Em qualquer segmento da indústria, a pressão pela redução de custos é uma constante. E ninguém sabe disso melhor que a área de compras! Afinal, ela lida diretamente com aquisições e orçamentos que podem trazer muito saving, tanto a curto quanto a longo prazo. Dessa forma, é natural que muitos dos esforços acabem ficando a cargo dessa equipe. Entretanto, nem sempre optar pelo menor preço é sinônimo de bom negócio e saber avaliar o custo-benefício das aquisições é um requisito importante.
É claro que existem compras que precisam de agilidade, como aquelas com pouco (ou nenhum) valor agregado. Materiais de limpeza, de escritório e outros indiretos são alguns exemplos. Inclusive, já há muita tecnologia de compras na indústria para ajudar a área a deixar as tarefas operacionais de lado e focar as habilidades dos profissionais naquelas mais estratégicas. Ou seja, as que têm o custo-benefício como fiel da balança.
Mas, e como saber quando o preço solicitado pelo fornecedor vale mesmo o investimento? É na hora de responder a essa pergunta que muitos compradores acabam tendo dúvidas e, por fim, alocando os recursos em produtos com baixo custo-benefício. Para ajudá-lo a esclarecer essa questão, trouxemos algumas informações acerca desse grande desafio da área de compras.
Custo-benefício: o que considerar na hora de determiná-lo
Algumas das métricas trazidas pela Indústria 4.0 ajudam a perceber se o recurso adquirido trouxe algum retorno ― ou prejuízo. O Return on Investment (ROI) é um ótimo exemplo. Por meio de um cálculo simples, que você confere neste artigo, é possível determinar o retorno que certo investimento trouxe. Entretanto, isso só acontece quando a compra já foi feita, o insumo utilizado e os dados coletados. Como garantir, na negociação, que esse resultado será positivo?
Saber diferenciar custo de investimento é o primeiro passo. A definição desses dois conceitos talvez já seja clara para você. Um se refere ao dinheiro aplicado para o funcionamento da empresa, enquanto o outro, àquele que se usa hoje para ter algum retorno no futuro. Mas, para que a diferença prática entre eles fique clara, utilizaremos os gastos em manutenção como exemplo. O salário dos colaboradores, as ferramentas e os insumos, como lubrificantes, fazem parte disso. Dessa forma, devem ser encarados como custos.
Entretanto, os recursos alocados nessa área podem facilmente ser convertidos em investimentos. Uma aplicação financeira um pouco maior na compra de óleos de qualidade superior pode parecer impensável em um primeiro momento. Porém, deve-se observar o retorno desse desembolso. Caso o novo produto consiga estender a vida útil dos componentes e peças, diminuir as paradas para troca, aumentar a confiabilidade e a disponibilidade dos equipamentos, torna-se um investimento.
4 pontos de atenção na hora da compra
Muitos compradores ainda relutam em considerar novas opções de fornecimento que prometem um melhor custo-benefício. Isso pode acontecer por diversos motivos: relacionamento longo com determinado parceiro, pressões por redução de custos ou medo de se equivocar na aquisição são alguns exemplos. Porém, vencer esses desafios pode ajudar a área de suprimentos a assumir uma posição estratégica na indústria, onde a qualidade técnica e o saving têm papel central.
E, atualmente, já há muita tecnologia direcionada a apoiar as decisões dos gestores. Agora, avaliar e determinar o custo-benefício de uma negociação já não se baseia em “achismos” ou apostas. Abaixo, você encontra algumas dicas que poderão ajudá-lo na hora de tratar com fornecedores.
1. Faça a avaliação dos parceiros constantemente
A avaliação dos fornecedores não deve ser encarada como uma tarefa pontual. Isso porque o cenário da cadeia de suprimentos muda constantemente, então, o acompanhamento das parcerias precisa ser feito de forma constante. Esse ponto é importante porque o momento da análise pode ajudar a dar feedbacks assertivos. Alinhar as expectativas faz com que bons fornecedores trabalhem para se adequar a elas, levando a negociações mais vantajosas.
2. Analise os históricos
Se você já comprou do fornecedor, tem um bom ponto de partida. Levante as informações do histórico junto à sua empresa e veja se tudo o que foi combinado em aquisições anteriores foi cumprido. Aqui, é um ótimo momento para encontrar o valor do ROI dos produtos fornecidos.
Caso esteja selecionando um novo fornecedor, essa ação é ainda mais importante. E, hoje em dia, é fácil coletar essas informações. Você pode procurar pelas empresas que ele atende e conversar com os responsáveis pelas compras em busca de detalhes. As redes sociais também são um bom local para ver como anda a reputação do parceiro em potencial.
3. Entenda a cadeia que envolve o produto
É claro que não são todas as compras que exigem esse conhecimento. Papel sulfite, por exemplo, não tem uma cadeia de valor atrelado a ele. Mas isso ocorre em insumos como os lubrificantes. Essa é uma aquisição que tem um grande impacto na produção, então, demanda atenção e cuidados por parte dos profissionais. Aqui, sim, há uma ótima oportunidade de alcançar um bom custo-benefício, uma vez que uma série de outros gastos pode ser evitada com a escolha certa.
Porém, deve-se analisar, também, tudo que antecede a chegada do produto na empresa. Ainda no caso dos lubrificantes, muitos fatores externos podem influenciar no preço, então, é bom conhecê-los para buscar formas de driblá-los.
4. Priorize fornecedores que façam estudo de TCO
Para a aquisição de insumos estratégicos, essa é uma dica essencial. O TCO pode ser novidade para muitos da indústria, afinal, é um conceito “emprestado” da área de TI. Ele significa Total Cost of Ownership e diz respeito ao custo total do produto. Aqui, defende-se a ideia de que, basicamente, nem sempre pagar mais no momento da compra é um mau negócio, uma vez que o custo total pode ser reduzido por meio de outras ações.
Dê preferência a quem oferece um plano de TCO claro e objetivo. Diferenciais como assistência técnica e treinamentos são fatores que levam à compensação de preço.
Atualmente, observar essas questões é uma das funções mais importantes do profissional de compras da indústria. Afinal, essa área assumiu um lugar de destaque, estrategicamente falando. Agora, não basta receber pedidos e dar sequência à aquisição. Deve-se, antes de mais nada, explorar novas possibilidades de otimização dos recursos e, claro, de gerar saving.
Agora que você já sabe como reconhecer e o que fazer para ter compras com excelente custo-benefício, leia mais sobre esse assunto no artigo Gestão estratégica de custos: o que é e como fazer na indústria?. Aproveite e inscreva-se no canal exclusivo do Portal Inovação Industrial no Telegram para receber as nossas dicas e insights em primeira mão!