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Basicamente, todas as graxas possuem três componentes: óleo básico, aditivos e espessante. Este, também chamado de sabão, atua como uma esponja, que mantém os demais unidos. Isso vale tanto para as graxas industriais quanto para as automotivas. Então, qual a diferença entre elas? A resposta está na aplicação. Em uma mineradora, por exemplo, aquelas utilizadas nos caminhões precisam ter uma formulação diferente das utilizadas nas bombas de rejeito, que devem ser resistentes à água e à contaminação. Isso porque a carga, as necessidades de lubrificação e as condições de operação são distintas.
Por não se atentarem aos detalhes, muitos profissionais de manutenção acabam utilizando as graxas de forma equivocada. Isso acontece porque muitos ainda acreditam não haver diferenças entre graxas industriais e automotivas. Segundo o especialista da PETRONAS, Daniel Cruz, esse é um problema bastante comum. “Muitas vezes, ouvimos dos clientes que graxa X ou Y não tem uma boa qualidade. Porém, depois de uma investigação acerca da aplicação, percebemos que, na verdade, o produto é bom, mas está sendo utilizado no lugar errado”.
Além de Daniel Cruz, consultamos também outro especialista técnico da PETRONAS, João Luís Sant’anna, para entender melhor as diferenças entre esses produtos. Continue lendo este artigo e saiba como identificar a aplicação adequada para os equipamentos de mineração.
Graxas industriais ou automotivas: como determinar a mais adequada?
Segundo Daniel Cruz, “existe uma ideia de que as graxas são produtos mais simples que os lubrificantes. Entretanto, o que acontece é justamente o oposto. Isso se deve a uma característica intrínseca a esse insumo: a consistência. Por não ser um produto líquido, manter a homogeneidade e a perfeita distribuição dos componentes é muito mais trabalhoso”.
Ele comenta, também, sobre outra particularidade: na maioria das vezes, é mais difícil determinar a graxa industrial adequada que um lubrificante. Isso acontece porque, no caso dos fluidos, existem uma série de especificações (SAE, API etc.), enquanto nas graxas industriais, ainda que tenham homologações, não são tão difundidas quanto as dos fluidos.
Tudo isso exige que o estudo que determinará a graxa industrial adequada seja muito mais minucioso. Daniel Cruz elenca os fatores que devem ser explorados:
- presença de contaminantes;
- intervalo de relubrificação;
- temperatura de operação;
- velocidade do sistema;
- índice de umidade;
- carga.
Esses quesitos ajudam a determinar características importantes da graxa a ser utilizada, uma vez que cada um deles têm impacto direto na produção do insumo. A velocidade do sistema, por exemplo, serve para que os especialistas indiquem qual o óleo básico mais acertado. Enquanto isso, o estudo da carga mostra se haverá a necessidade de aditivos mais robustos, como os de extrema pressão.
Visto isso, fica fácil entender qual a diferença de graxas industriais e graxas automotivas: a aplicação. Ambos os produtos possuem, basicamente, a mesma formulação: óleo básico, aditivos e espessante. Porém, o local em que será utilizado é que ditará as proporções da composição.
Quais as especificações mais importantes das graxas industriais e das automotivas?
Logo acima, mencionamos que a atenção às especificações das graxas não é tão comum quanto a dedicada na leitura do rótulo dos lubrificantes. Entretanto, reconhecer as homologações mais importantes ajudará a diferenciar as graxas industriais das automotivas e, assim, determinar sua aplicação. Veja as principais.
- ISO 12924 e ISO 6743-9: expressam as particularidades do produto por meio de letras e números, onde as graxas industriais são identificadas por meio da letra X.
- ASTM D 4950: classifica as graxas automotivas em dois grupos. As indicadas para chassi têm o prefixo L, enquanto as ideias para rolamentos das rodas são precedidas pela letra G.
- ANSI/AGMA 9001-C18: esta norma também se vale de siglas para indicar as especificidades das graxas. Porém, é voltada para os acoplamentos.
- DIN 51825: utiliza siglas para mostrar qual a aplicação, formulação e principais características das graxas industriais para rolamentos.
Conhecer essas normas, certamente, ajudará os profissionais de manutenção a não errarem mais na escolha da graxa industrial. Isso é fundamental, uma vez que a aplicação incorreta ocasiona uma série de problemas, como você verá a seguir.
O que pode acontecer no caso de uma aplicação equivocada?
Caso uma graxa automotiva seja utilizada no lugar de uma industrial, alguns problemas poderão ocorrer. Embora nenhum deles leve o ativo ao colapso, podem trazer prejuízos significativos.
Por exemplo, caso um equipamento com temperatura operacional mais alta receba uma graxa que não tenha o espessante correto para suportá-la, haverá o amolecimento do filme lubrificante. Desse modo, a graxa escorre e deixa as faces de metal expostas uma à outra.
A contaminação dos sistemas também pode ser causada pela aplicação equivocada da graxa. Em equipamentos off-road, o ambiente geralmente é hostil e conta com uma variedade de fatores a serem considerados (incluindo água e sujeira). Nesse tipo de situação, a seleção de graxa é fundamental. Afinal, utilizar uma que não ofereça resistência à água e boa proteção contra ferrugem é expor o ativo à possibilidade de entrar em contato com esses contaminantes.
Por último, pode ocorrer, também, o excesso de graxa. Quando as particularidades do equipamento e do produto a ser usado não são respeitadas, esse é um problema bastante comum. E que pode servir de estopim para uma série de outros desafios. Entre eles, o aumento da temperatura operacional, perda de estabilidade mecânica, rompimento das vedações e necessidade de relubrificação mais frequente.
Como você pôde perceber, embora as diferenças entre graxas industriais e automotivas não sejam tão evidentes, é preciso conhecer as particularidades e necessidades de lubrificação dos ativos. Ou seja, independentemente da aplicação, é essencial saber como selecionar corretamente uma graxa, tendo em mente todos os parâmetros importantes que comentamos neste artigo.
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