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Quando falamos em logística no agronegócio, é comum que o assunto seja relacionado, diretamente, ao transporte da produção. Entretanto, vai muito além e precisa ser levada em conta, inclusive, nos processos internos da propriedade. Gerir os estoques, avaliar os fornecedores constantemente e investir na digitalização da cadeia de suprimentos são alguns exemplos de melhorias que podem levar à logística mais eficiente e, claro, rentável.
A importância de procurar saídas para os problemas logísticos do agronegócio se deve, em grande parte, à redução de custos que isso gera. Por ser um setor que não tem autonomia para precificar o produto final, a lucratividade está bastante atrelada à economia conseguida durante a safra.
Talvez, o primeiro grande desafio da gestão da logística no agronegócio brasileiro seja ser encarada como um diferencial competitivo, que está presente em todas as etapas da produção. Porém, outros entraves, também, se impõem àqueles que já têm essa ciência e tentam, então, aprimorar esse trabalho.
Neste artigo, elencamos as 4 principais dificuldades encontradas quando o assunto é logística no agronegócio. A seguir, você lerá quais são e, também, algumas possíveis soluções para driblá-las. Acompanhe.
Os 3 principais desafios da gestão da logística no agronegócio
Assim como o planejamento de ações de manutenção na entressafra, o aperfeiçoamento da gestão da logística no agronegócio, também, tem a missão de fazer com que se produza mais, com menos gastos e desperdícios. Por esse motivo, deve ser encarada sob uma perspectiva estratégica. Para isso, o primeiro passo é garantir que 3 pontos estejam trabalhando em sincronia: cadeia de suprimentos, suporte à produção e distribuição. De todo modo, para se alcançar os melhores resultados, outras questões, também, exigem atenção, como é o caso dos fornecedores.
Veja, agora, os desafios da logística no agronegócio nacional.
1. Cadeia de suprimentos
Um levantamento intitulado The Current and Future State of Digital Supply Chain Transformation (“O estado atual e futuro da transformação digital da cadeia de suprimentos”) mostrou que, em 2017, apenas 15% dos participantes diziam ter acesso às informações integradas da cadeia. A previsão do estudo é que, em 2022, esse número salte para 54%. Entretanto, a crise desencadeada pela pandemia de Covid-19 atingiu com força o setor agrícola, ainda bastante dependente do mercado externo. Então, buscar novas alternativas de fornecimento passou a ser obrigatório para que a produção se mantivesse e, certamente, fará com que essa projeção seja superada.
Por outro lado, não dá para dizer que a crise de 2020 trouxe luz a um problema desconhecido do produtor. Ainda em 2018, o Instituto de Estados para o Desenvolvimento Industrial alertava, em um documento chamado “Indústria e o Futuro do Brasil”, para os riscos que a cadeia de suprimentos brasileira corria ao manter tanta dependência do mercado exterior.
A solução: digitalização da cadeia
Hoje, já é possível contornar esse problema com a digitalização da cadeia de suprimentos. Dessa forma, produtores, fornecedores, clientes e todos os outros stakeholders, mantêm uma comunicação aberta e dinâmica. Assim, a troca de informações permite um planejamento de compras muito mais eficiente e apoia a tomada de decisões. Com a obtenção de dados em tempo real, fica muito mais fácil encontrar problemas na gestão, perceber desperdícios e falhas, sendo possível corrigi-las assim que detectadas.
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2. Opções de fornecimento
Justamente por conta dessa fragilidade na cadeia de suprimentos, manter um bom relacionamento com os fornecedores é vital para o agronegócio. Entretanto, muitas vezes, isso pode levar à dependência. Consequentemente, o ritmo produtivo passa a ser subordinado a um único fornecedor, o que é bastante perigoso, visto que quaisquer dificuldades enfrentadas por ele podem parar o trabalho na propriedade.
Dedicar-se a angariar novos vendedores de insumos e estabelecer uma relação com eles pode ajudar a melhorar o fluxo de compras e, assim, otimizar os investimentos. Ainda, é preciso acompanhar o desempenho deles após o contrato. Talvez, ele fosse uma referência no mercado quando você o procurou, mas a excelência precisa ser mantida ao longo do tempo.
A solução: avaliação recorrente dos parceiros
Mesmo que esse seja um grande desafio para a logística no agronegócio, nunca houve tanto amparo na busca por novos fornecedores e, também, para a avaliação deles. Diversos softwares já estão disponíveis para que as informações referentes aos parceiros sejam facilmente encontradas e, inclusive, apresentadas em relatórios de desempenho. Dessa forma, tem-se todo o histórico de negociações, o que possibilita uma tomada de decisão muito mais acertada que aquela pautada, apenas, no bom relacionamento.
Leia também: Avaliação de fornecedores: por que fazer recorrentemente?
3. Processos internos
Como mencionamos no início, a logística no agronegócio não deve ser encarada apenas na hora de determinar a distribuição da produção. Uma série de processos que acontecem na propriedade precisam ser considerados e otimizados na busca pela eficiência. Nesse setor, os processos internos são bastante diferentes de outros segmentos, onde tudo se concentra em um parque industrial. O agro acontece em grandes extensões de terra, o que dificulta o acesso a insumos ou das equipes de manutenção aos equipamentos, em casos onde há necessidade de reparos.
Locais para estoque e armazenagem devem, então, ser pensados de maneira estratégica, assim como a distribuição de ferramentas e das equipes de trabalho. Sendo assim, os processos internos, também, devem ser encarados como facilitadores logísticos.
A solução: adoção de metodologias de trabalho
A gestão de pessoas é outro grande desafio do agronegócio. Isso acontece porque a profissionalização do setor, com a instituição de processos claros, ainda é bastante recente para muitos produtores, especialmente, entre os de pequeno e médio porte. Um exemplo de metodologia que tem forte impacto na facilitação logística é o lean manufacturing, a “manufatura enxuta”. Nela, eliminar os desperdícios é o principal objetivo, e, para isso, mapeia tudo o que engloba a produção.
Para o lean manufacturing, são considerados desperdícios:
- processamento impróprio;
- produção excessiva;
- movimentação;
- transporte;
- estoque;
- defeitos;
- espera.
Para conhecer os detalhes dessa metodologia, leia o artigo: Chão de fábrica: como aumentar a produtividade de pessoas e máquinas?
Outro problema inegável da logística no agronegócio é o transporte dos produtos. Embora sejamos um país com 44 mil quilômetros, dos quais 29 mil poderiam servir à distribuição da produção agrícola, esse potencial é subaproveitado. Isso faz com que o Brasil ainda dependa, quase que exclusivamente, do modal rodoviário. Esse é um problema que, infelizmente, não tem saída imediata, embora uma série de iniciativas, como o Programa de Parceria de Investimentos, já existam para viabilizar uma solução para esse entrave no crescimento do agro nacional.
Agora que você já sabe quais os desafios e as possíveis ações para o aprimoramento da logística no agronegócio, leia também a entrevista com José Vengrus, diretor de mecanização da Bom Futuro, um dos destaques do agro brasileiro.