Mesmo que exista uma enorme pressão pela redução de custos, a gestão de frotas jamais deve sacrificar a qualidade em prol do preço. E não é difícil de conseguir isso. Há inúmeras formas de manter o desempenho dos veículos sem extrapolar o orçamento. O “segredo”, como você pode imaginar, está em priorizar o custo-benefício. Nesse sentido, a área de compras tem papel fundamental, especialmente quando o assunto é lubrificação.
“Os lubrificantes representam 1% do custo total de aquisição. Ou seja, um valor irrisório quando comparamos ao alocado na compra de diesel e pneus, por exemplo. Entretanto, se o fluido não for adequado à aplicação, pode trazer prejuízos bem significativos, como a necessidade de retificar o motor”, comenta Rodrigo Shinzato, especialista técnico da PETRONAS.
Em contrapartida, uma compra acertada garante não apenas a integridade das peças e o fluxo de transportes, mas também evita muitos custos futuros, além de contribuir para o melhor desempenho dos veículos. E é para mostrar a importância do comprador técnico na economia da gestão de frotas que elaboramos este artigo. Para isso, convidamos dois especialistas da PETRONAS que trouxeram as informações mais relevantes sobre o assunto. Acompanhe.
De que modo a gestão de frotas pode reduzir custos sem abrir mão da performance?
Como você leu acima, o setor de suprimentos é peça central para que a gestão de frotas atinja esse objetivo. Logo, os setores de compras e manutenção precisam estar alinhados. Ressaltamos isso, uma vez que é bastante comum encontrar empresas em que eles atuam de lados opostos: enquanto um “briga” pelo menor preço, o outro privilegia insumos mais robustos e, na maioria das vezes, um pouco mais caros. Essa disputa nos leva ao primeiro ponto ressaltado pelos especialistas da PETRONAS.
1. Alinhar os setores
Para estar em consonância com a realidade da Indústria 4.0, a união dos diferentes departamentos deve ser fomentada. Agora, eles precisam se enxergar como partes interligadas por um propósito comum, não como células isoladas de uma mesma empresa. Assim, a gestão de frotas tem muito a ganhar.
Com a proximidade da área de compras à de manutenção, novos lubrificantes podem ser explorados, tendo em vista que todas as expectativas estão alinhadas. Também, os compradores tomam ciência da importância que esses produtos têm para os veículos. “Outro problema que ainda é bastante comum é ver profissionais de compras ignorando as especificações do fabricante da equipe e, muitas vezes, isso acontece por falta de conhecimento. Então, na tentativa de unificar o estoque e reduzir os custos, colocam em risco a vida útil dos ativos e, consequentemente, a saúde financeira da empresa”, explica Bruno Dahne.
2. Seguir as especificações do fabricante
Este é um cuidado de suma importância para quem quer reduzir custos sem sacrificar a performance. No manual do fabricante estarão descritas todas as especificações que os lubrificantes precisam ter para um bom desempenho do equipamento. A partir disso, os desenvolvedores passam a criar produtos que supram essas necessidades. Esse é um trabalho complexo, que exige investimento em tecnologia e em testes de qualidade, a fim de que a fórmula mais acurada seja apresentada ao mercado.
Não se pode ignorar, também, que existem diferenças significativas entre os modelos e as marcas e a gestão de frotas deve considerar essas singularidades. Os veículos submetidos ao regime severo exigem lubrificantes com características diferentes daqueles que atuam no transporte rodoviário, exposto a uma operação mais amena. Dessa forma, as aquisições devem ser estudadas caso a caso.
Em alguns deles, é possível a unificação, mas Rodrigo Shinzato explica que isso deve ser feito, sempre, com o respaldo técnico de um especialista. “Para quem lida com diferentes marcas, realmente, fica difícil lidar com toda a gama necessária. Até porque é sempre bom ter um estoque enxuto, tanto por conta do capital imobilizado que ele representa quanto pelas chances de contaminação, bem elevadas nesse segmento. Porém, quando for possível aplicar o mesmo fluido em diferentes ativos, é importante sempre escolher o mais robusto. Por exemplo, se um caminhão aceita um óleo mineral, mas outro recomenda o sintético, este deve ser o negociado.”
3. Observar o TCO
Sem dúvida alguma, o saving é uma das métricas mais importantes para o setor de compras. Mas, com a chegada da Indústria 4.0 e uma maior consciência sobre as vantagens a médio e longo prazo de aplicações em insumos mais robustos, outros indicadores vêm ganhando espaço. O Retorno Sobre Investimento (ROI) e o Custo Total de Propriedade são os de maior destaque.
O primeiro surgiu no marketing e tem a função de mostrar qual o lucro sobre cada R$ 1 gasto. Entretanto, por se mostrar bastante útil, diversos outros setores — inclusive o industrial — passaram a usá-lo. Já o segundo é uma análise para descobrir o valor real de uma aquisição, considerando aqueles que são inerentes a ela. Ambos são formas de perceber como uma compra, que, no ato, é mais cara, se converte em benefícios. No caso da lubrificação, a menor necessidade de intervenções corretivas e a redução no desgaste dos componentes — e, naturalmente, da compra de novas peças — são maneiras de converter as aplicações.
A gestão de frotas sempre teve um papel importante, mas, atualmente, ele vem se mostrando ainda mais relevante. Em um cenário onde a produtividade e a eficiência são sinônimos de competitividade, esse trabalho precisa ser encarado como uma parte vital de qualquer indústria.
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