Contaminação de lubrificantes por água: quais as consequências para a linha produtiva?

Que a presença de particulados sólidos nos fluidos danifica os equipamentos e pode ser a causa raiz de diversas falhas, você já sabe. Mas e quando a contaminação de lubrificantes se dá por conta da presença de água? Quais as consequências que a manutenção precisa enfrentar? Embora muitas vezes negligenciado, esse é um problema que traz sérios riscos para a produção, visto que impacta diretamente na vida útil do óleo e na disponibilidade dos equipamentos.

Além de entender como a contaminação de lubrificantes por água afeta a manutenção, é preciso conhecer alguns aspectos mais técnicos sobre o assunto. Para ajudá-lo, elaboramos este artigo com as principais informações. Continue a leitura e tire suas dúvidas.

O que acontece com os equipamentos quando há contaminação de lubrificantes por água?

Água e óleo não se misturam, correto? E, a partir dessa máxima, já podemos extrair o primeiro problema causado pela umidade: a desestabilização da fórmula do lubrificante. Algumas até conseguem suportar um pouco a presença desse contaminante. Existem fluidos industriais, tais quais óleos para turbinas ou hidráulicos, que conseguem conter até 200 ppm – 600 ppm (0,02% – 0,06%) de água no estado dissolvido ― caracterizado por moléculas individuais de água presentes em todo o conteúdo do lubrificante.

Contudo, no momento em que esse nível é extrapolado, a água passa para uma nova fase: a emulsificação. Aqui, ela já é visível a olho nu, uma vez que forma gotas na superfície do óleo, o que o deixa com um aspecto turvo. Já no estado chamado de da água livre, a presença do contaminante é tão alta que é possível ver, nitidamente, a separação entre ela e o lubrificante. Esses dois estados, sem dúvidas, são muito mais danosos para os equipamentos do que o dissolvido.

Para se ter uma ideia, a presença de água emulsificada ou livre é capaz de diminuir em, até, 90% a vida útil de um mancal de deslizamento. Isso porque, mesmo em pequenas quantidades, é capaz de romper o filme hidrodinâmico que impede o atrito, levando ao desgaste prematuro desses componentes. Ainda, em determinadas circunstâncias, as moléculas podem se romper, separando o hidrogênio do oxigênio. Conforme isso acontece, os íons de hidrogênio podem ser absorvidos pela superfície das pistas dos mancais de rolamento, o que fragiliza o material.

Os impactos da contaminação de lubrificantes por água nos motores a diesel

Em motores a diesel, a contaminação de lubrificantes por água é, também, bastante nociva. Isso porque o combustível utilizado é higroscópico, ou seja, tem uma grande capacidade de absorver a umidade do ar. À medida que o veículo roda, ela entra em contato com o diesel por meio dos respiros do tanque. Ocorre, então, a decantação, que a mantém na parte inferior do filtro de combustível.

Caso essa água chegue até os bicos injetores, ocorrerá oxidação e corrosão dos componentes. Esse é um problema grave e, infelizmente, bastante comum. Estima-se que cerca de 80% dos problemas em motores a diesel têm, enquanto fonte, a presença de umidade. É recomendado que a drenagem do filtro aconteça diariamente, antes de dar a partida no veículo. Quanto à troca, a orientação é sempre seguir o que está estipulado no manual do fabricante.

Como a contaminação por água afeta a fórmula do lubrificante?

Acima, mencionamos que a umidade é capaz de alterar a fórmula do lubrificante. Isso acontece a tal ponto que ele oxida 10 vezes mais cedo que um óleo livre desse contaminante. Alguns fluidos sintéticos, a exemplo dos ésteres fosfatados e dos dibásicos, interagem com a água e, por isso, envelhecem mais cedo e facilitam a formação de acidez.

Os aditivos também sofrem com essa contaminação. Os antidesgaste e os de extrema pressão contêm enxofre na composição e a água faz com que eles percam propriedades importantes e formem compostos ácidos, que facilitam a corrosão. Já os demulsificantes, detergentes e antiferrugem podem ser “arrastados” pela água, resultando na formação de borras e sedimentos, além da obstrução dos filtros de óleo.

Por conta disso, é preciso que exista uma estratégia de controle de contaminação que englobe, também, a estocagem desses produtos. Muitas vezes, os lubrificantes são armazenados de maneira que facilita o contato do bocal com a umidade, o que leva à contaminação por meio do respiradouro.

Afinal, como a linha produtiva é afetada?

Com as consequências que mostramos, fica fácil entender por que a contaminação de lubrificantes por água deve ser evitada a todo custo. O número de paradas aumenta significativamente, bem como os custos envolvidos.

Mas, de fato, o pior dano que essa contaminação pode causar à produção é a interrupção dos trabalhos. A falta de disponibilidade dos ativos é um evento crítico para qualquer empresa inserida na Indústria 4.0. Nesse contexto, os planejamentos devem ser seguidos, a fim de que não haja um “efeito dominó” que culmine em atrasos ou perda de qualidade.

Para as equipes de manutenção, a contaminação de lubrificantes sempre é algo digno de preocupação, uma vez que os danos resultantes disso são bastante conhecidos entre esses profissionais. Portanto, investir em soluções que os ajudem a driblar esse problema é uma forma de garantir a linha de produção em dia e, inclusive, de evitar custos muito mais altos no médio e longo prazo.

Agora que você já sabe como é importante manter a água longe dos lubrificantes, conheça algumas Estratégias de controle de contaminação em ambientes empoeirados. Neste artigo, trouxemos dicas importantes para manter a integridade dos produtos e, consequentemente, a produção da indústria.

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