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Indústria do cimento: o que profissionais de manutenção e suprimentos precisam saber sobre ESG?

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Para entender a importância do ESG na indústria do cimento, trouxemos um dado interessante. Você sabia que, caso esse setor fosse um país, ele seria o terceiro maior emissor de CO₂ do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos? Essa é uma constatação do think tank Chatham House, que revela que o segmento é responsável por 8% do dióxido de carbono jogado na atmosfera ― mais até que o combustível utilizado na aviação (2,5%).

Certo, mas qual a relação do ESG? Bom, essa é a sigla para Environmental, Social and Governance que, em português, é traduzida como Ambiental, Social e Governança. Ela se refere a um conjunto de ações que visam a potencializar esses três temas e já vem sendo amplamente praticada na indústria. Além disso, os profissionais de manutenção e suprimentos têm papel importante na implementação dessas estratégias.

Neste artigo, trataremos especificamente da indústria do cimento. Aqui, você verá o que as áreas de compras e manutenção precisam saber sobre o ESG e como podem atuar para potencializá-lo. Acompanhe.

ESG na indústria do cimento: por que esse conceito deve ser implementado?

Consumidores mais exigentes e conscientes, que se importam com a cadeia produtiva, que exigem práticas mais sustentáveis e têm noção do impacto que uma indústria tem no seu entorno são pontos que vêm sendo cada vez mais debatidos atualmente. Ainda, com a chegada de novas normas, adequar-se a essas exigências é, também, questão de se manter competitivo.

Dessa forma, conceitos como o ESG têm sido implementados na busca por ações mais sustentáveis e socialmente positivas. Afinal, a pegada de carbono desse segmento, como você viu no início, é bastante significativa. E, embora a queima do cimento possa ter fontes de combustível alternativas, com menores índices de emissão, as alterações na química do cimento não são totalmente conhecidas. Ou seja: é evidente que a indústria do cimento tem desafios, mas isso não significa que não possam ser superados.

Até porque existem outras formas de reduzir os danos causados pela atividade. Uma das maiores empresas brasileiras do setor traz alguns exemplos do que pode ser feito para garantir o cumprimento do ESG.

  • geração de valor à comunidade: busca, no âmbito social, ações pautadas no fornecimento local e em programas de desenvolvimento das comunidades onde está envolvida;
  • pegada de carbono: tem, igualmente, métricas importantes que precisam ser respeitadas, como o controle de emissões de material particulado, SO₂ (dióxido de enxofre) e NO (óxido nítrico) por tonelada de clínquer;
  • diversidade: institui parâmetros para medir a participação de mulheres nos cargos de liderança e sabe, frequentemente, quais as opiniões dos empregados sobre as iniciativas voltadas a esse aspecto;
  • preocupação com o capital humano: busca proporcionar um ambiente de trabalho seguro para colaboradores diretos, terceirizados e todos os envolvidos nas atividades.

Manutenção e suprimentos: qual a relação dessas áreas com o ESG?

Mesmo que várias práticas corporativas sejam instituídas para assegurar uma operação transparente, com menos impactos sociais e ambientais, todas elas precisam contar com a participação dos profissionais de manutenção e suprimentos. Isso acontece porque, inevitavelmente, essas iniciativas chegaram até os fabricantes de equipamentos.

Um bom exemplo é a norma Euro 6, que determina o uso simultâneo de duas tecnologias já existentes: a recirculação de gases da exaustão (EGR) e a redução catalítica seletiva (SCR). A mudança tem como objetivo reduzir a emissão de gases tóxicos e materiais particulados. No Brasil, a Proconve MAR-1 é quem estabelece os limites de emissões para as máquinas agrícolas e de construção novas.

Diante desses equipamentos mais modernos, as áreas de compras e manutenção precisam atuar em sintonia. Afinal, cuidados preventivos mais rigorosos precisam ser instituídos e insumos mais robustos precisam ser negociados, sendo crucial a coparticipação dessas equipes.

Por que a manutenção é essencial para o ESG?

A manutenção dos ativos é fundamental para que ele não emita gases poluentes em maior quantidade do que o estipulado pela legislação. O mesmo vale para os ruídos e vibrações, também especificados na Proconve MAR-1. Entretanto, os esforços não param por aí. Como mencionamos, os insumos aplicados, tal qual lubrificantes, devem ser diferenciados, aptos a lidar com essa operação e favorecer a redução de poluentes.

Por isso, estudar com atenção as recomendações da OEM e propor fluidos mais tecnológicos fica entre as principais atitudes que a manutenção deve ter para cooperar com o ESG. Além do mais, cabe ressaltar que o descarte correto dos óleos antigos e evitar desperdícios também são práticas cabíveis a essa área.

Qual o papel da área de suprimentos?

Para que a manutenção consiga atingir os resultados esperados, a área de compras é quem deve abastecê-la com os insumos necessários. Não obstante, esse setor tem ainda outro desafio, uma vez que o ESG pede uma visão completa da cadeia produtiva. Isso, claro, envolve os fornecedores. Nesse contexto, mais critérios que apenas o preço e o prazo devem ser considerados. Riscos reputacionais, regularidade fiscal e financeira, ausência de processos trabalhistas e envolvimento em escândalos são alguns deles.

O ESG estimula a área de compras a se profissionalizar e se adequar ao novo cenário, considerando novas variáveis para a base com foco no custo-benefício. Isso faz com que parcerias estratégicas sejam firmadas, aumentando o potencial produtivo da indústria do cimento e minimizando os riscos ambientais, sociais e de governança.

Como você pôde ver, o ESG não deve ser um conceito restrito aos níveis gerenciais. Todos os envolvidos precisam estar cientes das ações e práticas determinadas. Para que tenha sucesso, ele precisa ser encarado como parte da cultura corporativa, seja bem disseminado e encarado enquanto um princípio para todo e qualquer planejamento, inclusive para a área de suprimentos e de manutenção.

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