ou alcalinidade de determinado óleo. O número corresponde à massa em miligramas da quantidade de ácido (HCl) ou da base (KOH) necessária para neutralizar um grama de óleo.
Índice de viscosidade (VI)
Refere-se à relação da viscosidade com a temperatura do fluido. É determinado pela medição das viscosidades cinéticas do óleo a 40ºC e 100ºC, empregando as tabelas ou fórmulas inclusivas na ASTM D 2270. Os fluidos com alto índice de viscosidade, normalmente, exibem menos alterações sob ação da temperatura que os fluidos com baixo índice de viscosidade.
Inibidor
Aditivo que melhora o desempenho de determinado produto de petróleo por meio de controle de reações químicas indesejáveis (inibidor de oxidação, inibidor de ferrugem, etc).
Inibidor de corrosão
Aditivo que protege superfícies de metal lubrificadas contra ataques químicos por água ou outros contaminantes corrosivos.
Inibidor de oxidação
Substância adicionada em pequenas quantidades a determinados produtos de petróleo para aumentar sua resistência à oxidação, estendendo sua vida útil ou tempo de validade. Também chamado de antioxidante.
Inibidor do ponto de derramamento
Aditivo usado para reduzir o ponto de derramamento ou a baixa fluidez da taxa de cisalhamento em baixa temperatura de determinado produto de petróleo.
L
Lubrificação elastohidrodinâmica (EHL)
Regime de lubrificação caracterizado por altas cargas unitárias e altas velocidades nos elementos do mancal, onde as peças de encaixe sofrem deformação elástica devido à incompressibilidade da película lubrificante sob pressão extremamente alta.
Lubrificante sintético
Fluido lubrificante obtido pela reação química de determinados materiais a uma composição química específica para produzir certo composto com propriedades planejadas e previsíveis.
M
Modificador de viscosidade
Aditivo lubrificante (normalmente um polímero) cuja função é disponibilizar propriedades reológicas benéficas aos óleo lubrificantes, como redução da tendência de a viscosidade do óleo se alterar à ação da temperatura.
N
Nitração
Processo pelo qual óxidos de nitrogênio atacam fluidos de petróleo a baixas temperaturas. Geralmente, resulta no aumento da viscosidade e na formação de sedimentos.
Novo refinamento
Processo de aproveitamento de óleos lubrificantes usados e sua restauração a uma condição semelhante a dos óleos virgens por meio de filtragem, absorção de argila ou métodos mais elaborados.
O
Óleo branco
Óleo lubrificante altamente refinado e usado para aplicações especiais, como cosméticos e medicamentos.
Óleo multigraduado
Óleo para motor ou engrenagem que atende às exigências de mais de uma classificação SAE de grau de viscosidade. Assim, pode ser usado em uma faixa mais ampla de temperatura que o óleo de graduação única.
Óleo neutro
Base dos lubrificantes diesel automotivos mais comuns. Refere-se a cortes gerais leves na destilação a vácuo.
Oxidação
Os átomos de oxigênio atacam e rompem elos entre os demais átomos nas cadeias moleculares. O processo é acelerado pelo calor, luz, catalisadores de metal e a presença de água, ácidos ou contaminantes sólidos. Resulta em maior viscosidade e formação de sedimentos.
P
Perda de viscosidade temporária (TVL)
Diferença entre a viscosidade dinâmica medida a uma alta taxa de cisalhamento em relação a que foi determinada a uma baixa taxa de cisalhamento. Ambas as viscosidades são medidas à mesma temperatura.
Perda percentual de viscosidade permanente (PPVL)
Medida da PVL relativa à viscosidade de óleo novo. Equivalente à PVL dividida pela viscosidade do óleo novo, multiplicada por 100.
Perda percentual de viscosidade temporária (PTVL)
Diferença entre a viscosidade de determinado óleo medida a baixas e altas taxas de cisalhamento, dividida pela viscosidade medida a uma baixa taxa de cisalhamento, multiplicada por 100. Todas as viscosidades devem ser medidas à mesma temperatura usando as mesmas unidades (cSt ou cP).
Poise (P)
Unidade de medição da resistência de determinado fluido ao escoamento (isso é, a viscosidade). A definição se baseia na tensão de cisalhamento (em dinas/cm²) necessária para mover uma camada de fluido através de outra a uma espessura total de 1cm à velocidade de 1cm/s. Essa viscosidade é independente da densidade do fluido e está diretamente relacionada à resistência do escoamento.
Ponto de derramamento
Indicador da capacidade de um óleo ou combustível destilado escoar a baixas temperaturas operacionais. Corresponde à temperatura mais baixa na qual o fluido escoa quando refrigerado sob condições prescritas.
Ponto de fusão
Temperatura mínima de resistência de um fluido à combustão (ou fusão) instantânea, ocorrendo, porém, sua queima constante (ponto de combustão) antes disso. O ponto de fusão é um indicador importante dos perigos de incêndio e explosão associados a produtos de petróleo.
Ponto de névoa
A temperatura na qual se forma uma névoa de cristais de cera quando um lubrificante ou combustível destilado é resfriado sob condições padrão. Indica a tendência do material em obturar filtros ou pequenos orifícios sob condições operacionais ou de clima frio.
Ponto extremo
A temperatura de vapor mais elevada registrada durante um ensaio de destilação de determinado óleo ou petróleo.
R
Refinamento
Uma série de processos para converter o óleo bruto e suas funções em produtos de petróleo acabados, incluindo desintegração térmica, desintegração catalítica, polimerização, alquilação, reforma, hidrodesintegração, hidrogenação, tratamento hidrogênico, Hydrofining, extração de solvente, remoção de cera, remoção de óleo, tratamento ácido, filtragem de argila e remoção de asfalto.
Refinamento de solvente
Processo pelo qual óleos básicos lubrificantes são extraídos de óleo gasoso pesado e processado ou outros fluxos brutos pesados e processados utilizando solventes seletivos, como furfural ou fenol.
Requisito de octana (OR)
Combustível de referência com o mais baixo índice de octana que permitirá o motor operar sem detonações sob condições ou funcionamento padrão. O OR é uma característica própria de cada motor.
S
Stoke (St)
Unidade de medição da viscosidade cinética, definida pela relação da viscosidade dinâmica do fluido com sua densidade. Normalmente, expressa em centistokes (cSt), onde 1 stoke = 100 cSt e 1 cSt = 1 mm²/s.
V
Verniz
Película fina, insolúvel e não secável que se forma nas peças internas do motor. Pode provocar emperramento e mau funcionamento das peças móveis com pouca folga entre si. Nos motores a diesel é chamada de laquê.
Viscosidade
Medida da resistência interna do fluido ao escoamento.
Viscosidade cinemática
Medida da resistência de determinado fluido ao escoamento sob a ação da gravidade a uma temperatura específica (normalmente 40ºC ou 100ºC).
Viscosidade da taxa de alto cisalhamento em alta temperatura (HTHS)
Medida de resistência de determinado fluido ao escoamento sob condições semelhantes às de mancais de munhão altamente carregados em motores de combustão interna acionados, normalmente 1 milhão S-1 a 150 °C. Esses são os principais termos utilizados quando o tema é lubrificação industrial. Porém, o assunto vai muito além do fluido e envolve, também, o conhecimento acerca de equipamentos e combustíveis. Você pode ter acesso à versão completa deste material no e-book Glossário de Lubrificação: Os principais termos e abreviações. Cadastre-se, também, para receber notícias e artigos diretamente no Canal do Telegram.