O Brasil é um país reconhecidamente agrícola. Entretanto, a instabilidade econômica e um cenário mundial desfavorável ao crescimento de vários setores colocou em xeque a competitividade do agronegócio brasileiro. O fato é que, mesmo com crescimento inferior (em 2018, o setor movimentou 578,2 bilhões de reais, 2,3% menos que no ano anterior), o mercado nacional ainda é responsável por colocar o país como terceiro maior exportador de alimentos do mundo.
Muitos produtores, diante desse panorama, se perguntam como manter a competitividade em alta. Para que isso aconteça, é preciso investir em ações que otimizem a produção e aumentem a lucratividade, enquanto os custos de produção ficam sob controle. Uma das maneiras de se manter vivo no mercado é, sem dúvida, garantir a disponibilidade do maquinário. Para se ter uma ideia, a ociosidade dos equipamentos pode gerar um prejuízo de R$4.741.200.00, o que equivale a 54,56% de todos os custos indiretos envolvidos no período de safra.
E, para que os ativos estejam sempre à disposição do produtor, a manutenção deve ser prioridade! Negligenciar essa tarefa traz sérios riscos para o agronegócio, impactando não apenas nos meses de colheita, mas no desempenho do setor também a longo prazo.
A competitividade do agronegócio na Indústria 4.0
Atualmente, a indústria mundial passa pela sua quarta revolução. A Indústria 4.0, assim como as anteriores, é caracterizada por mudanças rápidas e revolucionárias na maneira de produzir. Na primeira, vimos a chegada das máquinas no processo de manufatura; mais recentemente, a terceira trouxe a tecnologia da informação. Agora, é a vez da automação de processos, utilização de inteligência artificial e big data.
E se engana quem pensa que essas tecnologias estão restritas aos processos de gestão ou setores da indústria que contam com linhas de produção. A agricultura 4.0 já é uma realidade e tem um impacto considerável na competitividade do setor. A Internet das Coisas (IoT) é um bom exemplo da aplicação da conectividade na lavoura. Por meio de sensores, é possível saber a umidade do solo e sua temperatura, o que possibilita medidas de irrigação mais eficientes.
Tanta automação tem como meta o aumento da produtividade, a minimização dos impactos no meio ambiente e a redução de custos de produção ― uma vez que dados concretos conduzem a tomada de decisão, é possível criar estratégias de redução com base nessas informações.
Um dos reflexos mais visíveis da introdução da tecnologia no campo é a otimização da produção por hectare. O plantio fora de época, a chamada “safrinha”, já era uma forma de fazer a lavoura gerar lucro fora dos meses de colheita. A introdução de novas ferramentas auxilia o produtor a otimizar os resultados desse plantio pós-safra, dando diretrizes e informações que ajudam a manter a lavoura lucrativa durante todo o ano. E, quanto mais eficiente for a produção, maior a competitividade.
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Manutenção eficiente: a chave para manter a competitividade
Você já percebeu que o cenário do agronegócio mundial está mudando rapidamente, assim como as formas de trabalhar na lavoura. Também já entendeu que a disponibilidade dos equipamentos é fundamental para manter a competitividade ― ainda mais hoje, com a produção se estendendo além dos períodos pré-determinados.
Agora, é hora de ir um pouco mais a fundo e entender como a correta manutenção dos ativos do agronegócio pode ser o ponto-chave para a competitividade do setor.
Disponibilidade dos ativos
Como visto no início deste artigo, ociosidade das máquinas custa caro. Mas, além da perda de produtividade, a quebra de um ativo traz muitos outros custos ocultos. Um deles é em relação à mão de obra. Em uma parada não programada, o operador também fica de braços cruzados. Ao contrário da equipe de manutenção, que precisa ser deslocada para a manutenção corretiva.
Ao instituir um calendário de manutenção preventiva e preditiva, baseado no nível de criticidade das máquinas, toda a cadeia produtiva sai ganhando. Por exemplo: o setor de suprimentos sabe quais insumos que devem estar disponíveis no estoque, o de recursos humanos consegue remanejar a parada do operador e a produção não é interrompida abruptamente.
Aumento da vida útil dos equipamentos
Quando falamos em equipamentos para o agronegócio, estamos nos referindo a investimentos de alto custo. Portanto, é preciso fazer com que a vida útil dele seja longa, de modo a não precisar substituí-lo tão cedo.
A manutenção, claro, é a principal forma de manter os componentes do ativo funcionando da maneira correta, de modo a não sobrecarregar sistemas e ocasionar uma quebra. Realizar os cuidados preditivos e preventivos, pode, inclusive, alterar o cálculo de depreciação das máquinas agrícolas.
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Previsibilidade dos custos de operação
Ao se instituir um plano de manutenção dos equipamentos, é possível planejar melhor o orçamento e reduzir custos. Quando se tem estipulado quando e qual máquina será parada para a manutenção, permite-se uma melhor negociação com fornecedores e compras de insumos melhor aproveitadas.
A manutenção corretiva, por sua vez, é sempre uma surpresa para os cofres da indústria. Como a quebra é ocasionada por um efeito cascata, onde diversos componentes são afetados, os custos para realizá-la são muito maiores.
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É importante ressaltar também que a manutenção é imprescindível para a segurança de quem trabalha diretamente com o maquinário agrícola. A falta de perícia dos operadores, somada à negligência nos cuidados com os ativos, fazem do Brasil o líder no ranking mundial de acidentes envolvendo tratores, por exemplo.
Um plano de manutenção eficiente é o responsável por garantir a competitividade no agronegócio e permitir que os produtores explorem mais e melhor, tanto seus equipamentos quanto os hectares disponíveis.
Agora que você já sabe por que a manutenção eficiente é fundamental para a competitividade no agronegócio, leia mais sobre os cuidados necessários com um dos equipamentos mais importantes do setor: Trator: principais cuidados com freios e direção. Boa leitura!