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O setor têxtil teve grande importância nas Revoluções Industriais. Na primeira, foi a propulsora da mecanização e redução de processos. Nas duas que se seguiram, esteve na vanguarda das transformações. Entretanto, a indústria têxtil 4.0 ainda parece caminhar a passos lentos, ao menos no Brasil. Na verdade, poucos países podem dizer que a 4ª Revolução Industrial chegou às confecções.
As particularidades do setor podem servir como justificativa para a demora na implementação das tecnologias. Um bom exemplo é o processo de relaxamento da malha, que ainda é feito, majoritariamente, de forma manual e demanda um bom tempo para sua conclusão. O fato é que a indústria têxtil, por conta dessa resistência, deixa passar muitos benefícios que poderiam ser obtidos com a mecanização das atividades. Um dos mais importantes, sem dúvidas, é a redução do desperdício de material.
Neste artigo, você entenderá mais sobre a Indústria 4.0, quais seus pilares e, principalmente, quais as novidades para o setor têxtil. Continue a leitura e saiba mais.
Indústria 4.0: uma realidade muito mais conectada
A 3ª Revolução Industrial trouxe mudanças importantes para o setor têxtil. Foi nela que a tecnologia começou a ser inserida nos processos de produção e possibilitou o planejamento informatizado das provisões, máquinas de corte a laser e bordados. Até mesmo os tecidos mais delicados passaram a ser tratados pelas inovações.
Você pode estar se perguntando qual, então, a diferença entre a Revolução Tecnológica e a 4ª Revolução Industrial, também chamada de Indústria 4.0. A separação entre esses dois marcos históricos se dá a partir do momento em que as máquinas adquirem outras funções: no lugar de apenas replicar um comando, os equipamentos podem se comunicar entre si, gerando demandas automaticamente e, claro, dados que embasam a tomada de decisões. São eles a grande base da indústria têxtil 4.0.
As tecnologias inseridas nos processos e no chão de fábrica são aprimoradas e essa nova realidade se sustenta sobre alguns pilares.
- Robótica: embora não seja novidade para o setor têxtil, já que foram introduzidos nas linhas de produção ainda na 3ª Revolução Industrial, os robôs agora têm mais autonomia, trabalham sem intervenção humana e coordenam processos logísticos e produtivos;
- Big data: sistemas que verificam, sem intervenção humana, a ocorrência de falhas nos processos e que aperfeiçoam a produção, o que proporciona que os recursos disponíveis sejam melhor aproveitados;
- IoT: a “Internet das Coisas” (Internet of Things), possibilita a conectividade e comunicação entre os equipamentos e sensores, permitindo a coleta de dados em tempo real e de maneira automatizada;
- Computação em nuvem: todas as informações geradas podem ser acessadas a qualquer momento, de qualquer local;
- Realidade aumentada: utilizada em vários setores da indústria, integra o ambiente virtual ao real.
Entretanto, a aplicação dessas tecnologias enfrenta alguns desafios nas confecções brasileiras. Um dos maiores, segundo representantes do segmento durante o 33º IAF World Fashion Convention, é a participação humana neste processo.
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Os principais desafios para a implementação da indústria têxtil 4.0
O grande desafio, não só do setor têxtil, mas de todos os segmentos da indústria, é a adequação da empresa à Indústria 4.0. Não falamos dos investimentos financeiros que a transformação demanda, mas, sim, do mindset do negócio frente às novas tecnologias. Os processos e propósitos da organização precisam se adaptar a um mundo mais dinâmico, um mercado mais competitivo e à agilidade imposta por essas mudanças.
Embora exista urgência em migrar para esse novo modelo de produção, muita coisa deve ser analisada internamente para determinar o que, de fato, exige investimentos. Todo o ciclo produtivo, desde o relacionamento com fornecedores e cliente, deve ser mapeado para a implementação eficaz das tecnologias no dia a dia da confecção.
Tecnologia na prática: conheça as novidades para o setor têxtil
Em 2016, a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e Confecção (ABIT) publicou um estudo intitulado “A Quarta Revolução Industrial do Setor Têxtil e de Confecção ― a Visão de Futuro para 2030”, em que mostra quais as principais tecnologias para o segmento.
Minifábricas
As versões compactas e moduladas das fábricas são o resultado de uma iniciativa que uniu diversas empresas, desde as de robótica até as de sistemas de produção de malharia. Nelas, a manufatura é customizada pelo cliente e as tarefas de processamento de pedidos, design, modelagem, tingimento, etiquetagem, corte e demais atividades são feitos pela própria máquina.
Permitir a criação personalizada, alinhada à manufatura ativada pela compra (onde a produção da roupa só se inicia após o pagamento do cliente), possibilita controlar os estoques, tanto de insumos quanto de peças prontas. Isso acontece porque será necessário apenas um rolo de tecido branco, corantes e materiais auxiliares.
Nanotecnologia
As roupas que reagem aos estímulos luminosos ou de temperatura já são realidade. O avanço da nanotecnologia permitiu que determinados dispositivos fosse miniaturizados. Assim, podem ser envolvidos no processo de produção dos tecidos, tornando-se intrínsecos ao pano. Desta forma, é possível fazer com que esses circuitos atuem na interface entre computadores, sensores de pressão e tags de identificação por rádio frequência.
Embora muito já tenha sido alcançado, quando o assunto é tecido inteligente, alguns percalços ainda impedem seu pleno desenvolvimento. Conseguir associar funções eletrônicas a estruturas porosas e altamente deformáveis, além de assegurar o funcionamento ao longo do tempo, são os principais.
Impressão 3D
Esta tecnologia, já popularizada pelas impressoras de pequeno porte, é mais uma das novidades da indústria têxtil 4.0. Uma das iniciativas que mais chamaram atenção foi a produção de biquínis de náilon 100% computadorizados. A impressora 3D consegue fazer com que peças circulares do tecido sejam unidas por finas cordas sem costura, dando origem ao produto pronto para uso.
Para o diretor de engenharia do Google, Ray Kuzweil, o verdadeiro salto da impressão 3D ocorrerá quando esta se aliar diretamente à nanotecnologia o que, segundo ele, acontecerá por volta de 2030. Em um futuro mais próximo, ele acredita que, em 10 anos, o público estará imprimindo as próprias roupas.
Evidentemente, essas são apenas algumas, porém, as mais importantes, tecnologias que irão dar início à manufatura avançada. Outras novidades, como o túnel de infusão ativo ― onde apenas partes projetadas recebem tingimento, etiquetagem e estampas ― também fazem parte da indústria têxtil 4.0 e trazem mais previsibilidade, economia e controle para o setor.
Continue acompanhando o Portal Inovação Industrial para mais novidades do segmento!
Muito interessante este informe da Indústria 4.0. Uma realidade que necessariamente precisa ser implantada urgentemente no Brasil, pra poder competir com os Asiáticos e países de primeiro mundo pra não ficarmos pra traz.
Sds
MIGUEL.
Olá Miguel,
com certeza! Por isso buscamos abordar esses assuntos para que cada vez mais a informação se dissemine aqui e possamos evoluir!
Obrigado pelo seu interesse!