Estratégias de Custos

Estoque e armazenagem no agronegócio: quais as diferenças e como gerir?

No agronegócio, o estoque dos insumos é tão importante quanto a armazenagem dos produtos finais. Especialmente em momentos de crise, saber administrar esses materiais é imprescindível para que a produtividade da lavoura se mantenha. Entretanto, gerenciar esses processos exige muita organização e controle por parte dos gestores que, muitas vezes, acabam contando com o feeling para determinar a compra, guarda e utilização dos produtos. Assim, questões importantes como métodos de estocagem, armazenagem e alinhamento entre os setores ficam de lado e, consequentemente, trazem situações inesperadas.

Atualmente, garantir o abastecimento ideal já é possível com a ajuda de softwares e outras ferramentas que chegaram ao campo graças à Indústria 4.0. Mesmo que a utilização de drones, sensores e satélites já não sejam novidades para grandes produtores, os investimentos em tecnologias também devem estar disponíveis para a gestão do negócio. A partir delas, é possível ter acesso a dados antes impossíveis de obter, além de servir de base para a tomada de decisões.

A pandemia do novo coronavírus em 2020 mostrou que esse gerenciamento já não deve ser exclusividade das grandes empresas. Na verdade, evidenciou a urgência da sua implementação para os médios e pequenos, que foram aqueles que mais sofreram impacto com a escassez de fornecimento de insumos, durante a quarentena. Ter esses recursos à disposição, sem dúvidas, fortalece a cadeia de suprimentos e não deixa o produtor à mercê de variações de mercado ou de preço dos fornecedores estrangeiros.

Como, então, garantir o fluxo harmônico entre estoque e armazenagem? Antes de mais nada, é preciso esclarecer que esses termos têm significados distintos no agronegócio, como você pode ler a seguir. 

Estoque e armazenagem: qual a diferença no agronegócio? 

Embora usados, muitas vezes, como sinônimos, estoque e armazenagem têm significados diferentes. O primeiro, refere-se aos insumos e matérias-primas guardados; o segundo, diz respeito ao produto acabado, pronto para a negociação com os clientes. Em um exemplo simples, as sementes que ainda serão plantadas ficam no estoque, enquanto os grãos colhidos ficam armazenados nos silos.

O estoque engloba todos os materiais que servem de base para que a atividade aconteça. Insumos como lubrificantes, peças, sementes; materiais de escritório, de limpeza e quaisquer outros produtos que sirvam de base para que as operações possam ocorrer. Desta forma, a função do estoque vai além do local depósito desses itens, mas também participa de todo o trabalho que acontece durante a safra. Assim, consegue fazer o acompanhamento correto do que será necessário nesses meses, garantindo que não haverá falta de insumos para a produção.

A armazenagem, por sua vez, engloba tudo aquilo que foi produzido e está pronto para ser escoado. O gerenciamento dessa atividade é tão importante quanto a manutenção do estoque, mas engloba preocupações diferentes. Dentre as principais, as questões sanitárias e de mercado. 

Uma solução encontrada por muitos produtores é a participação no programa de Formação de Estoques Públicos, onde armazéns públicos ou privados, sob responsabilidade da Conab, garantem um preço mínimo pelo produto, mesmo antes da produção.

Armazenagem privada: o que deve ser considerado ao escolher este modelo?

Entretanto, alguns produtores ainda optam por manter o que foi produzido dentro da propriedade. Ao escolher essa forma de armazenagem, muitos fatores devem ser considerados, entre eles:

  • métodos de armazenagem (sacas, granel ou espigas);
  • espaço físico para guarda dos produtos;
  • logística de escoamento;
  • validade dos produtos;
  • volume de produção;
  • regras sanitárias.

Sem dúvidas, esse formato exige mais investimentos do produtor. Por outro lado, também significa uma vantagem competitiva, pois o valor de venda é mais alto que o negociado via cooperativas. Dessa forma, é possível acompanhar a situação do mercado, aproveitando para vender fora dos períodos onde a alta demanda derruba os preços, ou em momentos onde o frete para o escoamento esteja mais barato. Negociar os produtos carga a carga, mantém tudo sob o controle de quem produz.

Guia de Negociação

Gerenciamento de estoque: como garantir o abastecimento e a qualidade dos insumos?

Ao contrário da armazenagem, não é possível utilizar de locais terceirizados para a guarda dos insumos. Estes devem ficar na propriedade e em local apropriado, longe do fluxo de máquinas, para evitar a contaminação de certos insumos por poeira, como é o caso dos tambores de lubrificantes.

Após a definição e preparo do local de estocagem, tudo que há nele precisa ser registrado: data de entrada, prazo de validade, quantidade e, inclusive, valores. Um dos métodos mais aceitos para a gestão de estoque é o conceito FIFO, do inglês first in, first out. Isso quer dizer que o que foi comprado primeiro deve ter prioridade na utilização. Por exemplo: na hora da aplicação do defensivo agrícola, deve-se optar por aquele que está há mais tempo armazenado e, consequentemente, com prazo de validade menor.

Entretanto, uma medida simples, mas muitas vezes negligenciada, pode garantir o abastecimento correto do estoque: o alinhamento entre os setores. Manter o diálogo aberto e a troca constante de dados entre as diferentes áreas do negócio ajuda o gestor a definir os momentos e quantidades certas para o abastecimento ao longo do ano. No caso da armazenagem, por exemplo, as flutuações de mercado podem fazer com que os produtos permaneçam nos silos por mais tempo, o que influencia diretamente no orçamento disponível para a aquisição de novos produtos.

Infográfico Boas práticas da otimização de cotação de preços

Os sistemas de gestão de estoque podem ser bastante úteis para agilizar o controle e gerar informações relevantes para o negócio. Além disso, minimiza a chance de erros ao manter o inventário sempre atualizado e aponta novas oportunidades de negócio, ao controlar os custos dos insumos para a produção.

Uma boa gestão se caracteriza pela exatidão do estoque, ou seja, nele não há excesso nem falta de insumos. Para isso, o produtor precisa se valer dos dados gerados durante o ano e, assim, conseguir prever as quantidades e insumos corretos para negociação.

Se você gostou deste conteúdo e entendeu por que estoque e armazenagem devem ser geridos com cautela, considerando suas particularidades, aproveite e baixe gratuitamente o material Agricultura de precisão: Indústria 4.0 no campo. Nele, você conhecerá mais tecnologias que vêm ajudando o agronegócio brasileiro a produzir mais e melhor.

Agricultura de Precisão

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