Manutenção Industrial

Manutenção em colhedoras de canas: como fazer da forma correta?

As colhedoras de canas são o ponto central de toda a indústria sucroalcooleira. Não poder contar com a disponibilidade desses ativos, durante a safra, gera custos incalculáveis para o produtor e tem uma consequência grave: a perda de competitividade. Com as constantes mudanças no cenário econômico e a chegada da agricultura de precisão, não há espaço para paradas não programadas.

Até porque a ociosidade das máquinas pode ser um duro golpe nos cofres do produtor. Um estudo intitulado “Custos ocultos no setor de agronegócio: análise de um caso no subsetor” apontou que a uma máquina indisponível equivale a R$ 4.741.200.00 dos R$ 8.688.309,98 gastos em custos indiretos, previstos para os meses de colheita. A única maneira de contornar esse problema, claro, é tendo as manutenções preventivas como foco. 

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Os investimentos em manutenção que fazem a diferença

Produtores com grandes frotas têm a vantagem de poder ter um “estoque” de máquinas. Dessa forma, sempre há uma substituta no caso da parada de alguma das colhedoras de cana. Entretanto, essa não é a realidade de todos, sendo que para a maioria é preciso conciliar as operações com os reparos e cuidados que mantêm a lavoura produzindo.

Este artigo irá auxiliar você a programar melhor as revisões de colhedora de cana e entender quais os pontos fundamentais para um bom trabalho de manutenção. Acompanhe e tire suas dúvidas.

Colhedora de cana: como realizar a manutenção adequada

A colhedora de cana é um equipamento altamente exigido, realizando trabalhos extremos em condições desfavoráveis. A presença de poeira, o corte da cultura e a utilização intensa fazem desse ativo o responsável por grande parte do orçamento destinado à manutenção do setor e a abrasão é uma das maiores causas de desgaste das peças. Mesmo parecendo substancial, esse investimento é bem menor se comparado aos consertos em caso de colapso.

Há vários estudos sobre os tipos de manutenção mais adequados para esses ativos e, logo abaixo, iremos apresentar 3 dos métodos mais utilizados. Antes, vale ressaltar que tão importante quanto buscar uma metodologia, é reconhecer as particularidades do seu negócio. Considerar a estrutura disponível para a realização dessas atividades é fundamental para que qualquer plano de conservação seja eficaz. 

Acompanhe e saiba como realizar a correta manutenção da colhedora de cana.

Sistema SRS

Esse é um conceito novo, aplicado ainda por poucas usinas. Entretanto, tem mostrado resultados surpreendentes na manutenção da disponibilidade dos ativos. O Smart Repair System tem um funcionamento que se assemelha ao pit stop da Fórmula 1.

Nele, ao entrar em manutenção, a colhedora tem suas peças trocadas, não reparadas. Assim, pode voltar quase que imediatamente ao campo. Os componentes retirados, por sua vez, são submetidos aos ajustes necessários e serão utilizados na próxima máquina que realizar a parada.

Um dos grandes diferenciais desse sistema, como você pode imaginar, é a rapidez com que a colhedora retorna ao trabalho. Para se ter uma ideia, no modelo convencional, onde o equipamento é desativado para reparos na entressafra, o tempo de ociosidade gira por volta de 40 dias. No modelo SRS, o tempo varia entre 5 e 10 dias, dependendo da complexidade da troca.

Por outro lado, um dos entraves para que esse modelo seja implementado em muitas usinas é a necessidade de um investimento inicial. A aquisição de máquinas sobressalentes e peças para reposição são exemplos. De todo modo, não é necessária a compra de 100% dos artefatos, sendo que muitos podem ser reaproveitados de colhedoras antigas e voltarem ao funcionamento após os reparos.

Manutenção linear

Esse é o método que deu origem ao SRS e já é utilizado há algum tempo nas usinas brasileiras. Na manutenção linear, cerca de 10% da frota deve ficar em manutenção permanente, que costuma ocorrer a cada 30 dias. Após esse percentual ser liberado, novas máquinas entram nos boxes para reparos.

Esse modelo apresenta três vantagens bastante significativas:

  • dá mais poder de negociação ao setor de insumos, uma vez que no pós-safra os preços costumam aumentar por conta da procura. Dessa forma, a compra ocorre o ano todo, dando margem para busca de melhores preços e fornecedores.
  • evita o congestionamento de fim de safra, quando todos os ativos recebem os cuidados corretivos e preventivos necessários;
  • faz com que 100% das máquinas passem pela revisão anualmente.

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Manutenção para alta disponibilidade

Na MAD, a palavra-chave é planejamento. O sistema propõe que as usinas trabalhem em turnos que possibilitem a parada das máquinas por algumas horas por dia (4h costuma ser o tempo mais comum de ser dedicado a essa atividade). Assim, os equipamentos estão sempre prontos para o próximo operador.

Para que isso seja executável, é preciso ter um plano de Manutenção Centrada em Confiabilidade e nas recomendações do fabricante, equipes de socorro no campo, análise de óleo, disponibilidade de estoque e inspeções rotineiras.

O principal ponto de atenção na manutenção da colhedora de cana

Independentemente da metodologia escolhida, é preciso que a manutenção de uma colhedora de cana dê atenção aos pontos-chave desse ativo. Dentre eles, podemos destacar o sistema hidráulico, que corresponde a 20% dos gastos com conservação desses ativos.

Para isso, a principal recomendação é que seja feito o acompanhamento do óleo por meio de análises periódicas. A contaminação do fluido pode ser a causa raiz de muitos problemas apresentados pelas colhedoras. Sem análise, a simples troca do fluido não consegue evitar muitas das falhas que a sujeira do lubrificante pode acarretar ― o entupimento de cilindros e mangueiras, por exemplo.

A escolha do lubrificante certo, como forma de prevenir paradas não programadas, é o primeiro passo para garantir também o aumento da vida útil do maquinário. Dessa forma, ainda se consegue otimizar os recursos, uma vez que o intervalo para troca aumenta significativamente.

Um bom exemplo vem de um dos grandes players do mercado sucroalcooleiro. Com a ajuda da equipe especializada da PETRONAS, foi realizada a análise do óleo e determinado que a melhor opção para o maquinário do cliente era o PETRONAS Urania K. O intervalo de troca do lubrificante, que acontecia a cada 300 horas de trabalho, passou a ser realizada a cada 600 horas.

O óleo, 100% sintético, conta com uma tecnologia exclusiva, a ViscGuard™ que vai contra uma das principais premissas dos óleos comuns: a perda da viscosidade com o uso. É normal que isso aconteça, deixando o fluido mais líquido. O Urania K mantém a faixa de viscosidade por mais tempo, o que justifica o maior intervalo de troca. O lubrificante também está de acordo com as exigências das OEMs e tem a homologação dos mais rigorosos institutos de controle de qualidade.

A manutenção das colhedoras de cana é imprescindível para o setor sucroalcooleiro. Entretanto, todos os outros ativos devem receber atenção constante para evitar as paradas não programadas e a interrupção da produção. Confira o material Gestão da Manutenção Industrial e aprenda a encontrar gargalos e gerar oportunidades por meio dessas ações.

Gestão da Manutenção Industrial

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2 Comentários

  1. Sou Técnico mecânico com carteira A/D. MOro em BH-MG. Onde faço cursos em manutençoes operaçoes dessas máquinas?

    1. Olá Mascio,

      nós não oferecemos cursos, todo nosso conteúdo é disponibilizado de forma gratuita no blog.

      Obrigado pelo interesse.

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