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Há algum tempo, o profissional de compras tinha uma missão muito simples: encontrar os insumos com o menor preço e suprir as necessidades dos requisitantes internos. É claro que essa continua sendo uma das tarefas mais importantes no dia a dia dessa área. Mas a complexidade do cenário atual tem exigido novas habilidades de quem atua nela. Agora, o comprador técnico, além de dominar as particularidades das negociações com fornecedores, tem um papel central no que diz respeito ao equilíbrio de toda a produção.
Isso porque o setor de suprimentos nunca esteve tão ligado à competitividade da indústria. É a partir dele que são conquistadas parcerias importantes, negociados prazos e condições de pagamento vantajosas. Além de ser por onde passam todas as demandas necessárias para uma produção fiel ao planejado. Dessa forma, nada mais natural que o comprador técnico deva ter um conhecimento amplo, que alcance todas as etapas da cadeia produtiva.
Mas, na prática, como tudo isso se reflete no perfil do comprador técnico? É para responder a essa pergunta que trouxemos, neste artigo, três habilidades essenciais para o profissional de compras. Continue a leitura e saiba como acompanhar esse novo ritmo do mercado.
Por que o comprador técnico vem sendo mais exigido?
É impossível falar na posição estratégica que a área de compras assumiu sem mencionar a chegada da Indústria 4.0. Afinal, ela foi a propulsora de muitas mudanças, não só na parte fabril, mas, também, no âmbito gerencial. Com a inserção de máquinas mais modernas, softwares para controle da produção, robôs, big data e uma série de novas tecnologias, houve uma verdadeira (nova) revolução no setor industrial.
Porém, de nada adianta contar com tantas inovações se a área de compras não acompanha a velocidade empregada na produção. A boa notícia é que a Indústria 4.0 não se limitou ao chão de fábrica e levou, também para esse setor, várias ferramentas que auxiliam na automatização de tarefas e oferecem maior controle por parte dos gestores.
Isso se torna necessário visto o que se espera de um comprador técnico hoje. Abaixo, elencamos algumas das expectativas que esses profissionais precisam suprir.
- Melhor performance de insumos estratégicos: com os equipamentos ganhando cada vez mais tecnologia, o mesmo se espera dos insumos que serão utilizados. Isso, consequentemente, demanda mais pesquisa e alinhamento por parte do comprador técnico. Afinal, ele precisa ter conhecimento para poder pleitear os melhores produtos junto aos fornecedores.
- Agilidade e saving na compra de indiretos: nem toda compra está relacionada ao core business do negócio. Dessa forma, não faz sentido que elas demandem a mesma dedicação que as estratégicas. Cabe, então, ao comprador técnico buscar formas de agilizar essas aquisições, automatizando etapas que consomem tempo e atenção que deveriam estar focadas em questões mais relevantes.
- Estoques mais enxutos: em setores como o de papel e celulose, estoque é sinônimo de capital imobilizado. Além disso, manter os níveis acima do necessário aumenta as chances de erros de aplicação e de contaminação, no caso de lubrificantes. A área de compras tem um papel fundamental na adoção de uma filosofia lean, que é uma grande tendência para a indústria.
Com essas novas exigências, é preciso que os compradores técnicos tenham, também, novas habilidades. A seguir, você conhecerá algumas das principais.
Quais as habilidades que um comprador técnico precisa ter?
O dia a dia do comprador técnico mudou. Sendo assim, nada mais natural que esse profissional precise desenvolver novas competências para poder acompanhar o ritmo do mercado. O perfil do profissional de compras 4.0, como também pode ser chamado, é bem claro quanto às necessidades da indústria que ele precisa atender.
Para deixar mais claro, listamos algumas características que são imprescindíveis para esse novo colaborador.
Visão holística de toda a cadeia ― interna e externa
Ninguém mais será contratado para exercer uma função determinada e repetitiva. O profissional 4.0 precisa entender todo o processo que engloba o seu trabalho e enxergar projetos, não tarefas. Por isso, é essencial que ele tenha intimidade com a estratégia do negócio e esteja em consonância com os objetivos gerais.
Porém, essa visão geral não se restringe ao parque fabril, então é necessário acompanhar o que acontece fora dele. A crise mundial provocada pela chegada da covid-19 é um ótimo exemplo, pois mostrou a fragilidade e a volatilidade da cadeia de suprimentos. Foi nesse momento em que houve uma verdadeira corrida pela digitalização de processos e busca por novos fornecedores. Contudo, aqueles que mantinham a base de parceiros atualizada e buscavam opções que driblavam o fornecimento internacional, sentiram menos impactos.
Alinhamento com os requisitantes
Antes, uma breve descrição do que deveria ser adquirido era o bastante para o profissional de compras. No mercado 4.0, é preciso muito mais conhecimento para gerar negócios vantajosos. Estar por dentro dos detalhes técnicos daquilo que se deve comprar ajuda, inclusive, a reconhecer maus fornecedores.
Para isso, o alinhamento entre os setores é fundamental. Com mais detalhes em mãos, é possível procurar por outros insumos que cumpram as demandas do maquinário, por vezes, com preços e condições de negociação melhores.
Pensamento analítico
Hoje, já não há espaço para achismos. Agora, as decisões precisam ser embasadas em dados concretos para garantir a assertividade. Os indicadores de desempenho são, portanto, essenciais para que um profissional de compras 4.0 possa amparar seu trabalho. Além disso, são fundamentais para que o setor possa comprovar o bom desempenho das negociações. Criar, acompanhar e analisar os chamados KPIs é uma tarefa que deve constar na rotina do responsável pelos suprimentos.
Leia também: Indicadores de desempenho na cadeia de suprimentos: veja quais são os principais.
Como você pôde perceber, o comprador técnico, agora, deve ser considerado um profissional altamente estratégico. Entretanto, é preciso que a indústria possibilite esse desenvolvimento, provendo ferramentas e as informações necessárias para que esse potencial seja alcançado. No artigo O papel da indústria no desenvolvimento do profissional 4.0, exploramos melhor as ações que os gestores podem implementar para auxiliar nessa virada de chave.
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