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Descarte de óleo lubrificante: como fazer da maneira correta?

Vários setores da indústria têm dúvidas sobre como fazer de maneira adequada o descarte de óleo lubrificante. Afinal, além de ter um bom plano de lubrificação, é fundamental se planejar para descartar os produtos corretamente. 

Levando a relevância do tema em consideração, preparamos este conteúdo. Durante a leitura, você entenderá quais são os maiores perigos oferecidos pelo descarte irregular e o que deve ser feito para que o procedimento ocorra da forma correta. 

Com o objetivo de abordar o tema com a profundidade que ele exige, conversamos com Marcelo da Costa Loures, que é executivo de lubrificantes industriais na PETRONAS — empresa responsável pela fabricação e comercialização de uma linha completa de lubrificantes ao redor do mundo. Aproveite as informações!

Quais são os maiores perigos do descarte de óleo lubrificante irregular?

De acordo com o especialista, o descarte irregular gera vários perigos ao meio ambiente, como a poluição dos rios e solo, e esses são alguns exemplos dos principais riscos. “Muitas empresas não autorizadas, sem a devida conscientização, destinam óleos usados para compradores que aplicam esses produtos para fazer uma queima em caldeiras. Isso polui bastante o ar”, explica.

Para se ter ideia, a concentração de poluentes abrange um raio de até dois quilômetros. A geração de fuligem também se dá em grandes quantidades — essas partículas serão precipitadas e podem grudar na pele e/ou causar sérios problemas aos sistemas respiratórios das pessoas.

Marcelo chama a atenção para o óleo vegetal, cuja utilização é doméstica. “Às vezes, nos esquecemos de que precisamos pensar em ações de descarte dentro de nossas próprias casas, porque o óleo vegetal também oferece riscos ao meio ambiente. Apesar de ser um produto caseiro, ele deve ser descartado de forma específica”.

A reciclagem, por sua vez, está associada a diversas vantagens econômicas, como a redução de custos e a mitigação de riscos. Como é derivado do petróleo, o óleo é originalmente tóxico, mas os aditivos aplicados para otimizar o desempenho que eles alcançam em maquinários específicos podem potencializar tais efeitos contaminantes — seja na natureza, seja no organismo humano. 

O chumbo, por exemplo, é um elemento cancerígeno para os rins e para o sistema linfático. Ele ainda promove intoxicações agudas e crônicas. O cádmio pode causar danos irreversíveis para os pulmões e para a traqueia, além de levar à perda de peso e à debilitação dos ossos. 

Pela presença desses e de outros componentes, quando vaza ou é jogado no solo sem nenhum critério, o óleo lubrificante pode inutilizar uma área tanto para a agricultura quanto para a construção de edificações. A vegetação é prejudicada e a substância pode atingir o lençol freático, dando origem à contaminação de milhões de litros de água. Quando é jogado no esgoto, ele compromete o tratamento de água e pode até interromper o funcionamento desse serviço. 

Quais são as principais legislações ligadas ao descarte de óleo na indústria?

Segundo Marcelo, a principal legislação que versa o descarte de óleo na indústria é a Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), feita pelo Ministério do Meio Ambiente. Na resolução CONAMA nº 362/2005, por exemplo, consta que os estabelecimentos responsáveis pela comercialização devem contar com pelo menos um cartaz informativo por meio do qual seja possível saber mais a respeito dos cuidados exigidos pela utilização de óleos lubrificantes.

A legislação também estipula que o rerrefino deve ser o destino obrigatório para os óleos lubrificantes usados ou contaminados. Em poucas palavras, trata-se da extração do óleo básico usado no lubrificante — ele consiste em 80% do total, aproximadamente. Para os produtores, essa é uma prática muito interessante, porque evita o processo de extração a partir do petróleo, bem como sua consequente importação. A partir disso, os custos podem diminuir.

Como fazer o descarte de óleo lubrificante da maneira correta? 

“Na indústria, o lubrificante usado deve ser destinado a coletores credenciados e autorizados. Cabe a essas figuras a missão de destinar o produto ao rerrefino legalizado”, indica Marcelo. O especialista ainda destaca que existem formas de controle do lubrificante ao longo do período de uso.

“Aplicá-las é importante porque isso estende a vida útil do lubrificante. Como é possível utilizá-lo por mais tempo, os índices de descarte também são reduzidos”, relata. Dessa forma, o rerrefino, que equivale a inúmeros processos tecnológicos e industriais, é o método mais seguro, do ponto de vista ambiental, para a reciclagem do óleo lubrificante usado ou contaminado.

Todo óleo lubrificante, que se encontra nessas condições, precisa ser coletado e ter um destino final previamente estabelecido. A ideia é evitar que ele afete o meio ambiente de modo negativo e viabilizar a recuperação de alguns de seus componentes. Portanto, reciclagem e rerrefino trabalharão juntos para minimizar quaisquer impactos negativos que esse item, essencial para a manutenção de máquinas industriais, pode causar. 

Caso a destinação prevista seja inviável, será preciso comprovar tal inviabilidade perante o órgão ambiental competente. Qualquer outra utilização dependerá do licenciamento ambiental. Com isso, os procedimentos usados na reciclagem deverão se licenciados pelas autoridades responsáveis.

Vale lembrar que existem alguns óleos isentos da reciclagem, como:

  • os usados nas correntes de motosserras;
  • os voltados aos motores de dois tempos;
  • os de estampagem;
  • os industriais que fazem parte do produto final e não geram resíduos;
  • os destinados à pulverização agrícola;
  • os fabricados à base de asfalto;
  • entre outros.

O descarte, por sua vez, está veementemente proibido em:

  • solos;
  • subsolos;
  • mar territorial;
  • sistemas de esgoto ou evacuação de água;
  • águas interiores;
  • zona econômica exclusiva.

Como a PETRONAS colabora nesse sentido?

Atenta aos ideais da manufatura reversa e bastante pautada pelos princípios da sustentabilidade, a PETRONAS treina e conscientiza seus colaboradores, internamente, a destinarem o lubrificante da forma adequada e de acordo com a legislação vigente. 

“Nos preocupamos em enviar o óleo usado para locais adequados para posterior tratamento e reciclagem. Além disso, informamos aos nossos clientes sobre a resolução válida e explicamos os benefícios atrelados a essa prática”, relata Marcelo.

O descarta de óleo lubrificante é um tema de enorme importância por conta dos impactos que pode causar. Por isso, é necessário conduzir esse processo de forma correta.

Se você gostou do texto, aproveite para entender melhor o conceito de logística reversa!

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